As duas temporadas sem virem a Florianópolis deram aos turistas argentinos a chance de fazerem uma poupança para quando o verão sem pandemia chegasse, e ele chegou.

Com as dificuldades econômicas na Argentina, eles economizam o quanto podem. Independentemente das eventuais dificuldades, “los hermanos” invadiram a Ilha, para a alegria deles e do trade turístico.
Cintia Varela trabalha num banco em Tucumán, na Argentina, e veio com o marido, o comerciante Marcos Valdivieso, e os filhos Bautista, de 13 anos, Santino, 12 anos e Benicio, 6 anos. Eles conheceram a praia dos Ingleses, ano ado, gostaram e voltaram.

Na Ilha, também foram ao Santinho, Brava, em Florianópolis, além do Mariscal em Bombinhas. “Gosto do mar, as crianças gostam muito. É tranquilo. Tem muita gente, mas tem onde comer, estamos confortáveis”, conta Cintia sobre a visita aos Ingleses.
Para não gastar muito, levaram bebidas e comida num cooler. A família chegou dia 7 e ficou até este domingo (22) na Capital.
O vendedor ambulante Jonas Padilha Tauffer, de 40 anos, sentiu a diferença no comportamento de consumo dos argentinos, que representam a maioria da clientela dele.

“Pão, fruta, presunto. Isso aqui virou um mercadão aberto, não está como antigamente: vinham, consumiam, gastavam. Hoje o brasileiro, em menor percentual, gasta uns R$ 50 em média e o argentino uns R$ 10″, comenta Jonas. Ele vende água, sucos e demais bebidas.
As amigas Cecília Wilkinson, 26 anos, Morena Terenghi, 22 anos, e Bianca D’Alessandro, 25 anos, chegaram na quinta-feira (19), vindo de Rosário, cidade portuária na Argentina. Elas vieram sem data para voltar para casa, pois pretendem curtir alguns dias de férias e depois trabalhar para ar a temporada no Brasil.

“Conhecemos Bombinhas e agora viemos para cá”, conta Cecília. “Amo o Brasil, é um país muito lindo”, diz Morena. “Gosto da água, das pessoas”, afirma Bianca. As amigas estavam na maior felicidade. Na hora da foto, Cecilia puxou a camiseta do News Old Boys e citou Messi, que também é de Rosário.
Beleza e tranquilidade recompensam alto custo a5n20
O comerciante Alexis Fischer, 50 anos, é de Entre Ríos, província do Nordeste da Argentina, e veio para Florianópolis com a mulher, Eugenia. Sexta-feira (20), estava com Andres Amaya, 47 anos, de Santa Fé. Eles se conheceram por aqui.
“Viemos aqui há sete, oito anos. Dessa vez, viemos sem reserva. Pensei que conseguiríamos rápido, não imaginei que estaria tão cheio. Mas conseguimos. Estamos nos Ingleses, viemos sempre para o mesmo lugar, porque é tranquilo o mar, é familiar, é lindo”, declara Fischer.

Sobre o consumo na praia, na opinião dele, os preços são sempre iguais, mas o Peso, moeda argentina, continua desvalorizado. “Cada vez custa mais aos argentinos vir ao Brasil”, avalia Fischer, que voltou ontem para Entre Ríos.
Andres Amaya estava com a mulher, duas filhas e um genro. Falando em equilibrar os gastos, trouxe grande parte do que consumiu à beira-mar. “Amo Florianópolis. Faz seis anos que venho, é um lugar belo por natureza, nos sentimos confortáveis. Viemos de 2012 a 2016, deixamos de vir na pandemia. Viemos ano ado e este ano”, conta.
Expectativa de segunda onda no Carnaval 323v3h
Para o secretário de Turismo, Cultura e Esporte, Ed Pereira, é muito importante que a cidade tenha turistas, sejam argentinos, europeus, brasileiros e catarinenses. Sobre os hermanos, Ed acredita que muitos investem em Santa Catarina.
“Não podemos misturar o argentino que está nos hotéis, nos nossos melhores restaurantes, daqueles que ainda vêm com trailers e ficam mais na praia”, comenta.

Na visão do prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD), os argentinos levaram o isolamento da pandemia a sério e estavam com saudades da Ilha. “Estão dois anos dentro de casa, sem viajar, sem sair. De uma forma ou de outra, economizaram e agora que a situação se regularizou, estão viajando bastante”.
Topázio conta que a invasão argentina não foi surpresa, porque sabia que os voos de lá para Florianópolis estavam lotados. “Mas a quantidade que está vindo pela estrada, surpreendeu”, afirma o prefeito. A expectativa dele é de que haja uma segunda onda no Carnaval.