O país nunca esteve tão conectado: segundo os resultados da PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios), 90% das casas brasileiras têm o à internet.
A pesquisa também revela que, entre 2019 e 2021, o número de pessoas com mais de 60 anos que am a rede foi o que mais aumentou, ando de 44,8% para 57,5% em apenas dois anos.
O aposentado José Pedro Canovas, 75, diz que “não sabe mais o que é entrar no carro sem ligar o Waze”, aplicativo de navegação por GPS que dá detalhes sobre as rotas, como a situação do trânsito.

Para tirar melhor proveito de seu dispositivo, Canovas se inscreveu na Oficina de Novas Tecnologias oferecida pelo NETI-UNAPI (Universidade Aberta para Pessoas Idosas), projeto de extensão da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) que promove atividades educativas, artísticas e multidisciplinares gratuitas voltadas a pessoas com mais de 50 anos.
Edmilson Klen, professor de Engenharia Mecânica e tutor do projeto, revela que essa iniciativa é novidade: “É a primeira oficina desse tipo que abrimos e a turma lotou, está sendo um sucesso.
Achamos que vai virar algo permanente aqui, inclusive estamos estudando a possibilidade de criar dois níveis, básico e avançado, para atender melhor nos próximos semestres.”
Nas aulas, os 15 alunos inscritos são ensinados a utilizar ferramentas como aplicativos do governo, redes sociais, bancos digitais, entre outros. Um dos primeiros temas do semestre foi explorar o WhatsApp e descobrir recursos como compartilhar a localização em tempo real e enviar vídeos utilizando o botão de áudio, atualização recente do aplicativo.
José Pedro Canovas conta que a turma aprendeu muito, mas ainda pediu mais uma aula de revisão, para fixar bem o conteúdo:
“O nosso problema é que a gente não nasceu com um ‘chip’, como vocês, mais jovens. Essas tecnologias novas apareceram quando já éramos adultos e agora, aprendemos mais devagar.”
Camila Tarachuk, estudante de Serviço Social na UFSC, é uma das alunas por trás da oficina.
As quatro bolsistas elaboram e-books com o conteúdo de cada aula, adaptados conforme a necessidade dos alunos e que podem ser ados no celular ou impressos. Camila conta que as pessoas chegam à oficina com diferentes dimensões de conhecimento.
“Alguns vieram só para aprender a usar o Canva [aplicativo de design gráfico], outros ainda não sabem o básico.
Então, eles se ajudam muito. Não é só o curso de tecnologia, há uma relação social muito grande, ou seja, cria um ambiente gostoso e eles têm realmente vontade de vir para cá,” afirma.
O professor de Engenharia Mecânica reforça que a interação social é um dos aspectos mais importantes do projeto.
“Você cria uma sensação de amizade, de complemento social. Esse é um ponto muito forte, porque aqui no NETI, muitas vezes, as pessoas vêm para as oficinas porque se sentem sozinhas.”
Para a aposentada Cleci Lazzaretti, 66, a maior motivação de se aventurar nas novas tecnologias é conquistar sua autonomia.
“Quando a gente pede um filho ou um sobrinho para ajudar, eles fazem muito rápido e não explicam como se mexe.
Queremos aprender a fazer sozinhos.” Na última aula, os alunos aprenderam, pela primeira vez, a criar reuniões virtuais através do aplicativo Google Meet: “Durante a pandemia, participamos de várias ligações, mas porque outras pessoas mandaram o link. Agora, a gente sabe criar reuniões quando quiser,” ela conta.
Camila explica que o maior desafio que os participantes enfrentam é o medo. “Primeiro, o medo de mexer no que não sabe e estragar. Segundo, o medo de levar golpe no WhatsApp, no PIX, por ligação,” ela relata.
Incentivar a autonomia, segundo ela, também pode combater o medo e deixá-los mais seguros quando forem resolver um problema.
“Queremos ensiná-los a pesquisar soluções no YouTube, que é algo que muitas pessoas mais jovens já estão acostumadas a fazer. Muitas vezes, não sabemos resolver um problema, mas sabemos pesquisar sozinhos para aprender. Isso é uma estratégia que qualquer um pode usar.”

DICAS DE SEGURANÇA PARA PREVENIR GOLPES
Não instalar aplicativos fora da loja oficial:
Um dos maiores riscos para a integridade do smartphone é instalar aplicativos de origem desconhecida, que podem ser vírus disfarçados. Procure sempre baixar apenas os apps disponíveis na loja Android, na Play Store ou na App Store, no caso de iOS.
Ter um antivírus:
Assim como no computador, existem antivírus gratuitos e pagos para celulares que detectam e combatem ameaças.
Criar senhas seguras:
Senhas com números, caracteres especiais e letras maiúsculas e minúsculas são mais difíceis de invadir. Se possível, o recomendado é priorizar combinações aleatórias, em vez de códigos que podem ser adivinhados, como a data de aniversário, e tentar não repetir senhas em contas diferentes.
Não atender chamadas suspeitas:
Evite responder a ligações de números desconhecidos, principalmente se o telefone as identifica como “spam suspeito” ou chamada feita por robôs. Também não se deve clicar em links desconhecidos recebidos por mensagens de texto ou nas redes sociais.