
O juiz Ivan Lúcio Amarante, da 2ª Vara da Comarca de Vila Rica, no Mato Grosso, foi afastado do cargo e teve R$ 30 milhões bloqueados nesta quinta-feira (29). Ele é alvo de uma ação da Polícia Federal, que investiga um esquema de venda de sentenças no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
A investigação faz parte da Operação Sisamnes, que mira um esquema de corrupção judiciária e lavagem de dinheiro. Na quarta-feira (28), em outra investida da PF, integrantes de um grupo que cobrava para espionar e planejava matar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) foram presos.
Conforme a Polícia Federal, foi identificado um esquema de lavagem de dinheiro montado para dissimular pagamentos milionários de “propinas”. Os valores eram pagos em troca de decisões judiciais favoráveis no Tribunal de Justiça do Mato Grosso e no STJ.
Além do bloqueio de bens e do afastamento, o juiz Amarante teve o aporte recolhido e está impedido de sair do país. Também foram cumpridos três mandados de busca e apreensão.
A reportagem do ND Mais entrou em contato com o TJMT (Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso), buscando um posicionamento sobre o caso, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto.
Venda de sentenças no STJ: investigação começou com morte de advogado q6n6n
As investigações começaram após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, que ocorreu em 2023. No celular da vítima foram encontrados registros de negociações envolvendo a venda de sentenças judiciais. A análise das mensagens e arquivos encontrados no celular deu origem à operação da PF.

Zampieri foi morto em Cuiabá em decorrência de uma disputa por terras no estado. O principal suspeito de ser o mandante do crime, o fazendeiro Aníbal Manoel Laurindo, teria desconfiado de uma possível aproximação entre o advogado e o desembargador responsável pelo caso.
O advogado representava a parte contrária ao fazendeiro na disputa judicial pelas terras. Segundo os investigadores, a família dos acusados estava em posse do terreno, no município de Paranatinga, há mais de 20 anos.
Conforme a polícia, o produtor rural decidiu executar o advogado quando percebeu que perderia a causa. Outras três pessoas foram indiciadas pelo crime, o executor, o intermediário e o financiador.