– Foto:Divulgação O livro Operação Playboy, da australiana Kathryn Bonella, é um tapa na cara da fina flor da sociedade florianopolitana, mas é mais do que isso. É um retrato de uma época, cheio de histórias dignas de um filme de Hollywood. Uma versão mané do filme “Caçadores de Emoção”, de Patrick Swayze e Keanu Reeves, só que com muita cocaína.
Centrado em dois personagens principais, o Delegado da Polícia Federal Fernando Caieron, e o traficante “Jorge” (pseudônimo), conhecido como “Break” (apelido verdadeiro), é o conto de uma turma de amigos da Praia da Joaquina que entrou de cabeça no tráfico internacional de drogas.
Filhos de procuradores, médicos, empresários, pessoas respeitadas e queridas de Floripa, alguns amigos meus. Surfistas, praticantes de esportes radicais, poliglotas, bonitos, inteligentes, a maioria estudava no Colégio Catarinense. Classe média alta pra cima. Todos conhecidos, da raça. E que montaram um esquema de mulas para levar quilos de cocaína para Amsterdam e Bali dentro de pranchas e equipamentos esportivos despachados em aviões, e trazer na volta skunk (maconha) e ecstasy (mdma) para vender aqui. Ganharam milhões. Viajaram o mundo surfando e festando, frequentaram hotéis cinco estrelas, as melhores boates e restaurantes, usavam roupas de grife, pegaram e pagaram mulheres incríveis, sempre com o bolso recheado com as melhores drogas. Uma vida de glamour, de playboy. Pelo menos é o que se gaba o Break.
Sete foram presos em 2005 pela chamada Operação Playboy, da PF, perderam a liberdade e a grana, mas ficaram pouco tempo, dois anos no máximo. Outros não tiveram a mesma sorte, e acabaram executados por um pelotão de fuzilamento na Indonésia, por conta da política de zero tolerância do País com o tráfico de drogas: Marcos Archer, o “Curumim”, pioneiro da asa delta no Rio, e Rodrigo Gularte, que morava em Floripa.
Muitas pessoas são citadas sem consentimento, algumas nos depoimentos dos entrevistados, outras pela própria Autora, de forma deselegante, e até vexatória. Só que o livro já foi lançado em 2017, e qualquer ação judicial deve ser movida nos Estados Unidos.
Alguns dos rapazes envolvidos hoje são advogados, policiais, e seguem suas vidas normalmente. Break, cujo nome verdadeiro é Fábio Bayer Jorge Mendes, depois ser procurado pela Interpol, foi preso em Barcelona em 2011, e Fernando Caieron, delegado responsável pela Operação Playboy, foi afastado da Polícia Federal em 2022 por suposto vazamento de informações, pela Operação Chabu.
A autora também publicou “Nevando em Bali”, “Hotel K” e outros, sempre no tema surf/tráfico. Não há versão traduzida para o português do “Operation Playboy”, que está disponível na Amazon.
