
O acidente aéreo que matou o empresário e ex-diretor da Odebrecht, Antônio Augusto de Castro Santos, de 52 anos, completa um ano nesta terça-feira (3). Os destroços da aeronave foram encontrados na madrugada seguinte à tragédia, entre Itapoá e Garuva, no Norte de Santa Catarina.
Natural de Governador Valadares (MG), Antônio Augusto, carinhosamente chamado de “Guto” por familiares e amigos, era casado e pai de dois filhos. Engenheiro civil formado pela Univale (Universidade do Vale do Rio Doce), construiu uma sólida carreira ao longo de 25 anos na Odebrecht, onde chegou ao cargo de diretor de Energia na regional de Minas Gerais.
“O Guto desde criança, foi uma pessoa muito centrada e mais calada. Já tinha comportamento de liderança, sempre foi um líder nato, desde cedo”, relembrou o irmão Alaor Esteves, em entrevista ao ND Mais.
“Ele tinha uma característica muito especial, que era sempre preocupar como todos nós, sempre aconselhava e sugeria o que tinha que ser feito para dar certo e evoluirmos”.

Alaor recorda que seu pai não fazia muita questão de que eles seguissem os estudos acadêmicos, priorizando o trabalho. Mas Guto insistiu e conseguiu convencer o pai a matriculá-lo na universidade. Faltando um ano para se formar, Guto convidou Alaor para acompanhá-lo em uma viagem a Machu Picchu, no Peru, como recompensa pelo seu esforço na faculdade.
Guto também era conhecido pelo espírito generoso e otimista. “Nunca negou nada a ninguém, sempre foi um incentivador de carteirinha. Sempre dizia para gente: ‘Vai dar certo’. No dia que o avião desapareceu essa foi a última frase que enviou para minha cunhada, logo depois a aeronave sumiu”, contou Alaor.
Em 2022, após décadas de atuação no setor corporativo, Guto decidiu empreender e fundou sua própria construtora, com sede em Governador Valadares.
Para facilitar os deslocamentos profissionais pelo Brasil, adquiriu uma aeronave de pequeno porte, modelo Baron 95-B55, cerca de 15 dias antes do acidente. A tragédia ocorreu justamente na primeira viagem com o novo avião.
Um ano de saudade z1o
A perda abalou profundamente a família, que ainda tenta lidar com a ausência de Guto. A dor se intensificou com a morte do pai, ocorrida em 13 de fevereiro deste ano, apenas oito meses após o acidente.
“Sonho e lembro dele quase todos os dias”, confessou Alaor. “É difícil, muito difícil. Vocês não têm ideia o que sentimos até hoje. Muita dor”, completou.

O irmão também relembra os gestos de carinho e generosidade de Guto. “Todo fim de ano ajudava oferecendo parte da PLR dele aos meus pais, como gratidão a tudo que ofereceram a ele. Nunca negou nada a ninguém, sempre foi um incentivador de carteirinha”.
Antônio também participou ativamente de ações sociais, como as doações enviadas ao Rio Grande do Sul durante as enchentes do ano ado. “Ele fez questão de levar mantimentos em um avião alugado. Não recordo aonde o avião pousou, acho que foi em Santa Catarina e de lá foi de caminhão, ou desceram uma cidade próxima a Porto Alegre”, contou o irmão.
Relembre o acidente 1c6553
A aeronave decolou de Governador Valadares, em Minas Gerais com destino a Florianópolis, em Santa Catarina, em um voo que deveria durar cerca de três horas e meia. Porém, devido às condições climáticas adversas, houve uma mudança de planos e o piloto tentou pousar no Aeroporto de ville, no Norte do estado.
Às 17h40, o comandante Geraldo Cláudio de Assis Lima, de 66 anos, solicitou autorização para o pouso, que foi concedida via rádio. Contudo, ao se aproximar da pista, o piloto informou que precisaria arremeter.
Cerca de 50 segundos depois, a aeronave colidiu contra uma montanha. O avião perdeu contato e desapareceu dos radares, caindo a aproximadamente 180 quilômetros do destino final. O piloto Geraldo também não resistiu ao acidente.

Após cerca de 12 horas de buscas, os destroços foram localizados na madrugada seguinte, em uma área de mata densa e de difícil o. Os corpos de Guto e do piloto foram encontrados carbonizados entre as ferragens. A identificação foi confirmada pela Polícia Científica de Santa Catarina, por meio de impressões digitais e da arcada dentária.
Fotos do local onde caiu o avião 2hj5o
“Ele ainda vive entre a gente! Sinto a presença dele todos os dias!”, relatou Alaor.
O sepultamento de Guto ocorreu três dias depois, no Cemitério Municipal Santo Antônio, em Governador Valadares. Familiares, amigos e colegas de profissão estiveram presentes para prestar as últimas homenagens.
“Deixou um legado de muita coragem, competência e excelência em tudo que fazia, uma exemplo de como filho, profissional, pai, irmão e filho”, afirmou Alaor. “Primava pelo o que era certo, aconselhava sempre que o segredo da vida era fazer o que é certo e nada mais, que uma hora as coisas iriam acontecer”, destacou o irmão.