
Polícia Federal investiga a participação de traficantes internacionais no sumiço de pilotos na América do Sul. Segundo um levantamento do Domingo Espetacular, 19 pilotos de pequenas aeronaves desapareceram em rotas do tráfico desde 2015.
Raphael Alvarez Fonseca e Pedro Parente Neto foram os últimos a entrar para a estatística dos pilotos desaparecidos em 2024. Ambos eram especializados em pousar em regiões de difícil o, sobretudo em fazendas no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país.
Pedro, de 37 anos, está desaparecido desde 1º de setembro do ano ado, após decolar do aeródromo de Goiânia com destino à Venezuela. Raphael, 38 anos, decolou do mesmo lugar para o Mato Grosso. A família registrou boletim de ocorrência em 27 de dezembro.
A investigação da Polícia Federal aponta que todos os pilotos desaparecidos eram especialistas em rotas consideradas vitais na cadeira do transporte de cocaína. Eles pousam em pistas improvisadas, muita vezes na lama.
Em abril de 2023, a operação Rota Caipira cumpriu 28 de prisão preventiva e 95 ordens de busca e apreensão contra a quadrilha responsável pelo esquema. Na ocasião, 16 aeronaves foram apreendidas.
O aeroclube de Araguaína, no Tocantins, era uma das principais bases para os aviões. A Polícia Federal identificou 16 pilotos que trabalhavam na rota aérea do tráfico, sendo que três desapareceram enquanto voavam para a quadrilha.
“Alguns pilotos realizam, de forma concomitante, voos para o garimpo ilegal e também para o tráfico internacional”, observa o delegado Allan Reis de Almeida.
Pilotos desaparecidos voavam em aviões adulterados e recebiam R$ 100 mil da quadrilha 5d4kq
A droga é transportada da Colômbia, Peru e Bolívia com destino aos portos de Fortaleza, Natal, Recife e do Pará, para ser enviada à Europa em seguida. Segundo o delegado da Polícia Federal, os pilotos recebem em torno de R$ 100 mil pelo trabalho.
As aeronaves empregadas no esquema são adulteradas. Os criminosos desligam o transponder, dispositivo que informa a identificação e localização ao controle de tráfego aéreo.
Além disso, tanques de combustíveis extras são adicionados para viagens longas. O trem de pouso e os pneus são reforçados para o pouso nas pistas clandestinas.

Duas empresas com hangar no aeródromo de Goiânia estariam envolvidas no esquema, inclusive no caso dos pilotos desaparecidos. Raphael e Pedro sumiram enquanto transportavam as aeronaves para potenciais compradores.
“Essas empresas eram responsáveis por intermediar a aquisição de aeronaves, algumas já adulteradas”, explica o delegado Allan Reis de Almeida.
“A forma de pagamento pela aquisição dessas aeronaves se deu através de terceiros, o que traz um caráter de lavagem de dinheiro, querer ocultar aquela propriedade de fato daquelas aeronaves”, completa.
Com informações do Domingo Espetacular