Os ministros Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública, e Camilo Santana, da Educação, anunciaram no fim tarde desta quarta-feira (5), medidas do governo federal para dar mais segurança em escolas de todo país. Os dois participaram de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto. A agenda surgiu diante do ataque ao CEI (Centro Educacional Infantil) Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, que deixou quatro crianças mortas.

Camilo Santana afirmou que o governo está montando um grupo de trabalho interministerial, ou seja, com a participação de vários ministérios, para discutir uma política nacional de segurança nas escolas. Esse grupo tem o prazo de 90 dias para apresentar um relatório.
Camilo ressaltou inclusive, ao lado da ministra da Saúde, Nísia Trindade, a importância de ter abrangência para saúde mental da comunidade escolar. “Nós vamos amanhã (quinta-feira) fazer a primeira reunião do corpo interministerial e já tomarmos medidas de imediato para prevenção. Estamos indignados com o episódio lamentável em Blumenau”, disse o ministro da Educação.
Já Flávio Dino anunciou a destinação de R$ 150 milhões do fundo nacional de segurança para estados e municípios investirem em rondas e patrulhas escolares. “Com isso vamos fortalecer o trabalho de policiamento”, garantiu o ministro.
Além disso, o ministro da Justiça afirmou que um grupo de 50 policiais vai se dedicar a investigar na deep web, a chamada “internet profunda”, grupos que atuam em redes sociais incitando ataques a unidades de ensino. Segundo o ministro, já havia dez profissionais atuando nessa linha, e depois da tragédia em Blumenau, o ministério decidiu pelo reforço.
“Nós temos hoje a proliferação dos discursos de ódio em várias esferas da sociedade e isso chega às escolas. Temos que agir para propagar a cultura de paz”, explicou o ministro da Justiça.
Dino afirma que o desafio é grande e que nem todas as decisões são do governo federal, já que envolve crianças e adolescentes. “Se nós tivermos em escolas detectores de metais, policiais, raio-x, precisamos envolver estados, municípios, empresas privadas e famílias. Isso não pode ser imposto. É impossível inclusive juridicamente, então precisamos ter seriedade nesse debate”, explicou.
O ND+ não irá publicar os nomes do autor e das vítimas do ataque, assim como imagens explícitas do crime. A decisão editorial foi feita em respeito às famílias e ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), também para não compactuar com o protagonismo de criminosos.