Fotógrafa pericial conta sobre processo que recebeu após denúncia de golpista de luxo em SC

A criminosa, de 33 anos, morreu no início deste ano, após cair do quarto andar de um edifício em Laguna

A fotógrafa pericial famosa Telma Rocha contou recentemente que quase foi expulsa da Polícia Civil após ar a investigar a golpista de luxo Kelly Samara Carvalho dos Santos e ser acusada, por ela, de tortura. A foragida da Justiça morreu em 18 de fevereiro deste ano ao cair do quarto andar de um edifício em Laguna, no Sul catarinense.

Fotógrafa pericial conta sobre processo que recebeu após denúncia de golpista de luxo em SC – Foto: Divulgação/NDFotógrafa pericial conta sobre processo que recebeu após denúncia de golpista de luxo em SC – Foto: Divulgação/ND

Em entrevista ao Snider Cast, a fotógrafa, que acumula mais de 60 mil seguidores no Instagram e 28 anos de atuação na DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa) de São Paulo, revelou que a ‘desavença’ com a golpista iniciou após receber uma denúncia.

“Um taxista executivo, amigo da menina que trabalhava comigo, a Isabel, liga e fala assim: ‘Olha, acho que eu cai num golpe. A menina [Kelly] já me pagou com cheque adiantado a semana inteira'”, conta Telma no podcast.

O homem, na oportunidade, pediu ajuda para as investigadoras. “Puxamos pelo sistema da polícia, e o nome do cheque constava como cheque roubado. Na hora, ela entrou no primeiro flagrante dela. Pedimos apoio para a viatura, porque ela estava em um hotel”.

A golpista de luxo, então, é presa e descobre que a dupla, responsável pela sua prisão, era amiga do taxista, que ela vinha aplicando golpes. Na época, Telma lembra que Kelly, ao sair da delegacia, faz algumas provocações. “Ela vai para outro lado da rua e fala: ‘Ó, suas ridículas, vêm atrás de mim agora'”.

As policiais am a investigar a golpista e descobrem ao menos 36 vítimas. Segundo Telma, ela agia em São Paulo se ando por integrante de uma família de empresárias bem-sucedidas no ramo de grifes de roupas. Com essa mentira, se infiltrava em eventos da alta sociedade e aplicava o golpe do ‘boa noite, Cinderela’.

Na época, a investigação rendeu um elogio no boletim informativo da Polícia Civil, e a golpista acabou sendo presa novamente. “Eu lembro que era meu aniversário e era uma das noites mais frias do ano. Essa mina gritava de frio na carceragem. Eu levei um par de meia pra essa sem vergonha. E ela falou que eu levei um balde de água e joguei nela, que eu entrei na cela e a torturei”, revelou.

A denúncia falsa da golpista chegou a ser investigada pela corregedoria e os acusados, por ela, também responderam na área criminal. “Perdemos o sono, mas à justiça veio a nosso favor. Fui absolvida. Sem fundamento algum, essa mulher, com um simples depoimento quase acabou com a carreira de todos aqueles policiais envolvidos numa “puta” cana”, disse em um post nas redes sociais.

Morte da golpista

Kelly morreu após cair do quarto andar de um duplex em Laguna. Ela era acusada de falsidade ideológica, furto e estelionato e estava foragida desde 2012 da Justiça de Dourados, no Mato Grosso do Sul.

Golpista morreu após cair de sacada de prédio em Laguna – Foto: Internet/ReproduçãoGolpista morreu após cair de sacada de prédio em Laguna – Foto: Internet/Reprodução

Famosa por aplicar golpes em pessoas de alto poder aquisitivo, a criminosa mantinha relacionamento com um homem de 52 anos desde a virada do ano. Eles se conheceram por meio de um aplicativo de relacionamento.

Após algumas conversas virtuais, Kelly decidiu sair de Florianópolis e ir viver com ele em Laguna, porém, segundo o delegado William Testoni, a relação dos dois não ia nada bem. “O relacionamento deles vinha conturbado. E essa testemunha [o homem] já gostaria de terminar com ela, porque seria agressiva”, informou.

O companheiro de Kelly – que não teve a identidade divulgada – estava no momento em que a golpista caiu do prédio, segundo a polícia. Ao delegado, o homem disse que eles chegaram no apartamento por volta das 3h, quando Kelly teria ingerido medicação controlada.

Ele também relatou à polícia que pretendia terminar o relacionamento com a golpista e já estava em contato com os familiares dela para levá-la à casa do pai, em Curitiba. Porém, ela não queria retornar.

De acordo com o homem, Kelly, então, foi próximo a sacada do apartamento. Em uma das vezes, ele chegou a segurá-la e trouxe de volta para dentro do apartamento.

No entanto, de acordo com ele, a golpista estava muito alterada, provavelmente em decorrência da ingestão do álcool combinada com a medicação controlada, e, por isso, teria retornado à sacada e se sentado sobre o mural.

Nesse momento, ela teria feito como se fosse um “balanço”, indo e voltando. “Até que, das duas uma, ou se soltou ou não conseguiu se segurar”, explicou o delegado.

Conclusão do inquérito

O inquérito policial concluiu, de fato, que Kelly causou a própria morte. “Consideramos que não houve qualquer indicativo de conduta de terceiro no evento morte. Tudo indica que a falecida se lançou do prédio, ou então, devido ao estado em que se encontrava, após consumo de substâncias ilícitas e de álcool, não tenha conseguido sustentar seu próprio corpo”, informou o delegado.

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