A adolescente de 17 anos apreendida após fingir ser médica no Hospital Celso Ramos, em Florianópolis, tem perfil inteligente e não aparenta problemas psiquiátricos. Essa é a conclusão prévia da 6ª DPCAMI (Delegacia de Polícia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso), responsável pelo caso.

De acordo com o delegado Júlio César Lima Feitosa, a jovem ficou entre uma semana e 15 dias trabalhando ilegalmente no hospital.
“Ela sabia o que estava fazendo e era extremamente inteligente”, afirmou. A adolescente dizia ser residente da UFSC (Universalidade Federal de Santa Catarina).
Agora, “vai ser investigado se houve maiores danos dessa ação, já que ela atuou alguns dias como médica”, informou o delegado. Segundo Feitosa, o o acontecimento chama a atenção, já que uma breve pesquisa na internet mostraria a real identidade da menina.
A polícia deve analisar, a partir de agora, questões de segurança istrativa do hospital. Os agentes buscam entender como ela conseguiu o recorrente à unidade de saúde.
Segundo a Polícia Militar, a adolescente usava crachá falso, um jaleco com nome bordado e outros documentos que a identificariam como profissional da saúde. Ela participava, como residente, da rotina dos profissionais.
Falha no protocolo 1l1x1f
A presidente da Fehosc (Associação de Hospitais do Estado de Santa Catarina), Irmã Neusa Lúcio Luiz, ite que situações do tipo podem comprometer a segurança dos pacientes, além de afetar a ética profissional dos médicos.
“Temos uma nova lei de proteção de dados, que temos que manter o sigilo total sobre o paciente”, explica.

Ela acredita, no entanto, que trata-se de um fato isolado, que serve para que os “hospitais busquem ainda mais reforçar toda a sua segurança”.
Irmã Neusa acredita que houve uma falha no protocolo de segurança que já existe nos hospitais catarinenses. No caso de inclusão de residentes, por exemplo, seria necessária a apresentação de documentos que comprovam a autorização de permanência no local. A Polícia Civil analisa como a jovem conseguiu ter o às salas.
“A grande maioria só entra com identificação. Identifica qual é o paciente que vai visitar, ou se é alguém que vai conversar em um setor específico do hospital”. A presidente afirma que as instituições têm investido em câmeras de monitoramento.
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Para o coronel Eugênio Moretzsohn, especialista em segurança, “falta o desenvolvimento dessa cultura de segurança, que pode conviver com a cultura do acolhimento. Elas conversam entre si”.
Ela justifica que, nos hospitais em geral, o monitoramento e a identificação das pessoas, tanto profissionais como visitantes, fica a cargo de terceiros. “Eles têm que se virar com o problema. Um supervisor, que já acumula outras tarefas, é que dá uma olhada no trabalho”.

O ofício, segundo ele, é solitário. “Eles não têm a cumplicidade dos demais colaboradores que servem ao hospital. Se você usa da técnica de engenharia social, você entra em qualquer hospital contando uma historinha triste”, diz.
O diretor do Simesc (Sindicato dos Médicos do Estado Santa Catarina), Carlos Roberto Seara Filho, adiciona que, muitas vezes, não é exigido documento de identificação, o que facilita situações como a da adolescente. “Não é solicitado uma comprovação de que ela é um familiar, de que ela é um profissional”.
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Uma das formas para aumentar a proteção dos trabalhadores e pacientes seria investir, então, em um serviço pesado de identificação.
O diretor do Simesc revela que, quando trabalhava como diretor de hospital, percebia que os próprios médicos se sentiam ofendidos quanto era solicitado que se identificassem.
“Muitas vezes o profissional trabalha há tempos no hospital, mas aquele profissional de segurança que começou hoje não conhece todo mundo”, pondera.