Seis meses após receber o diagnóstico de Covid-19, Monique Wan Dall Orsi, 37 anos, ainda sofre com a perda parcial do olfato e do paladar, sequela da infecção pelo novo coronavírus.
Os primeiros sintomas foram tosse, seguida de muita dor muscular e dor de cabeça. Por fim, veio a perda da sensibilidade com cheiros e sabores, comum em pacientes de Covid-19.

Apesar dos sintomas, o nível de gravidade do quadro de saúde da moradora de Itajaí foi moderado e ela não precisou de internação.
Monique, que atua no segmento financeiro, relata os incômodos decorrentes da doença. “Ainda não sinto o olfato 100%, o que me incomoda bastante, e estou tendo alguns esquecimentos também”, afirmou.
Já em Noaii Haeming, de 22 anos, foi a dor muscular que persistiu após o período crítico da doença. “Quinze dias após o fim do período de isolamento de dez dias recomendado pela OMS, ainda sinto dificuldade para praticar exercícios físicos, aeróbicos principalmente, além de não sentir cheiro algum”, conta o diretor de marketing.

As sequelas causadas pela Covid-19 são motivo de dúvidas, preocupações e questionamentos dos pesquisadores. Apesar de ainda não haver um estudo ou dado definido a respeito, a necessidade de clínicas e programas de reabilitação para os pacientes é uma realidade.
Rubia Giacchini Kessler, 45 anos, coordena um projeto de reabilitação ambulatorial para pacientes nas fases dois e três da Covid-19. Ela é fisioterapeuta, especializada em fisioterapia cardiorrespiratória, mestre em Ciências da Saúde e Docente do curso de Fisioterapia da Univali (Universidade do Vale do Itajaí), em Itajaí.

A especialista explica como surgiu a necessidade do projeto. “Em função das complicações que o Covid-19 desencadeia, principalmente em pacientes de fase dois e três que são sintomáticos, vimos que após o período de internação estas pessoas recebem alta com sequelas e precisam de reabilitação ambulatorial. Mesmo os pacientes tratados em domicílio que ficam com sequelas precisam se reabilitar”, salienta.
Os atendimentos funcionam durante o dia na clínica de Fisioterapia da Univali. São permitidos no máximo três pacientes por horário em atendimentos individualizados, respeitando as normas de segurança e com todos os EPIs (Equipamento de Proteção Individual) necessários.
Nos últimos dois meses foram atendidos mais de 30 pacientes na clínica. As principais queixas são cansaço, falta de ar e tosse. O perfil dos pacientes ainda não é bem definido: desde jovens a idosos com e sem comorbidades são atendidos.
Processo de coagulação do sangue também preocupa médicos 2i2811
Para o médico infectologista Pablo Sebastian Velho, a principal preocupação relacionada à Covid-19 está no dano inflamatório associado à doença. “Isso gera um estado de aumento dos fenômenos de coagulação que podem levar ao sofrimento vascular dos próprios pulmões, além de cérebro e rins, por exemplo. Infelizmente, não se consegue antever as complicações em cada indivíduo ao início de doença”, explica.
Um caso recente relacionado à coagulação do sangue causada pela Covid-19 foi o da médica Romana Novais, esposa do DJ Alok.
Em relato nas redes sociais sobre o parto prematuro da segunda filha do casal, Raika, que segue na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal, Romana contou que após tomar a vacina tríplice bacteriana, obrigatória para gestantes, sentia muita dor no corpo.

“Era uma dor que não dava para explicar, parecia que meus ossos estavam sendo quebrados de tanta dor que sentia, uma dor muito estranha. Tudo fica obscuro, fiquei com muito medo da doença. Achei que a Covid não traria muitos sintomas para gestantes, mas me enganei”, contou.
Pablo Sebastian Velho alerta ainda que todos estão sujeitos a estas complicações. “Jovens sem comorbidades tem sido afetados pela doença com prejuízos progressivos chegando até a óbito. Ninguém pode garantir que está a salvo destas complicações. O importante é avaliação precoce e acompanhamento médico”, destaca.
Reabilitação gratuita 3f6j36
As pessoas que desejam ser atendidas pelo programa de reabilitação da Univali podem agendar atendimento pelo telefone (47) 3341-7654 e serão avaliados por um professor supervisor e um estagiário do último semestre de Fisioterapia. Após a análise são traçados objetivos e condutas para a reabilitação do paciente.
A prefeitura de Balneário Camboriú oferece um programa de reabilitação domiciliar exclusivo para idosos no CEFIR (Centro de Reabilitação e Fisioterapia) que estiveram internados por Covid-19.