Raquel Alves, de 36 anos, moradora de Florianópolis, fumava desde os 18 e há três, durante a pandemia de Covid-19 a partir de uma crise de falta de ar, decidiu largar o seu vício. Ao lado de outros brasileiros, Alves pode comemorar a conquista nesta terça-feira (29) com o Dia Nacional de Combate ao Fumo.
Segundo uma pesquisa realizada em 2022, pela biofarmacêutica AstraZeneca, 28% dos brasileiros são fumantes e consomem cerca de 11 cigarros por dia.

“Eu sempre estava tentando alguma coisa para parar, mas só consegui após ter uma crise muito forte de falta de ar. Isso era a pandemia, e eu estava com muito medo pois sabia que era uma doença que afetava mais os pulmões”, explica.
De acordo com a fotógrafa, foi então que ela decidiu fazer uma promessa.
“Se eu sobreviver dessa crise, vou parar de fumar”, prometeu.
Uma coisa puxa a outra 334360
Raquel conta que tomar café, ou qualquer bebida alcóolica, no começo, fazia com que ela seguisse com desejo de fumar. Agora, no entanto, conta que sente enjoo ao sentir cheiro de cigarro.
“Tudo melhorou também quando eu fui em um centro de saúde, fui atendida e comecei a tomar ansiolíticos, controlando a minha ansiedade eu não tinha mais tanta vontade de fumar”, diz.
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Segundo a Secretaria de Saúde de Florianópolis, a avaliação e tratamento para o controle do tabagismo está disponível nos Centros de Saúde da cidade.
“Orientamos que as pessoas que tenham interesse no tratamento conversem com suas equipes de saúde da família e agendem um atendimento, nele será avaliado o seu grau de dependência e a partir daí, serão tomadas as decisões sobre o tratamento”, escreve a pasta em nota.
O acompanhamento pode ser feito em grupo ou individual, dependendo de cada centro de saúde e da avaliação da equipe de saúde para cada caso.
O tratamento para cessação do tabagismo no SUS consiste numa abordagem comportamental mais intensiva, podendo ou não envolver a prescrição de medicamentos.

O vício e as consequências do cigarro 3d2c4l
Além da dependência, a nicotina provoca, no aparelho respiratório, a irritação da mucosa, diminuindo os movimentos dos cílios e a broncoconstrição, e destrói a elastina, comprometendo, assim, a estrutura e a defesa pulmonar e contribuindo para um desequilíbrio enzimático que ocasiona o enfisema no pulmão.
O tabagismo é, também, responsável por causar ou agravar mais de 2.450 doenças, muitas delas letais, já que, ao inalar nicotina com a fumaça, o fumante está introduzindo no organismo mais de 4.700 substâncias tóxicas, incluindo monóxido de carbono (o mesmo gás que sai do escapamento de automóveis) e alcatrão, que concentra cerca de 60 substâncias causadoras de câncer e outras doenças graves: 90% dos casos de câncer de pulmão ocorrem em tabagistas, 25% das mortes por doença coronariana, 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica e 25% das mortes por doença cerebrovascular.
Outras doenças que também estão relacionadas ao uso do tabaco são aneurisma arterial, trombose vascular, úlcera do aparelho digestivo, infecções respiratórias e impotência sexual no homem.
Ao ser inalada, a nicotina produz alterações no Sistema Nervoso Central, modificando, assim, o estado emocional e comportamental dos indivíduos, da mesma forma como ocorre com a cocaína, heroína e álcool, liberando várias substâncias responsáveis por estimular a sensação de prazer, o que explica as boas sensações que o fumante tem ao fumar.
Com a inalação contínua da nicotina, o cérebro se adapta e a a precisar de doses cada vez maiores para manter o mesmo nível de satisfação que tinha no início. Esse efeito é chamado de tolerância à droga.
Com o ar do tempo, o fumante a a ter necessidade de consumir cada vez mais cigarros. Com a dependência, cresce também o risco de se contrair doenças crônicas não transmissíveis, que podem levar à invalidez e à morte.
Plante alimentos, não tabaco 32204k
Atualmente, o tabaco é cultivado em mais de 125 países como cultura comercial, em uma área estimada de 4 milhões de hectares. De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer) , no Brasil, os estados da Região Sul concentram a maior parte produção de folhas de fumo, com 96,4% do total. Também há produção em alguns estados do Nordeste, como em Alagoas, Bahia e Sergipe.
Segundo informações da Afubra (Associação dos Fumicultores do Brasil), na safra de fumo 2021/2022 da região Sul foram plantados 246.590 hectares e em Santa Catarina foram 71 mil hectares.

Em Santa Catarina existem vários municípios produtores de tabaco, como: Itaiópolis, Canoinhas, Santa Teresinha, Irineópolis, Irineópolis, Bela Vista do Toldo, Mafra, Papanduva, Vidal Ramos, Ituporanga e Içara.
O cultivo e a produção de tabaco causam danos ecológicos globais, mudanças climáticas de longo prazo, além disso, milhares de hectares de madeira são destruídos a fim de criar espaço para a produção de tabaco e de produzir combustível para a cura das folhas de tabaco. Geralmente envolve o uso substancial de produtos químicos, incluindo agrotóxicos, fertilizantes e reguladores de crescimento. Estes produtos podem escoar e afetar as fontes de água potável (contaminando rios e lençóis freáticos) e o solo, além de causarem danos à saúde dos plantadores de fumo.
Um agricultor que planta, cultiva e colhe tabaco pode absorver – por dia – a quantidade de nicotina encontrada em 50 cigarros convencionais. Segundo o Inca, a doença da folha verde do tabaco é uma forma de envenenamento por nicotina que ocorre em cerca de um em cada quatro agricultores.