O Mês da Conscientização sobre o câncer do colo do útero é comemorado todos os anos em janeiro para incentivar mulheres a pensarem em sua saúde. O janeiro verde traz um alerta para Santa Catarina, o estado que teve 880 casos em 2022, segundo o relatório anual de 2022 do INCA (Instituto Nacional de Câncer).
O também chamado câncer cervical é um tumor que ocorre a partir de alterações causadas pela infecção persistente do HPV (vírus do papiloma humano), considerada a infecção sexualmente transmissível de maior incidência e prevalência no mundo. A boa notícia é que ela pode ser prevenida com medidas simples, como exame de Papanicolau e vacinação.
“Esta é uma doença que poderia ser eliminada, mas a falta de informação correta, a desigualdade e a dificuldade de o à saúde fazem essa possibilidade ficar distante”, diz Angélica Nogueira Rodrigues, oncologista com foco em saúde da mulher.

Dados da região sul 4l3g2j
- Santa Catarina – 880 casos;
- Rio Grande do Sul -620 casos;
- Paraná – 790 casos.
Estimativa para este ano 1l37p
A Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil, publicada em novembro de 2022 pelo INCA (Instituto Nacional do Câncer), revela que são esperados 704 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025.
Dos casos, 70% se concentram nas regiões Sul e Sudeste devido à maior concentração populacional. Nas regiões de menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil, a doença apresenta seu maior desafio.
Campanha da OMS c213x
Em maio de 2018, a OMS (Organização Mundial de Saúde) fez um chamado pela eliminação do câncer de colo de útero como problema de saúde pública, quando se atingiria incidência anual inferior a 4 casos para 100 mil mulheres globalmente.
As três principais metas da OMS para 2030 são a vacinação de 90% das meninas até 15 anos de idade contra o HPV, o rastreamento com teste de HPV em 70% das mulheres entre 35 e 45 anos e permitir a 90% das mulheres o o ao tratamento de lesões iniciais.
No Brasil, o controle de câncer do colo de útero foi designado como prioridade no Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT (Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis) de 2021-2030.

“Embora a vacina tetravalente contra o HPV esteja amplamente disponível na rede pública para homens e mulheres, não há divulgação apropriada e a aderência da população é baixa. Nos últimos anos, caminhamos na contramão de países desenvolvidos ao retirarmos a vacinação contra HPV das escolas públicas, levando os índices de cobertura vacinal para níveis muito inferiores aos da meta preconizada”, afirma a oncologista.
Em 2022, segundo o PNI (Programa Nacional de Imunizações), a taxa de cobertura vacinal foi de 57 % em meninas e 37% em meninos. A cobertura de Papanicolau não atingiu 20% da população alvo (mulheres entre 25 e 65 anos de idade), números que, segundo projeções da OMS, não permitirão a eliminação da doença neste século no Brasil.
A médica alerta que as mulheres não são adequadamente informadas quanto à necessidade de realizarem exames preventivos e que existem barreiras de o ao exame de Papanicolau ou a técnicas mais modernas e eficazes de rastreamento e tratamento de lesões precursoras curáveis.
“O exame de Papanicolau nunca atingiu números satisfatórios de rastreamento, funciona em vários países do mundo, mas no Brasil não atingiu o seu potencial; estratégias alternativas, como a testagem do HPV DNA, têm sido implementadas mundialmente com resultados muito promissores”, diz.