Com a chegada do verão, muitos moradores de Florianópolis levam seus pets para um eio ou corrida nas praias da Ilha. Mas essa atividade, além de proibida pela legislação municipal, pode trazer riscos à saúde dos bichos e dos seres humanos, principalmente se feita sem os cuidados básicos recomendados por veterinários.

A professora de Medicina Veterinária da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Marcy Lancia Pereira, explica o motivo de cães serem proibidos em praias, mas não em outros locais públicos, como praças e parques. “Na praia, ao contrário de outros locais, as pessoas geralmente estão descalças.
O perigo está em pisar nas fezes do cachorro ou na areia contaminada com parasitas”, ela afirma. As fezes de pets podem causar doenças como giardíase, toxoplasmose e salmonelose.
Além disso, animais com pulgas podem contaminar a areia da praia com a Tunga penetrans, mais conhecida como bicho-de-pé, que infecta o hospedeiro através de contato direto com o solo.
Por esses motivos, a Lei Complementar nº 94/2001, que trata da prevenção de zoonoses no município, proíbe expressamente a presença de cães e gatos nas praias de Florianópolis, sob pena de multa e até apreensão do animal.
Mas a medida divide opiniões e muitos tutores pedem regras mais flexíveis – afinal, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há um número expressivo de moradores de quatro patas na cidade praiana.
Segundo a PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios) divulgada em 2020, cerca de 44,3% das casas em Florianópolis têm pelo menos um cachorro, enquanto 15,9% abrigam no mínimo um gato.
Na Câmara de Vereadores, existem iniciativas para alterar a proibição municipal. Há mais de cinco anos, tramita na casa o Projeto de Lei nº 1705/2018, que propõe flexibilizar essas regras e permitir a circulação de cães com a saúde em dia e acompanhados por maiores de idade em praias delimitadas pelo Poder Público.
Apesar de ter sido aprovado em todas as comissões, o PL está estagnado desde maio de 2022. 6w6e6f
De toda forma, Marcy defende que tomar certos cuidados pode ao menos reduzir grande parte dos perigos para animais e humanos. “Se a pessoa mantiver o cachorro na coleira e recolher as fezes, o risco é quase nenhum. O problema é que deixam o animal solto, onde ele pode se afogar ou beber água do mar.
Já gatos na praia são mais complicados, porque poucos estão acostumados com a guia e, como muitos deixam os cães soltos, se torna perigoso.”
Todos os dias pela manhã, Orcélia e Joe Schmitz, moradores da Armação do Pântano do Sul, eiam com seus três cachorros Bali, Lua e Toby pela praia da Armação. Segundo a aposentada, “é uma terapia para os animais e para os donos”.
Vez ou outra, no inverno, o casal até leva os cães para brincar na beira do mar. Já durante a alta temporada, os tutores mantêm os pets no calçadão e nunca se esquecem das guias e de recolher as fezes, mas notam que isso não é regra entre os moradores:
“Já aconteceu de eu estar na praia e um cachorro avançar na minha bolsa. A gente também vê xixi e cocô dos animais na areia, é muito desagradável.”
Por isso, Orcélia não se opõe totalmente à lei municipal, mas levanta a possibilidade de praias pet friendly, presentes em alguns pontos do litoral brasileiro e em muitos outros países.
Pet friendly, o que é? 6n413d
Pet friendly são os lugares onde o seu animal de estimação é bem vindo, dentre os lugares estão praias, parques e até centro comerciais.

Nestes locais, a legislação permite a presença de animais vacinados, vermifugados e presos às guias em locais determinados e bem fiscalizados pelos municípios, para garantir a segurança e conforto de todos.
Seja na praia ou em outros locais, Marcy recomenda uma série de cuidados para garantir o bem-estar dos bichos em eios no verão: mantê-los tosados e hidratados, preferir horários em que as temperaturas estejam mais amenas para que o chão não queime suas patinhas e aplicar filtro solar em partes sensíveis, como focinho, orelhas e pele exposta.