O SUS (Sistema Único de Saúde) realizou 344,4 mil internações provocadas por falta de saneamento, as chamadas DRSAI (Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado). A região Sul foi a terceira com a maior incidência de casos. Em Santa Catarina, foram 12.378 internações em hospitais públicos ao longo do ano de 2024.

Os dados fazem parte do estudo “Saneamento é saúde: como a falta de o à infraestrutura básica impacta na incidência doenças (DRSAI)”, elaborado e divulgado pelo Instituto Trata Brasil nesta quarta-feira (19).
A pesquisa traz uma análise detalhada da incidência de doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado no Brasil, entre os anos de 2008 e 2024. Como recortes, a pesquisa mostra as consequências da falta de saneamento nas diversas regiões do país e seus habitantes.
Hospitais públicos de Santa Catarina contabilizam mais de 12 mil internações 62y65
Conforme o levantamento do Instituto Trata Brasil, a região Sul registrou a terceira mais taxa de incidência de internações por moléstias intensificadas com a falta de saneamento. No somatório dos três estados, foram 54.880 casos de doenças com transmissão feco-oral e por mosquito vetor.
- Paraná: 30.280 internações;
- Santa Catarina: 12.378;
- Rio Grande do Sul: 12.222.

Em Santa Catarina, foram 4.427 internações por doenças de transmissão feco-oral, 7.529 por enfermidades causadas por mosquito vetor, 189 pelo contato com água contaminada, 242 internações por falta de higiene e 30 por parasitas intestinais.
As doenças relacionadas ao saneamento são:
- Doenças de transmissão feco-oral, como diarreias, salmonelose, cólera, amebíase, febre tifoide, hepatite A etc.;
- Doenças transmitidas por inseto vetor, como a dengue, febre-amarela, malária, doença de chagas etc.;
- Doenças transmitidas através do contato com a água, como esquistossomose e leptospirose;
- Doenças relacionadas com a higiene, como conjuntivite, dermatofitoses etc.;
- Geohelmintos e teníases, como ascaridíase, cisticercose etc (parasitas intestinais).
Falta de saneamento aumenta incidência de doenças, diz estudo 60y61
Segundo o Instituto Trata Brasil, quanto maior a parcela da população de um município com o aos serviços de abastecimento de água e de coleta de esgoto, menores os números de internações e de mortes por essas doenças. A pesquisa mostra também que essas enfermidades acometem, principalmente, população com menor posição socioeconômica.

Para Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, os efeitos do saneamento nas DRSAI são duradouros e cumulativos ao longo do tempo. “O avanço do saneamento básico no Brasil irá reduzir a incidência de uma série de doenças, que infelizmente impactam mais severamente as crianças, os idosos, mulheres e pessoas, autodeclaradas, pardas, amarelas e indígenas”, afirma.
Em 2008, o número de internações causadas por doenças relacionadas à falta de saneamento chegou a 615,4 mil. Em 2024, foram 344,4 mil internações hospitalares por DRSAI em 2024. A redução média anual foi de 3,6% nos últimos 16 anos, segundo o Instituto Trata Brasil. A redução, conforme aponta o levantamento, deve-se ao avanço da cobertura dos serviços de saneamento básico.
Contraponto 14481w
A Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento) informou, ao ND Mais, que trabalha em diversas frentes para “elevar os índices de coleta e tratamento de esgoto nas cidades em que atende. Atualmente esse índice é de 31,14% em áreas urbanas”. Segundo a Companhia, foram investidos R$ 219 milhões ao longo de 2024.
A estatal afirma, também, que iniciou o Programa Esgotamento Sobre Rodas em 2024, a fim “atender o Novo Marco do Saneamento e alcançar a meta estipulada pelo Governo do Estado de atingir 50% de coleta e tratamento de esgoto até 2026”. A meta da Companhia é levar esse modelo de negócios para municípios de baixa densidade populacional, em que se torna economicamente inviável a implantação de longas redes e grandes Estações de Tratamento de Esgoto.