As UTIs (Unidade de Terapia Intensiva) pediátricas de Santa Catarina estão com 100% de ocupação e 13 crianças e bebês esperam por um leito nesta segunda-feira (30).

O recém-nascido Gabriel Joaquim Francisco espera há mais de 48 horas por um leito de UTI neonatal, mesmo após ter sofrido três paradas cardíacas. O bebê segue internado no Hospital São José, em Criciúma, no Sul catarinense.
Segundo a mãe, Katherini Joaquim, ele ainda espera por um leito no início da tarde desta segunda (30). O bebê nasceu prematuro e desenvolveu bronquiolite, além de ter sido diagnosticado com SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave).
A sobrecarga no sistema de saúde do Estado ocorre justamente devido ao avanço da SRGA. Na última semana, a Dive/SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina) publicou um boletim epidemiológico no qual detalha que há cerca de 240 internações semanais por SRAG. Deste total, 40 são tratados em UTI por semana.
O governador Carlos Moisés (Republicanos) anunciou, também nesta segunda, a abertura de 68 novos leitos de UTI neonatal e pediátrica em até 90 dias.
Atualmente, são 294 leitos de UTI neonatal e mais 89 pediátricos ativos. A abertura representa aumento de 13% nos leitos de UTI neonatal e 33,7% nos leitos pediátricos.
Hospitais que terão novos leitos de UTI
- Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, com nove leitos neonatal; Hospital Pequeno Anjo, em Itajaí, com seis leitos de UTI pediátrica;
- Hospital Azambuja, em Brusque, com oito de neonatal e dois de pediátrica; Hospital e Maternidade Jaraguá do Sul, com dois de pediátrica;
- Hospital Infantil Jesser Amarante Faria, em ville, com dez de pediátrica; Hospital Regional Alto Vale, em Rio do Sul, com quatro de neonatal;
- Hospital Regional de Araranguá, com cinco de pediátrica;
- Hospital Materno Infantil Santa Catarina, em Criciúma, com sete de neonatal;
- Hospital Regional de São José, com dez de neonatal;
- Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão, com cinco de pediátrica.
Proximidade do inverno preocupa médicos 6q3a6q
A lotação de emergências e UTIs pediátricas aliada à proximidade do inverno preocupa médicos. Mesmo que seja esperado o aumento das ocorrência de casos de infecções respiratórias, a situação é atípica neste ano.
“O aumento substancial registrado nas últimas semanas, porém, superou qualquer previsão”, diz o Conselheiro do CRM-SC, Marcelo Souza Cruz, anestesiologista que atua no Hospital Infantil Joana de Gusmão.
Ele diz que a situação exige atenção dos pais. “Se a criança estiver doente, é importante evitar o contato com outras crianças – não levando para a escola, por exemplo. Os adultos e as crianças maiores podem usar máscaras se apresentarem algum sintoma respiratório, diminuindo assim a disseminação”.
O especialista acrescenta ainda que, nos casos mais leves, os pais devem procurar as unidades básicas de atendimento, evitando a sobrecarga das emergências, que ficarão disponíveis para atendimento dos casos graves.
Em paralelo, o Estado deve buscar soluções para enfrentar a situação, avalia o médico. Entre as medidas a serem avaliadas está a contratação de mais profissionais de saúde, como técnicos de enfermagem e pediatras, e a reorganização das enfermarias para aumentar o número de leitos disponíveis.
Além disso, “é preciso avaliar a necessidade de adoção de medidas de contingência, como a suspensão das cirurgias pediátricas que precisam de leitos no pós-operatório, liberando mais leitos de enfermaria e UTI para os pacientes encaminhados da emergência”.
Souza Cruz alerta também que os casos registrados em 2022 fogem do padrão de outros anos.
“O aumento na demanda ocorre principalmente na faixa etária desde os recém-nascidos até os dois anos. Uma das hipóteses é o isolamento dessas crianças. Durante a pandemia, elas não haviam tido contado com os vírus respiratórios já presentes na comunidade e não adquiriram imunidade. Com a volta à vida normal, com atividades sociais e convívio com outras crianças, houve uma disseminação destes vírus em um grande número de crianças ao mesmo tempo”, finaliza.
O que diz a Saúde do Estado k222i
A SES (Secretaria de Estado da Saúde) confirmou que 13 pacientes aguardam por leitos de UTI pediátrica nesta segunda, “mas todos estão sendo devidamente assistidos nas unidades de origem”.
Informou em nota, neste domingo (29), que está empenhado em garantir o atendimento pleno aos pacientes pediátricos.
“Inclusive, em caráter emergencial, o Estado já está em contato direto com os hospitais que possuem leitos pediátricos, evidenciando esforços comuns na busca da ampliação das vagas já existentes. Em complemento à ação, constrói a possibilidade de abrir novos leitos pediátricos e neonatais em unidades com UTIs adultos.”, diz a nota.
Ainda assim, a pasta alertou e solicitou o empenho da população catarinense sobre a importância das medidas de prevenção e proteção contra doenças respiratórias nas crianças, em especial contra a gripe (influenza) e também da Covid-19.
A secretaria orientou também que as famílias procurem, inicialmente, o atendimento para os pacientes pediátricos junto às unidades básicas de saúde.