A reflexão de hoje é sobre dois temas tabus juntos: velhice e sexo. Pois é preciso falar sobre a sexualidade da pessoa idosa! Sem tabu, sem preconceito e sem vergonha!
A sexualidade na maturidade ainda é um tema cheio de crenças e interditos. As pessoas com mais de 60, 70, 80, 90 anos não têm (ou não deviam ter) vida sexual ativa e saudável? Saiba que a sexualidade só chega ao fim com a morte e que é velhice nada mais é do que uma das etapas do ciclo da vida: infância, adolescência, juventude, adulto, velhice.

É uma fase da vida na qual acontecem mudanças biológicas inevitáveis, mas não necessariamente impeditivas de uma vida sexual plena e saudável.
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002) define sexualidade como “Aspecto central do ser humano durante toda sua vida e abrange o Sexo, as identidades, os papéis de gênero, a orientação sexual, o erotismo, o prazer, a intimidade e a reprodução.
A sexualidade é experimentada e expressada nos pensamentos, fantasias, nos desejos, na opinião, nas atitudes, nos valores, nos comportamentos, nas práticas, nos papéis e nos relacionamentos. É influenciada pela interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais, econômicos, políticos, culturais, éticos, legais, históricos, religiosos e espirituais”.
Ou seja, a sexualidade é um dos pilares da sua saúde e abrange todas as vivências e manifestações de afeto, carinho e amor. Além do respeito ao íntimo de cada pessoa e da pessoa com outras pessoas e com o mundo.
Sexo é dimensão da sexualidade w6u46
O grifo da palavra sexo na definição é meu, de forma a evidenciar que o sexo, o ato sexual propriamente dito, é uma das manifestações da sexualidade humana. E como o sexo é uma das dimensões da sexualidade, logo uma das dimensões da vida, faz parte também da velhice.
Como o sexo enquanto atividade e comportamento requer estímulo, treino, tempo e disponibilidade, e como os estudos vêm mostrando que os jovens estão fazendo sexo com menos regularidades, arrisco a dizer que sim, sua avó (mãe, tia-avó) pode estar fazendo mais sexo do que você!
Algumas pessoas podem estar pensando agora, “Ah, mas tem as mudanças emocionais, corporais e fisiológicas” e elas realmente existem. As mudanças biológicas associadas à idade podem interferir na forma. Por exemplo, a flexibilidade muda, a lubrificação muda, a ereção muda. O tempo de resposta dos corpos pode ser mais lento, mas não nos quesitos prazer e qualidade. E o emocional vai de acordo com as crenças da pessoa sobre a vida, o sexo e a velhice.
Logo, pode ar a ter menor frequência e menor desejo, mas quando acontece, o prazer permanece inalterado. A experiência tem base na confiança e no afeto, não é mais curiosidade (como na infância e adolescência). Nesta fase da vida é sobre prazer. Aqui esbarramos em outro mito que pode interferir nas vivências da sexualidade: o sexo para procriação apenas.
Ter uma parceria ativa sexualmente facilita as vivências sexuais neste ciclo da vida. Não importa se é parceria de uma vida ou se vocês se encontraram aos 70 anos. Sim, você pode se apaixonar e aprender sobre a vida também na maturidade.
Outro ponto importante na vida, incluindo a sexual, é a comunicação. Não há nada mais estimulante que um bom diálogo e intimidade. Acrescente a isso carícias sexuais, toques excitantes e afetos.
Estudos atuais e relatos de idosos em meus atendimentos clínicos e no portal Sexo Sem Dúvida revelam que sim, há desejo, comportamento e frequência sexual após os 60 anos. Como se manifesta? Com qual frequência? Tudo isso vai depender de como cada um lida com a velhice e com a atividade sexual.
Se nas comemorações, uma vez ao mês, uma vez por semana, quatro vezes por semana, todos os dias? A frequência desejável no sexo para a terceira idade, como em todas as idades, é aquela que satisfaça o casal.
Existe a crença social de que na medida em que a idade avança o interesse e atividade sexual desaparece. Mas o desejo e o interesse sexual não acabam com a idade.
Cuidado com condicionantes culturais, como por exemplo, o culto ao corpo, o etarismo, preconceitos, cultura da menopausa, cultura da disfunção erétil e outros. São eles que podem interferir na sua vida sexual. E lembrar que sexo não é apenas ereção e penetração. Há diversas outras formas de sentir e dar prazer que serve para todas as idades inclusive.
Ainda, se há diminuição da frequência sexual, saiba que isso não significa fim do desejo sexual nem das expressões da sexualidade. Esta diminuição não é um número exato, vai de acordo com a sua frequência e experiências de vida.
O que você precisa para ter uma vida sexual saudável após os 60? Boa saúde mental. A depressão, alta em idosos, desestimula os contatos sexuais.
Boa saúde sexual: ter atitudes positivas em relação as vivências sexuais e brincar com as possíveis dificuldades que vão surgindo podem estimular o contato físico e o bom humor.
Boa saúde física: cuide-se! Atividade física e boa alimentação são as recomendações de sempre! E para finalizar, eu volto ao ponto de sempre. Você saber o porquê você faz sexo. Isso vai te ajudar a ter uma vida sexual plena e saudável aos 60, 70, 80, 90 anos… Delicie-se sempre!