Florianópolis, Palmas (TO), Rio de Janeiro (RJ) e Vitória (ES) começaram a experimentar a tecnologia 5G no último dia 22 de agosto. Com um sinal melhor de internet proporcionado por essa tecnologia, um dos benefícios imediatos é a maior velocidade de dados. Para se ter ideia, as redes 4G atingem no máximo 100 Mbps já o 5G tem potencial para atingir 10 Gbps por segundo.

Com essa velocidade, a transferência de grandes quantidades de dados não será mais um problema e é daí que surge uma das maiores vantagens do 5G na área da saúde. Ela vai ajudar a fazer cirurgias mais rápidas, melhorar o armazenamento de dados, além de possibilitar o a comunidades remotas no futuro.
O ND+ buscou algumas das informações do que já é realidade e o que equipes de saúde planejam para o futuro com a tecnologia.
Realidade 2e3m3q
No último fim de semana, duas cirurgias foram realizadas em Florianópolis com a ajuda de um sistema que utiliza o sinal 5G . Elas foram as primeiras realizadas na cidade usando o sinal. Os procedimentos ocorreram no Hospital Baía Sul e no Imperial Hospital de Caridade.
De acordo com o médico cirurgião Pedro Trauczynski, que também é fundador do Centro Catarinense de Cirurgia Robótica, as operações foram bem sucedidas.
O objetivo era tratar casos de endometriose profunda, quando ocorre uma modificação no funcionamento normal do organismo em que as células do tecido que reveste o útero (endométrio), em vez de serem expulsas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar.
“As duas pacientes sentiam muita dor, sintomas da endometriose. Ou seja, dor pélvica, dores na relação, dificuldade de engravidar. As cirurgias foram ‘super bem'”, conta Trauczynski.

Nas cirurgias, o robô que opera a máquina fica conectado na tecnologia 5G, para ser acompanhado por toda equipe em tempo real. Outra evolução é que com o 5G é possível armazenar mais dados de cirurgias nas plataformas de saúde disponíveis.
“Todas as plataformas de cirurgia robótica são conectadas à rede de internet. Isso porque elas gravam os procedimentos que ficam numa nuvem. Então todas elas estão conectadas na internet e são monitoradas pelas equipes de assistência da plataforma”, diz o médico.
O cirurgião explica que se a cidade oferece 5G as máquinas estão todas conectadas. É por meio desta conexão que as equipes conseguem acompanhar os movimentos feitos no procedimento.
Vídeo com a demonstração da cirurgia robótica – Vídeo: Hospital de Caridade/Divulgação/ND
Há outras três cirurgias como estas programadas para serem feitas na cidade, mas ainda sem datas definidas.
A primeira cirurgia operada à distância foi em 2001. Na época, um cirurgião de Nova Iorque fez uma cirurgia para remoção de vesícula de um paciente que estava na Alemanha. Tudo isto foi feito por um sistema de cabeamento de fibra ótica subaquático, muito inferior à tecnologia 5G.
E no SUS? 5i1yr
A SES (Secretaria de Estado da Saúde) não confirmou se os hospitais públicos de Santa Catarina possuem máquinas que possam receber o sinal. Segundo a pasta, o assunto está sendo estudado pelos profissionais para então poder ser implantado, sem datas para acontecer.
De acordo com o Secretário de Saúde de Florianópolis, médico cirurgião e professor universitário, Carlos Alberto Justo da Silva, a tecnologia poderá permitir que um médico em outro Estado opere alguém em Santa Catarina, por exemplo. Porém, para cirurgias como essa seria preciso aparelhos tecnológicos que “rodem” o 5G, assim como com os celulares.
“O 5G é como uma estrada. Não adianta ter seis pistas se você tem um carrinho que não aguenta essa distância. É preciso ter um ‘carro’ (metáfora para os aparelhos que fazem a cirurgia) melhor para utilizar o 5G”, explica Silva.
Silva conta que no futuro a tecnologia 5G vai permitir que pacientes com hipertensão, por exemplo, sejam controlados sem sair de casa.
“Se ele tiver um celular ou um relógio poderá ser possível ar isso diretamente para o prontuário dos médicos e disparar alarmes toda vez que apresentar alguma alteração”, conta.
Comunidades remotas 3l5b1r
O médico de f00amília e mestrando em Informática em Saúde, Carlos Henrique Martinez Vaz, explica que a tecnologia pode ajudar no atendimento das comunidades remotas, permitindo que os médicos supervisionem seus pacientes que estão no interior ou mais afastados de um serviço de saúde. No entanto, isso depende da disponibilização do 5G, que somente começou em algumas capitais.
“Acho pouco provável que seja uma implantação rápida pois além da disponibilidade da rede, tem que existir a compatibilidade dos dispositivos e ainda são poucos os dispositivos compatíveis com o 5G. Além disso, a própria disponibilidade da rede vai ser progressiva, com plano de cobertura nacional só em 2028”, conta o médico.
Veja o cronograma de implantação do 5G segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações): 5sm37
- 31 de julho de 2022: capitais e Distrito Federal tendo uma ERB a cada 100 mil habitantes.
- 31 de julho de 2023: capitais e Distrito Federal tendo uma ERB a cada 50 mil habitantes.
- 31 de julho de 2024: capitais e Distrito Federal tendo uma ERB a cada 30 mil habitantes.
- 31 de julho de 2025: capitais e Distrito Federal e cidades com mais de 500 mil habitantes tendo uma ERB a cada 10 mil habitantes.
- 31 de julho de 2026: cidades com mais de 200 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes.
- 31 de julho de 2027: cidades com mais de 100 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes.
- 31 de julho de 2028: pelo menos 50% das cidades com mais de 30 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes.
- 31 de julho de 2029: todas as cidades com mais de 30 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes.
Compartilhamento de dados 54v6z
O 5G na saúde vai potencializar o compartilhamento de dados entre o serviço de saúde e os pacientes, bem como a coleta de informações clínicas, como sinais vitais e imagens com alta resolução.
A tendência é que os aplicativos também se adaptem às novas possibilidades, permitindo novas funções de forma sincronizada com os pacientes. Isso evitará deslocamentos desnecessários e pode gerar mais rapidez para resolver os problemas, segundo Vaz.
Já nos Centros de Saúde, o médico de família acredita que no futuro pode haver mais capacidade de checagem de exames, acompanhamento de feridas, monitoramento de sinais vitais em domicílio e, quem sabe, a incorporação de Inteligência Artificial nos sistemas de prontuários eletrônicos.