Festa do Divino de São José reúne tradição e fé na cidade 2v5b6n

Promessas, cortejos e sopa: celebração mistura religiosidade e identidade cultural 5h5p6

Festa do Divino de São José – Na foto Braz-Luciana-Tairone e Moacir – Foto: Germano Rorato

As tendas já estavam todas montadas e, dentro da Igreja Matriz de São José, os voluntários finalizavam os últimos ajustes na organização e limpeza. Ontem, a movimentação estava intensa nos arredores do Centro Histórico de São José para a 173ª Festa do Divino Espírito Santo. Do lado de fora, voluntários iam e vinham, atentos a cada detalhe.

O evento começa nesta sexta-feira (30), com o retorno das bandeiras e a tradicional distribuição da Divina Sopa, e prossegue até a segunda-feira, com uma programação cheia de simbolismo, religiosidade, fé e cultura.

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Celebrada em São José desde 1851, a festa é um dos eventos mais antigos e significativos do calendário da cidade. Patrimônio Imaterial do município, a celebração carrega o legado dos açorianos que chegaram à região em meados do século 18.

“Essa tradição é muito forte para os açorianos. Quando eles migraram para o Brasil, trouxeram com eles a devoção. Aqui em São José, isso vai além de uma festa, é uma profunda manifestação de fé no Espírito Santo”, explicou o coordenador da festa, Moacir da Silva.

Coordenador da Festa do Divino de São José, Moacir da Silva – Foto: Germano Rorato

Segundo o coordenador da Festa do Divino de São José, os preparativos começam ainda no fim do ano anterior, mas o trabalho mais intenso se concentra nas últimas três semanas. Como a festa ocorre sempre na Ascensão de Jesus, data móvel do calendário litúrgico, é preciso reorganizar tudo anualmente.

“Esse ano caiu no fim de maio, mas no ano que vem vai ser no início. Independentemente da data, exige um grande esforço coletivo. Estimamos cerca de 400 voluntários revezando nos diferentes setores. A festa só ocorre porque a comunidade participa”, afirma Silva.

Origem da Festa do Divino de São José 463a71

A origem remonta à promessa feita pela Rainha Isabel de Aragão, no século 13, pela paz entre Portugal e o Reino de Aragão. A monarca pediu intercessão do Divino Espírito Santo e, com o fim da guerra, instituiu a festa como agradecimento. Em São José, essa história atravessou gerações. “Já são 173 anos de celebração. Claro que ao longo do tempo a festa foi se adaptando, mas sempre manteve viva a essência da fé e da cultura do nosso povo”, disse o padre da paróquia de São José, Braz Junckes Ricardo.

Promessa para engravidar faz casal ser os festeiros 4p1s60

Todo o evento é montado em torno da Igreja Matriz. Além da infraestrutura, a preparação envolve também um calendário espiritual. As novenas do Divino, que antecedem a festa, reúnem fiéis. A última delas é organizada pelos festeiros, que, neste ano, são o casal Luciana Martins Cavalcante e Tairone Cavalcante Junior.

Luciana lembra que o compromisso com a Festa do Divino de São José começou com uma promessa feita há dez anos. “Estávamos tentando engravidar da nossa primeira filha, e durante o tratamento, prometi que se conseguisse ser mãe, seríamos festeiros ao completar dez anos de casamento. A promessa foi feita e anotada pelo Moacir. Agora, acredito que seremos o primeiro casal a renovar os votos na missa de domingo”, conta.

Casal festeiro da Festa do Divino de São José – Foto: Germano Rorato

O casal é o mais jovem a ocupar o posto de festeiro e, além de representar simbolicamente a fé da comunidade, também assume tarefas financeiras e práticas. “Nosso papel é organizar todo o cortejo da Família Imperial, cuidar da decoração, dos trajes, do cabelo, maquiagem, da estrutura. Também somos responsáveis por manter tradições, como a Divina Sopa, e ajudar na divulgação da festa, principalmente entre os jovens. Queremos atrair novas gerações para manter essa tradição viva”, explica Luciana.

O cortejo é uma das expressões mais emblemáticas do festejo. Realizado em diferentes momentos entre sábado e segunda-feira, ele é composto por pessoas vestidas com trajes reais. Neste ano, Luciana conta que o casal abriu espaço para que duas meninas da comunidade realizassem o sonho de fazer o papel de imperatriz.

Para a comunidade, a Festa do Divino de São José é o ponto de encontro entre fé, cultura, memória e identidade. “É um momento muito bacana, de muita espiritualidade. Todo mundo se conecta pela fé. Estar imersa nessa experiência tem sido transformador”, resume Luciana.