Diante dos últimos acontecimentos no país, que explodem no cume de uma escalada autoritária fantasiada de resistência democrática, restam duas opções: ou as instituições reagem ao pacto covarde do vale-tudo ou a reação virá de fora da institucionalidade, desordenada, por parte da imensa maioria que não quer entregar os seus direitos e a sua liberdade a meia-dúzia de malandros. Este caminho será bem mais doloroso para todos.

Como está hoje o estado de direito no Brasil, nos encontramos no seguinte padrão de conduta: eu mando a minha polícia na casa de quem eu quiser, na hora que eu quiser, pelo motivo que eu quiser e ninguém tem nada com isso. Empresários, trabalhadores, parlamentares, jornalistas e cidadãos em geral não podem ameaçar o meu direito de ir e vir na casa deles.
Como esse padrão de faroeste pode ter se instalado? Simples: se instalou graças aos democratas de auditório – que aplaudem pé na porta sem lei fingindo que isso é depuração do ambiente contra o fascismo imaginário. Aí quando os prepotentes que chutam porta de residência na hora que querem são criticados, os democratas de auditório se levantam com seus surtos ageiros de legalismo pacifista.
O que dizer a esses hipócritas? Vai indo que eu já vou? Fiado só amanhã? Me empresta a sua máscara? Ou alguma coisa mais incisiva?
A resistência cenográfica chegou ao ápice do cinismo ao apoiar censura hedionda às vésperas da eleição – de novo com o álibi de que aquilo é para evitar que gente ruim espalhe ódio e mentira por aí, etc. Álibi vagabundo – poderiam ter ao menos procurado um melhorzinho. Carmen Lúcia disse “cala a boca já morreu” ao barrar uma ação de integrantes da MPB que queriam censurar biografias. Mas o mundo dá voltas, e a ministra acabou virando amiga de infância dessa nata da MPB, como se vê pelos constantes congraçamentos.
E o cala a boca ressuscitou. Mais especificamente, para proibir que se fale da biografia do candidato dos amiguinhos da MPB. Que coincidência! O cala a boca endossado vergonhosamente pela ministra Carmen Lúcia, enchendo a lei de gambiarras, serve hoje para impedir que se fale da ladroagem de Lula, o guru dos anjinhos da MPB – com os quais Carminha resolveu ser feliz para sempre, depois daqueles contratempos no ado recente.
Você decide: proibir que falem da biografia de Lula é censura ou apenas classificação de conteúdo adulto?
Aos que estão gritando contra a censura hedionda do TSE, cabe a pergunta: o que vocês vão fazer? Quem deu poderes absolutos a um tribunal eleitoral? Ninguém? Então isso tem que parar, certo? O Congresso foi fechado? O Ministério Público foi extinto? O povo foi proibido de sair na rua? Não? Então mexam-se! Antes que seja tarde. (Talvez já seja).