A primeira aula da disciplina optativa “Tópicos Especiais em Ciências Políticas: O Golpe de 2016 e o Futuro da Democracia no Brasil”, do curso de graduação em Ciências Políticas da UnB (Universidade de Brasília), foi ministrada nessa segunda-feira (5) pelo professor Luís Felipe Miguel. Como ele mesmo disse, segundo relato da “Folha”, a disciplina causou “certo alvoroço”. Nascido no Rio de Janeiro, criado em Florianópolis, filho do escritor Salim Miguel, Luís Felipe assegura que é uma “aula normal”.

Não é. Houve reforço na segurança na universidade, após uma repercussão que alcançou o país. Não foi permitido o ingresso dos chamados alunos ouvintes, ou seja, os que não estão matriculados. Aliás, além das 41 vagas, há uma lista de espera com mais 40 interessados. Uma sala em bloco mais isolado foi ocupada para evitar tumultos.
O ministro da Educação, Mendonça Filho, acionou órgão de controle para apurar suposta “improbidade istrativa” dos criadores da aula. Questionou se a UnB poderia “promover uma disciplina que não tem nenhuma base na ciência”. A medida gerou reações. O próprio ministro terá que responder a um processo na Comissão de Ética da Presidência.
Em meio à repercussão, ao menos outras dez universidades decidiram criar disciplinas ou atividades sobre o “golpe de 2016”. Uma delas é a UFSC, em que Luís Felipe é graduado em Jornalismo.
É plausível o argumento de que a matéria é mera promoção de tese político-partidária. Mas, também não se pode desconsiderar que o ambiente universitário precisa fomentar temas e perspectivas plurais, conflitantes, como deve ser a política.