O diretório nacional do PSDB decidiu nesta segunda-feira (22), concluir até o próximo domingo (28), o processo de prévias do partido para a escolha do candidato à Presidência da República.

As prévias foram suspensas após falhas no sistema de votação por aplicativo. O problema técnico provocou muita tensão e troca de acusações entre os concorrentes, escancarando o racha no partido.
O prazo adicional de uma semana foi estabelecido de comum acordo durante reunião de dirigentes nacionais com as campanhas dos três pré-candidatos, os governadores de São Paulo, João Doria; do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio.
Uma das hipóteses prováveis é que, ao longo da semana, os grupos de filiados sejam divididos e em a votar de forma escalonada. As datas ainda não foram divulgadas, mas a intenção das campanhas é de que parlamentares federais, estaduais, prefeitos, governadores, vice-prefeitos e vereadores votem ao longo da semana e os filiados, no domingo.
“O partido ainda aguarda manifestação da empresa contratada, a Faurgs (Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Se até esta terça-feira ela não oferecer garantias concretas de viabilidade e robustez da solução contratada, o PSDB adotará tecnologia privada para concluir o processo de prévias. Em qualquer alternativa, a integridade do processo eleitoral será rigorosamente observada.” PSDB, em nota
Políticos do PSDB chegaram a cogitar que o aplicativo usado no domingo tenha sido alvo de ataques por hackers, mas não há evidências dessa suspeita.
Segundo parlamentares, houve problemas no reconhecimento facial dos votantes, que impediram a autenticação de milhares de filiados cadastrados para votar.
O diretório tucano sediou, nesta segunda-feira, uma reunião com técnicos e consultores envolvidos na eleição interna, entre eles auditores da BidWeb e da Kryptos, e os desenvolvedores da Faurgs, responsável pelo aplicativo, que custou entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões. A reunião não chegou a conclusões sobre as causas dos problemas.
Não está descartada a contratação de uma quarta empresa para viabilizar a votação por meio de aplicativo. “Reiteramos que todos os votos registrados desde a abertura da votação neste domingo estão válidos e serão computados”, disse o PSDB, em nota.
Entre João Doria e Eduardo Leite, PSDB sairá das prévias mais dividido do que entrou z203r
O grande desafio do vencedor da disputa será refazer pontes com outros partidos de centro-direita, na tentativa de liderar uma chapa da terceira via à sucessão do presidente Jair Bolsonaro, em 2022.
O duelo não é somente entre o governador de São Paulo, João Doria, e o do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Trata-se de um confronto entre grupos e visões que eles representam dentro do PSDB.
Se João Doria vencer?
Se o governador paulista for candidato, aparecerá na campanha como “João”, o homem responsável por trazer a vacina contra covid-19 para o Brasil. O grupo do governador paulista avalia que a vacina será para ele, em 2022, o que o Plano Real foi para Fernando Henrique Cardoso, em 1994.
Assista à entrevista exclusiva de Doria à NDTV
Se Eduardo Leite vencer?
Eduardo Leite é apoiado pelo deputado Aécio Neves (MG), inimigo de Doria. Leite disse que as prévias serviam para o PSDB decidir se terá “viabilidade eleitoral” em 2022 ou se sairá “vencido” antes da hora.
Assista à entrevista exclusiva de Leite à NDTV
E Arthur Virgílio?
Da velha guarda do tucanato, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio não tem chance nesse páreo, mas foi quem lançou a questão mais relevante da campanha, chamando a atenção para a necessidade de “desbolsonarização” do PSDB.
Desde o vexame nas urnas na eleição de 2018 ao Palácio do Planalto, quando Geraldo Alckmin não chegou a 5% dos votos, o partido se dividiu ainda mais e uma ala significativa aderiu ao governo de Jair Bolsonaro. De lá para cá, o racha só se aprofundou.
Com informações do Estadão