Na terra do ‘eles’ contra ‘nós’ 5wd5s

A baixa política nivelou os sentimentos da fome de justiça com o do puro ódio contra “o outro”

Vivemos nesses dias em que predomina a vontade de um único poder, o Supremo, momentos de perplexidade e anarquia institucional. Prevalece uma guerra de uns contra os outros sobre a gradual desestabilização dos poderes do Estado.

A baixa política nivelou os sentimentos da fome de justiça com o do puro ódio contra “o outro” – o que dividiu o país entre “os que não são como nós” e os que “pensam como eles”. Precisamos de uma nação plural em que “todos” se harmonizem com “todos”.

Plenário do Senado Federal – Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/NDPlenário do Senado Federal – Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/ND

Não poderá haver uma nação onde prevalece apenas o ódio, ou somente a injustiça, sem o sentimento da genuína democracia, que é o da tolerância no cotidiano, o da convivência dos contrários, a aceitação do “outro”, a alternância no poder, a crença de que a formação de uma eventual maioria para a boa governança deva ser vista não como a “derrota deles”, mas a vitória do país como nação.

Mudar, sim, é preciso. Mudança na lei eleitoral e no sistema partidário. Quem sobrevive a um Legislativo com 35 partidos representados em plenário? Uma Babel que é um convite às barganhas dos petrolões, com direito a um indecoroso mês de “bonificação” – em que o verbo “trair” é conjugado sem medo. Há partidos que já mudaram de nome inúmeras vezes.

De dez em dez minutos surge um partido novo e os trânsfugas vão mudando de camisa e de cueca, “aquelas”, com carteira embutida, própria para guardar dólares. Multiplicam-se nessa sopa de aletria miríades de legendas constituídas à sombra dessa kafkiana legislação eleitoral, que a tudo permite, especialmente a fraude.

Qual desses 35 “paletós” nos representa?Não existe nada parecido no mundo: Câmara e Senado fragmentados em mais de 35 partidos (e outros 70 em formação), pesadelo que conduz apenas à total “ingovernabilidade”. A impunidade começa na cúpula dos partidos políticos. Muitos deles fictícios, sem a menor representatividade.

É frustrante ligar-se a tevê em horário nobre e lá encontrarmos um oportunista prometendo um “partido honesto”. São meros “acampamentos de conveniências”, responsáveis por toda a degenerescência moral que assusta os brasileiros de bem. É uma pena.

Fora de partidos sérios e de um sistema político baseado na representação popular, com voto distrital, não há salvação.Com os políticos trocando de partido de hora em hora, ninguém acredita mais na mensagem, nem nos mensageiros.

O efeito é devastador para todos os lados. O descrédito é geral. Com 35 líderes de partidos no Congresso, a construção de uma maioria que garanta a governabilidade está comprometida – e o país, ingovernável.

Não pode ser sério um país cuja representação em plenário mude quase todos os dias, ao sabor da migração de suas excelências.Ou o Brasil acaba com o facilitário do partidarismo delirante ou este sistema anárquico acaba com o Brasil.

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