
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) voltou ao noticiário após a PGR (Procuradoria-Geral da República) pedir ao STF sua prisão preventiva nesta terça-feira (3). O pedido foi feito depois de a parlamentar anunciar que havia deixado o Brasil “há alguns dias” em direção à Europa, alegando motivos de saúde.
Segundo Zambelli, ela vai solicitar licença não remunerada da Câmara dos Deputados. Apesar do anúncio, seu nome ainda consta como deputada em exercício no site oficial da Câmara.
Além do tratamento, a deputada afirmou que sua saída tem também motivações políticas. Ela declarou que pretende “denunciar a ditadura” que, segundo ela, estaria em curso no Brasil.
Em entrevista à CNN, ela afirmou ser intocável: “Tenho cidadania italiana e nunca escondi, se tivesse alguma intenção de fugir eu teria escondido esse aporte. (…) Como cidadã italiana eu sou intocável na Itália, não há o que ele possa fazer para me extraditar de um país onde eu sou cidadã, então eu estou muito tranquila quanto a isso”, afirmou.
Tumor no cérebro e início da trajetória política i196x
Carla Zambelli tem 45 anos e nasceu em Ribeirão Preto (SP). Se formou em Uninove (Planejamento Estratégico Empresarial pela Universidade Nove de Julho) e atuou na área até 2015, quando precisou se afastar do trabalho para tratar um tumor no cérebro.
Em entrevista em 2023, ela afirmou ter tido outros problemas de saúde desde a infância e disse ser portadora da síndrome de Ehlers-Danlos, condição rara que afeta articulações, pele e vasos sanguíneos.

Na política, Zambelli fundou o Movimento Nas Ruas, que ganhou projeção durante os protestos pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT).
Em 2018, foi eleita deputada federal pelo PSL e reeleita em 2022 pelo PL, sendo a segunda mais votada do estado de São Paulo. Desde então, tornou-se uma das principais aliadas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Condenação e risco de perder o mandato 391l18
O anúncio de saída de Carla Zambelli país veio poucos dias após o STF condenar a parlamentar, por unanimidade, a 10 anos e 8 meses de prisão, além da perda do cargo de deputada. A decisão foi motivada pela participação da parlamentar na invasão ao sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em 2023.
Na ação, o hacker Walter Delgatti Neto emitiu documentos falsos, incluindo um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, com frases como “faça o L”.

Para os investigadores da Polícia Federal, Zambelli teve papel direto no plano, já que documentos encontrados com ela coincidiam com os arquivos inseridos no sistema por Delgatti. A PF concluiu que a intenção era desacreditar o Judiciário.
A perda de mandato, embora prevista na condenação, ainda depende de uma decisão da Câmara dos Deputados, conforme determina a Constituição. No entanto, a jurisprudência do STF permite que a Corte declare a perda automaticamente se a pena for superior a 120 dias de prisão em regime fechado – o que é o caso. A Mesa Diretora da Câmara, nesse cenário, apenas oficializa a decisão.
Carla Zambelli e a campanha para arrecadar dinheiro por Pix 1e5g4a
Ainda em maio deste ano, após a sentença do STF, Zambelli afirmou ter arrecadado mais de R$ 166 mil em um dia, por meio de doações via Pix feitas por apoiadores e seguidores nas redes sociais.
O dinheiro, segundo a deputada, seria destinado para o pagamento das multas determinadas pelo Supremo.
“Se você acredita na minha luta, se entende que o que está em jogo é muito maior do que uma condenação injusta, me ajude”, pediu Zambelli em publicação no Instagram no dia 20 de maio.
Ameaça com arma nas eleições de 2022 1p47n
Carla Zambelli também responde a outro processo no STF por perseguir um homem com uma pistola na véspera do segundo turno das eleições de 2022.
Já há maioria formada para condenar a deputada por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo e cassar o mandato dela, mas o julgamento está suspenso por um pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques.

Na entrevista desta manhã, Carla disse ter sido usada como “bode espiatório” pela derrota de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, em especial pelo advogado Fábio Wajngarten. E que o episódio da perseguição a um cidadão de arma em punho na véspera do pleito a afastou do então presidente e a colocou em depressão.
*Com informações de Estadão.