
As parlamentares da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) foram ameaçadas por e-mail, que segundo nota oficial tinha teor “misógino, racista e capacitista”. O ataque às deputadas estaduais de SP ocorreu no sábado (31) e será investigado pela Casa.
Na noite desta segunda-feira (2), várias das parlamentares publicaram nas redes sociais nota oficial em nomes de todas as mulheres que cumprem mandato na Alesp. A bancada feminina ocupa 24 das 94 cadeiras da Casa, mas não ocupa nenhum cargo na mesa diretora, presidida por André do Prado (PL), aliado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). O ataque às deputadas estaduais de SP ocorreu de forma anônima.
“O e-mail é um ataque claro ao direito de mulheres exercerem seus espaços de poder na política institucional, um espaço já tão reduzido na Alesp, onde somos 24 em 94 deputados. É também um ataque direcionado a pessoas com deficiência, a pessoas negras, a pessoas idosas, públicos já historicamente vulnerabilizados em um país como o nosso”, afirma Andréa Werner (PSB).

Para a parlamentar, o ataque às deputadas estaduais de SP ocorre porque criminosos se sentem seguros para atuar na internet. “Essa é uma situação que revela o quão urgente também se faz a adoção de políticas públicas mais eficazes sobre o uso de redes sociais e aplicativos de mensagens. Não é possível que criminosos ajam impunes no ambiente digital, ou fora dele”, defende.
Ataque às deputadas estaduais de SP i5451
Até a publicação desta reportagem, oito parlamentares já tinham feito a publicação da nota conjunta sobre o ataque às deputadas estaduais de SP: Andréa Werner (PSB), Beth Sahão (PT), Ediane Maria (Psol), Maria Lucia Amary (PSDB), Marina Helou (Rede), Monica Seixas do Movimento Pretas (Psol), Paula da Bancada Feminista (Psol) e Prof. Bebel (PT).
O texto sobre o ataque às deputadas estaduais de SP diz que o e-mail continha “ameaças aviltantes que, além de atingir a todas, ainda citava nominalmente algumas parlamentares. Infelizmente, casos de violência política como esse, organizados por grupos na internet, têm sido cada vez mais comuns.”

Ainda segundo a nota, algumas parlamentares já tinham recebido ameaças do tipo, mas foi a primeira vez um ataque foi direcionado à todas as mulheres da Casa. Elas informam que a polícia e a presidência da Alesp foram imediatamente acionadas.
“Intimidações desse tipo não podem ser aceitas sob o regime democrático em que vivemos, mas elas mostram o quão urgente também se faz a adoção de políticas públicas de enfrentamento à violência política de gênero”, finaliza o texto.
Violência política contra mulheres 4z4p1x
O ataque às deputadas estaduais de SP ocorre há menos de uma semana da eleição para a da Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres da Alesp. Na oportunidade, a deputada Dani Alonso (PL) como presidente, e Márcia Lia (PT) foi eleita para a vice-presidência.
Apesar das diferenças ideológicas da bancada, o clima foi de união e preocupação com a violência de gênero no ambiente político. “Vamos lutar para que as mulheres ocupem os espaços na política e que também tenham a garantia de serem protegidas. Que elas exerçam o direito de estar nesse espaço. A gente vê hoje o quanto as mulheres são atacadas, desmotivadas e muitas vezes incentivadas a desistirem”, afirmou a presidente.
Vice-presidente da comissão, Márcia Lia defendeu que “projetos de lei de temas que dizem respeito às mulheres têm que ser discutidos por mulheres. Essa comissão é fundamental para que a gente possa garantir cada vez mais a preservação dos direitos.”
Na reunião, as deputadas lembraram dos tons agressivos adotado por senadores em discussão com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede). Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 24% das mulheres que atuam na política já sofreram violência.