Não bastassem as bruxas, Florianópolis ou a ser habitada também por alienígenas que durante a pandemia instalaram “pontos de abdução” nas trilhas da ilha de Santa Catarina. Pelo menos é o que sugere duas placas instaladas no ponto mais alto dos morros da Aranha e da Coroa, nas praias do Santinho e da Lagoinha do Leste, respectivamente.

Feitas com madeira de construção reciclada e pintadas com esmalte, as tabuletas são pontos turísticos aos trilheiros da Capital e fazem parte do projeto “Espalhando o Amor” da fotógrafa e artesã Fernanda Marcondes. O projeto começou em fevereiro de 2020 com a instalação de placas motivacionais – os ETs vieram depois, em outubro daquele ano.
Ao todo dez placas com frases inspiradoras foram distribuídas por Florianópolis. São trechos de músicas como “dia lindo a gente faz” (Dazaranha) e “que o verão no seu sorriso nunca acabe” (Natiruts). Ou dizeres anotados por Marcondes. “São frases que me identifico e gostaria de falar para as pessoas”, conta a artista.
A ideia nasceu em meio a depressão vivida pela artista e potencializada pelo isolamento. O objetivo era “transmutar” a tristeza. “Era uma atividade em que podia me concentrar e colocar energia boa, espalhando para todas as pessoas. Com essa intenção eu produzia: transformar o sofrimento da depressão em amor”, diz Marcondes.
A magia da Lagoinha do Leste 5dd6i
A abdução citada pela artista na verdade é poética. “A Lagoinha do Leste é lugar que mais amo. Acho que todo mundo que sobe lá sente a energia. É o ponto mais místico”, afirma. A placa foi instalada lá em 24 de outubro de 2020. Marcondes também dedica tempo para fiscalizar todas as 12 placas e evitar alguma queda que esteja afetando o meio ambiente, garante.
Tem quem reclame, mencionando poluição visual e que o ambiente natural não deveria ter interferência. “Gostaria de destacar que me preocupo e preservo. A intenção não é poluir”, ressalta. “Tem tanto restaurante se proliferando na Lagoinha do Leste, por exemplo, e as pessoas se preocupam com uma placa”.
Marcondes veio de fora, mas não chega a ser alienígena. Ela deixou São Paulo e de certa forma foi abduzida pela Ilha. Foi aqui, em 2016, que trocou o ofício de técnica ambiental e ou a ser artista, desenvolvendo a técnica da fotografia e do artesanato. A feira da Lagoa da Conceição, na praça Bento Silvério, foi onde teve o primeiro contato com o público. A partir de dezembro as vendas ocorrerão na feira do bairro Ingleses. Encomendas podem ser feitas pelo Instagram.
Marcondes pretende também instalar mais dois “pontos de abdução”, desta vez na região Leste e Oeste da ilha de Santa Catarina. “Faz uma diferença enorme, o turista vê uma placa assim e é tocado por ela”.