Com um histórico de qualidade duvidosa para banho de mar, o ponto da praia dos Ingleses na foz do rio Capivari voltou a ser alvo de reclamações de moradores e banhistas. Nas últimas semanas de 2018, mesmo com cheiro forte e coloração escura da água, uma placa do IMA (Instituto do Meio Ambiente) chegou a apontar o local como próprio para banho. O ponto só voltou a estar impróprio na primeira leitura de 2019, no dia 4 de janeiro. O município diz que a poluição é fruto de ligações clandestinas de esgoto das residências próximas e das ações dos caminhões limpa-fossa, que estariam despejando efluentes nos canais de drenagem que escoam para o rio. A Casan, concessionária responsável pelo serviço de saneamento, promete concluir as obras de construção da rede coletora e da Estação de Tratamento que vai atender Ingleses e Santinho até o final de 2019.

“Eu sou do tempo em que as crianças tomavam banho nesse rio. Mas de uns dez anos para cá o problema tem se agravado e é assim toda temporada. O problema disso é que não tem rede de esgoto e vai tudo pro mar”, desabafou o morador Sérgio Muller, 70, vizinho ao rio. Sérgio relatou o um dos netos contraiu uma virose depois de um banho de mar na região: “E o que vejo nesses anos todos é que ninguém faz nada, só prometem”.
No dia 2 de janeiro, após denuncias dos moradores, fiscais da Vigilância em Saúde, Floram, além de equipes de apoio do Programa Floripa Se Liga Na Rede e da Secretaria de Infraestrutura, visitaram dois condomínios localizados nas proximidades do rio e constataram o lançamento irregular de esgoto.
“Um prédio com 110 moradias estava jogando esgoto direto no rio Capivari. Além disso, temos relatos de que os caminhões limpa-fossa também estão despejando esgoto nas valas de drenagem. Estamos cobrando uma fiscalização mais intensa da Casan”, afirmou o secretário Valter Gallina, da Secretaria de Infraestrutura de Florianópolis.
Segundo Galina, o maior problema da poluição das águas do rio Capivari ainda são as ligações irregulares que lançam efluentes no rio que vão direto para o mar. “Ao longo do leito do rio não há tratamento de esgoto. O que é preciso ser feito é a conclusão da rede coletora e da estação de tratamento para depois disso cobrarmos a implantação de uma Unidade de Recuperação Ambiental, como foi feito no rio do Brás”, explica.
Em 2016 um extravasamento da Estação de Tratamento de Canasvieiras acabou agravando a situação do rio do Bras chamando a atenção para a poluição do curso d’água, que também é histórica. Na época, diferentes órgãos atuaram para contornar a situação e melhorar a qualidade das águas do Brás. Nesta temporada, em Canasvieiras nenhum ponto da praia está impróprio para banho. Nos ingleses, apenas o ponto em frente a foz do rio capivari está impróprio.
Fiscalização flagrou residências sem rede de esgoto 2i6eu
A Blitz Se Liga Na Rede esteve no bairro antes mesmo do início da temporada e fiscalizou um shopping, seis condomínios e seis residências. Todos apresentaram irregularidades e estão com processo em andamento nos órgãos sanitário e/ou ambiental do município.
Foram vistoriados imóveis nas ruas Brisamar, das Gaivotas, Canudos, Martinho de Haro e dos Mariscos. Somente nas duas últimas havia rede coletora de esgoto em operação. Entre os locais fiscalizados, quatro condomínios eram de grande porte e um era constituído de apenas um bloco.

Estação e rede coletora só para o fim de 2019 5610u
Segundo a Casan, os trabalhos para implantação de 58 quilômetros de rede de coleta de esgoto estão quase 70% concluídos, mas os trabalhos só devem ser concluídos no fim de 2019. O investimento, da ordem de R$ 92 milhões, do projeto Ingleses-Santinho é uma ação conjunta da Casan, governo do Estado e Prefeitura de Florianópolis com investimento financiados junto à JICA (Agência de Cooperação Internacional do Japão). Quando concluído, o SES Ingleses-Santinho irá atender todo o centro de Ingleses (áreas norte e sul do bairro) e a praia do Santinho, beneficiando cerca de 42 mil moradores fixos.