Moro diz que não assinou exoneração e denuncia interferência política na PF 3f115h

Ministro chegou às 11h10 para coletiva na sede do Ministério da Justiça e Segurança Pública; decreto com mudança foi publicado na sexta (24)

O ministro Sergio Moro realizou uma entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (24) na sede do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Moro disse que não assinou o decreto em que consta a saída do diretor-geral da Polícia Federal e denunciou interferência política no órgão.

Maurício Valeixo foi exonerado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em Decreto publicado no Diário Oficial da União desta sexta-feira.

Ministro Sergio Moro – Foto: Marcos Corrêa/PRMinistro Sergio Moro – Foto: Marcos Corrêa/PR

Ao fim da coletiva, que durou cerca de 50 minutos, Moro anunciou ainda seu pedido de saída do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública.

Na quinta-feira (24), ao ser comunicado por Bolsonaro sobre a decisão, Moro avisou que deixaria o governo e afirmou que não poderia aceitar mudanças na chefia da instituição.

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Coletiva de imprensa 3e4t2m

Moro chegou à coletiva por volta das 11h10. Após cumprimentar a imprensa e servidores do Ministério, o ministro comentou sobre sua atuação na Operação Lava-Jato.

Ele comentou sobre a autonomia da Polícia Federal durante os trabalhos de investigação. Citou o compromisso no combate à corrupção e ao crime organizado e reforçou que assumiu o cargo para buscar um nível de formulador de políticas públicas.

“Trabalhamos duro contra a criminalidade organizada. Claro que estamos sujeitos à crítica e outras opiniões, mas nunca houve um combate tão efetivo à criminalidade organizada como nessa gestão”, disse Moro.

O ministro citou a prisão da maior liderança do PCC que estava há 20 anos foragida, além do recorde de apreensões de drogas. Comentou que houve uma atuação próxima das forças de segurança estaduais e, até mesmo, municipais.

Citou também o fortalecimento da PF e da PRF (Polícia Rodoviária Federal) com a ampliação dos concursos existentes e a criação do Seop (Secretaria de Operações Integradas).

“Investimentos na inteligência e várias outras áreas do Ministério da Justiça também tiveram um bom ganho de efetividade”, disse.

Troca de comando na Polícia Federal 6m4k4j

O ministro Sergio Moro falou sobre o apoio do presidente Jair Bolsonaro durante o primeiro ano de gestão à frente do Ministério. No entanto, Moro comentou que a partir do segundo semestre de 2019, ou a haver uma insistência por parte de Bolsonaro na troca do comando da Polícia Federal.

“Não tenho problema com isso, mas preciso de uma causa, que deve ser relacionada à insuficiência de desempenho. Pelo histórico do diretor-geral, foi um trabalho bem feito que envolveu várias operações importantes de combate ao crime organizado”, rebateu Moro.

O ministrou relembrou que em 2019, por 4 meses o órgão ficou sem poder movimentar inquéritos por decisão judicial, mas que o trabalho continuou a ser feito. “A queda dos índices criminais é indicador de que o trabalho estava sendo positivo”, completou.

Sem motivo para a substituição 32y6m

O ministro Moro comentou que há bons nomes para assumir o cargo de diretor-geral da PF. Porém, para ele, não há uma causa para a substituição e estaria clara a interferência política, o que abalaria a credibilidade do próprio ministro e do governo federal com o compromisso da Lei.

Moro falou que o problema não é uma nova nomeação, mas os motivos que levaram à exoneração do então diretor-geral da PF e a interferência política no âmbito do órgão de segurança federal.

“O presidente me disse mais de uma vez, que queria ter alguém do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, colher informações, relatórios de investigação. Não é o papel da PF prestar esse tipo de informação, tem que ser preservada. A autonomia é valor fundamental que temos que preservar dentro de estado de direito”, afirmou Moro.

Encaminhamento da demissão 6p36h

Ao fim da coletiva de imprensa, Sergio Moro anunciou o encaminhamento de sua carta de demissão alegando que não teria condições de preservar a autonomia da PF na realização dos trabalhos.

Sobre a nomeação de um novo nome para o cargo de diretor-geral da PF, Moro reforçou que, independentemente de sua saída do Ministério, seja feita uma escolha técnica, sem preferências pessoais.

“Que seja indicado alguém que possa realizar um trabalho autônomo, independente e que não concorde com a troca de delegados e superintendentes por motivos injustificados”, disse Moro.

O ministro da Justiça finalizou a coletiva dizendo que pretende “descansar um pouco” e procurar um emprego “mais adiante”. Por fim, Moro reafirmou que, independentemente de onde esteja, sempre estará à disposição do país.

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