O presidente Jair Bolsonaro fez duras críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, na manhã desta quinta-feira. Quando saía da residência oficial, Bolsonaro parou para falar com a imprensa comentou a atuação do magistrado. Alexandre de Moraes suspendeu a nomeação do delegado Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal.
Bolsonaro disse ter sido uma decisão política e que “quase” foi criada uma crise institucional entre os poderes.
“Por muito pouco. Tirar numa canetada, desautorizando o presidente da República argumentando impessoalidade? Quase tivemos uma crise institucional, quase, faltou pouco. Eu não engoli ainda essa decisão do senhor Alexandre de Moraes, não engoli. Não é essa forma de tratar o chefe do Executivo”, disse Bolsonaro, que lembrou a própria indicação de Alexandre de Moraes para o STF.
“Quem colocou ele não Supremo Tribunal Federal foi o Temer”, disse. Alexandre de Moraes foi ministro da Justiça e Segurança Pública no governo de Michel Temer.
O presidente orientou sua assessoria a procurar a equipe de gabinete de Moraes. Ele quer que o ministro do STF se pronuncie também sobre a permanência de Ramagem na Abin. Ele é diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, cargo que ocupa desde o começo deste governo.
“Se pode dirigir a Abin, por que não pode na Polícia Federal? O senhor vai retirar o Ramagem da Abin, que é tão importante quanto o diretor-geral da PF? É questão de coerência. Queremos o respeito de dupla mão entre os poderes. Então o senhor Alexandre de Moraes tem que decidir imediatamente se o senhor Ramagem pode ou não continuar à frente da Abin.”

A “impessoalidade” a qual se referiu Bolsonaro, diz respeito à proximidade de Ramagem com a família do presidente. Ele atuou na segurança pessoal do presidente após a vitória no segundo turno das eleições.
“A amizade não está prevista como cláusula impeditiva para alguém tomar posse. E é uma pessoa competente, de acordo com a própria PF, e daí a relação de amizade. A minha segurança pessoal só não dormia comigo. E por que eu não posso prestigiar uma pessoa que eu conheci com essa profundidade? É a relação de confiança”, argumentou Bolsonaro.
Alexandre de Moraes suspendeu o decreto de nomeação e a posse do delegado Alexandre Ramagem como novo diretor-geral da Polícia Federal (PF). Na decisão, anunciada nesta quarta-feira (29), o ministro citou declarações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Este, ao deixar o cargo na semana ada, acusou o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir politicamente na PF.
Bolsonaro avisou que a Advocacia-Geral da União (AGU) vai recorrer da decisão de Moraes.

Sergio Moro 3s5q1r
O presidente falou também sobre essas denúncias feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública
“O ônus da prova cabe a quem acusa. Nenhum superintendente – da PF – foi trocado. Eu sugeri duas superintendências. Ele ou a ser dono de tudo e não aceitava qualquer sugestão. O ego falou mais alto a vida toda dele”.
Bolsonaro destacou ainda que Sergio Moro fez um bom trabalho como juiz à frente da Lava Jato. No entanto, “como ministro deixou a desejar”.”