
Abre nesta segunda-feira (25), na Assembleia Legislativa, a exposição alusiva aos 190 anos da primeira colônia alemã de Santa Catarina, atual município de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis. Gravuras, livros, revistas, periódicos e objetos históricos integrarão a mostra, que vai até 1 de março, data de fundação da colônia, com visitação das 7 às 19h.
No início do século 19, logo após a proclamação da Independência, o governo imperial brasileiro acentuava uma preocupação estratégica: a ocupação do território, com imigrantes portugueses e açorianos, mostrava-se insuficiente para assegurar a integridade do País. Era necessário iniciar a colonização interiorana, distanciando-se das colônias implantadas nas regiões litorâneas.
Em Santa Catarina, especialmente nas proximidades da Capital, tornava-se imprescindível criar novos núcleos civilizatórios. Em acordo com autoridades de Estados da Alemanha – ainda não unificada -, a realeza brasileira acertou a vinda de imigrantes germânicos para formar o primeiro núcleo dessa etnia no Estado.

Os pioneiros imigrantes alemães chegaram ao porto da capital da Província, Nossa Senhora Desterro, em duas ocasiões: 7 e 12 de novembro de 1828. Desembarcaram do brigue Luiza e do bergatim Marquês de Viana um total de 635 colonos, vindos da região do rio Mosela (Hunrück e Eifel), atualmente Estado da Renânia-Palatinado. Durante cerca de três meses ficaram acomodados em acampamentos montados na Ilha de Santa Catarina, até que estivessem preparadas as terras que lhes seriam destinadas, numa área continental mais afastada do mar.
Em 1 de março de 1829 o major de milícias Silvestre José dos os, seguindo determinação do presidente da Província, Francisco de Albuquerque Mello, fundou a Colônia dos Alemães, no início do caminho para Lages, de acordo com o propósito de espalhar a povoação do território no sentido Oeste. Posteriormente, em homenagem ao padroeiro da família imperial brasileira, a colônia recebeu o nome de São Pedro de Alcântara.

As profissões e ofícios dos imigrantes eram ligadas à agricultura, ferraria, carpintaria e artesanato, além de militares. A maioria era de origem bem simples, alguns muito pobres. Eles tiveram que enfrentar as más condições de vida nos primeiros tempos, por causa da desorganização portuguesa na implantação da colônia. Logo depois que se instalaram em seus lotes começaram a produção de alimentos básicos para o sustento e para comercialização, entre os quais milho, feijão, batata, verduras, cana-de-açúcar, legumes, mandioca. À medida que chegavam novos imigrantes, a colônia se expandia e crescia consideravelmente. O fluxo migratório para a região de São Pedro duraria até 1860.

Município desde 1994
No dia 16 de abril de 1994 foi promulgada a lei 9.534, que desmembrou São Pedro de Alcântara do município de São José, ao qual pertencia desde 1833 (entre 1829 e 1833 a região de São José era integrante do território da capital da Província, Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis).
Sendo o município mais jovem, e um dos menores da Grande Florianópolis em termos populacionais, São Pedro de Alcântara luta para preservar sua identidade germânica, reconhecida oficial e culturalmente tanto no Brasil quanto na Alemanha.