Apesar de representar um patrimônio com 300 anos de história, a Catedral Metropolitana, no Centro de Florianópolis, sofre com falta de manutenção. No lado de fora, a pintura descascada e mofada, além dos os precários, deixam a impressão de descaso. No interior, a ausência de portas em uma das naves laterais e as imagens que ainda precisam de restauro expõem o imbróglio da reforma que, iniciada há 14 anos, nunca foi finalizada.

Segundo o presidente da comissão de restauração da Catedral, Roberto Bentes de Sá, apesar das tentativas e busca de recursos, não há previsão de quando a estrutura será entregue totalmente à cidade. Desde que a sexta fase foi finalizada, em 2015, ele espera verba do Estado para a conclusão da última etapa:
“Faz quase cinco anos que a sexta fase foi entregue, mas ainda há um último o pendente. Se não fizer essa última, todo o dinheiro gasto até aqui vai ser jogado fora”, lamentou.
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Restauração começou há 14 anos 2s2k71
Patrimônio tombado e um dos principais pontos turísticos da cidade, a igreja começou a ser restaurada ainda em 2005. À época, as obras contemplavam o restauro da parte interior e exterior da igreja, resgate histórico do local, melhorias e modernização nas estruturas. Entre 2005 e 2015, foram investidos R$ 12.700.000, divididos em seis etapas.
Com expectativa de investimento de R$ 4 milhões em um cronograma de 18 meses, a fase final deve contemplar a pintura de toda a estrutura externa, melhoraria das rampas de o à torre, restauração de alguns quadros e imagens sacras, conserto do órgão de tubos alemão e do carrilhão principal com cinco sinos, localizado na torre da igreja.
O dinheiro, fruto de Fundo Social aprovado pela Assembleia Legislativa no início da primeira gestão de Luiz Henrique da Silveira, em 2003, também englobava restauração de outras três igrejas mantidas como patrimônios estaduais. A Igreja Matriz de São José, a Matriz Nossa Senhora da Lapa e a Igreja de São Francisco tiveram obras iniciadas depois de 2005 e já foram concluídas.
Para Bentes de Sá, a conclusão das outras estruturas é a prova de que a Catedral não foi mais lembrada pelos órgãos estaduais. No entanto, a preservação e a manutenção do prédio que começou a ser construído em 1678 deve ganhar atenção:
“Esse é o ponto turístico mais visitado no Centro. Essa obra foi muito complexa por toda a história que tem por trás e infelizmente, com o tempo, foi esquecida. Deixaram ela de canto e, agora, está abandonada e se deteriorando muito rápido”, afirmou.
Em maio de 2018, quando o governo era liderado por Eduardo Pinho Moreira, a Arquidiocese de Florianópolis que acompanha o caso, mas não tem permissão de tocar na obra por ser tratar de um edifício tombado, pediu a retomada das obras. Dom Wilson Tadeu, Roberto Bentes de Sá e o executivo estadual discutiram a possibilidade. No entanto, a promessa de recomeçar a construção ficou apenas no papel.
Agora, segundo Bentes, uma nova audiência com o governador Carlos Moisés da Silva será marcada para mais uma tentativa.
Por meio de nota, o atual governo informou que todas as etapas previstas no convênio foram cumpridas nos últimos anos e, para que uma nova fase tenha início, é necessário “firmar novo convênio a partir de uma proposta a ser apresentada pela organização responsável pela restauração”.
Confira a nota enviada pelo governo do Estado: 2t632j
Todas as etapas previstas no convênio de revitalização da Catedral Metropolitana firmado com o Governo do Estado foram cumpridas. Segundo a Central de Atendimento aos Municípios, da Casa Civil, foram reados recursos no montante de R$ 12.700.000 em 6 etapas, iniciando no ano de 2005. Para que tenha início uma nova fase é necessário firmar um novo convênio a partir de proposta a ser apresentada pela organização responsável pela restauração.
Descoberta de ossada atrasou andamento das obras 1u4c5g

Durante os anos em que esteve em intervenção, as paredes e chão da Catedral trouxeram à tona pedaços da história de Florianópolis. Em 2010, enquanto trocavam o assoalho da Capela Nossa Senhora das Dores, localizada na nave lateral do prédio, arqueólogos descobriam ao menos 21 esqueletos humanos enterrados. Já nas paredes, os profissionais descobriram que ao menos sete camadas de tinta escondiam a pintura original feita com folhas de ouro.
Se por um lado a descoberta desses fragmentos ajudou a recriar a história da cidade, por outro, a notícia dos resquícios históricos acabou comprometendo o andamento das obras, uma vez que era necessário fazer estudo sobre os achados. De acordo com responsável pela obra, todas intervenções precisaram ser feitas com cuidado e precisão:
“Nas escavações a gente encontrou coisas interessantes, mas deu muita dor de cabeça prejudicou o nosso cronograma. Por exemplo, a gente teve que tirar amostra da tinta da parede e mandar para a Espanha analisar a composição”, comentou Bentes.
Construído por Francisco Dias Velho, fundador da cidade, a primeira estrutura levantada na catedral foi feita em 1678. Entre 1748 e 1922 a Matriz Catedral de Nossa Senhora do Desterro ou por muitas modificações. Após inúmeras reformas, o prédio foi tombado para ser restaurado.