Cancelamentos de turnês de Ivete Sangalo e Ludmilla é a ressaca do mercado saturado 5s4g5i

Profusão de shows, mega espetáculos, cachês e produções superestimadas e a realidade brasileira revelam um mercado de entretenimento saturado no Brasil, que o digam Ivete Sangalo e Ludmilla 316x6w

O cancelamento das turnês de Ivete Sangalo e Ludmilla é um balde água fria tardio nas pretensões do mercado de shows e festivais no Brasil.

Experimentamos a partir do pós-pandemia um “boom” no segmento do entretenimento, como se explodisse uma demanda reprimida por shows e espetáculos, das gigantes turnês internacionais e nacionais até os bares de ruas e circuitos independentes.

Mas ao cabo de um ano, vários alertas foram dados por produtores e artistas sobre uma bolha que dominava o mercado brasileiro e que estava sob pressão para estourar.

Cartaz de divulgação da turnê “Ludmilla In The House” que celebraria os 10 aos de carreira da cantora carioca. Seriam nada menos que 15 Capitais brasileiras no roteiro, mas a turnê acabou cancelada – Foto: DivulgaçãoCartaz de divulgação da turnê “Ludmilla In The House” que celebraria os 10 aos de carreira da cantora carioca. Seriam nada menos que 15 Capitais brasileiras no roteiro, mas a turnê acabou cancelada – Foto: Divulgação

As razões são várias, desde a demanda de público que arrefeceu, altos custos de produções, cachês e muita, mas muita concorrência de artistas em trânsito. A demanda duradoura de um público sedento por shows que se esperava com o fim da pandemia perdeu gás.

Artistas até lucram, mas a maioria hegemônica “subsistem” das apresentações ao vivo, seja por ingressos, participações em bilheteria ou até mesmo na venda dos seus merchandising (camisetas, souvenires, CDs, vinis) ao final das apresentações.

No caso dos shows internacionais vimos um mercado inflacionar sobremaneira ao pagar cachês exorbitantes, muitas vezes superestimados e isso vale para turnês solos ou festivais. Eu questiono por exemplo os quase R$ 60 milhões gastos para o show de Madonna na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, há duas semanas.

Só acontece onde há gente disposta a bancar e o Brasil se tornou o “Eldorado” dessas investidas megalômanas. Longe de mim questionar o tamanho da Rainha do Pop, mas para o Brasil seu preço é irreal.

Madonna reuniu cerca de 1,6 milhão de pessoas no RJ, mas ao custo de R$ 60 milhões – Foto: Pablo Porciuncula/AFPMadonna reuniu cerca de 1,6 milhão de pessoas no RJ, mas ao custo de R$ 60 milhões – Foto: Pablo Porciuncula/AFP

Então, nessa onda entraram os artistas brasileiros com as chamadas “super turnês” com dezenas de apresentações em praticamente todos os Estados do país, para grandes públicos, estrutura caríssimas e gigantes. Deu certo com Titãs e outros poucos.

Nessa esteira entraram o cantor Jão (que ainda mantém sua agenda), depois as cantoras Ludmilla e Ivete Sangalo. Os casos destas duas representa o estouro dessa bolha.

Ambas estavam com as suas “correrias” pelos palcos do país sob a tutela da mesma produtora. As duas anunciaram, no mesmo dia, o cancelamento das suas turnês e que ariam pela Grande Florianópolis: Ludmilla com o show “In The House” no dia 9 de agosto na Arena Opus e Ivete com “A Festa” em 1º de fevereiro de 2025.

Pelo menos, Ivete Sangalo segue confirmada no Folianópolis 2024, em novembro, na Capital.

A justificativa das duas cantoras foi praticamente a mesma: a produtora responsável pela turnê não conseguiria garantir as condições necessárias para as apresentações ocorrerem.

Ivete Sangalo planejou uma turnê até 2025 para comemorar os 30 anos de carreira, mas teve que desistir da empreitada – Foto: Reprodução/Redes SociaisIvete Sangalo planejou uma turnê até 2025 para comemorar os 30 anos de carreira, mas teve que desistir da empreitada – Foto: Reprodução/Redes Sociais

A questão é de lógica e também de superestimar um mercado tão complexo quanto o Brasil. E também desigual, pois as regiões têm suas disparidades em relação ao poder de compra da sua população. Tem a questão do tamanho. Se você monta um show que lota três noites seguidas em um estádio de São Paulo não quer dizer que ele dará certo também em Porto Alegre, Curitiba, Aracajú, Recife ou Florianópolis.

São locais com menor densidade de público e visibilidade para patrocinadores, onde você não vai levar 25 a 30 mil pessoas, mas o custo de estrutura e produção segue o mesmo.

A conta então não fecha, a produção pede por readequações para reduzir custos e estrutura, ingressos não vendem e encalham, artistas se frustram e o projeto morre.

São muitos shows e festivais e que custam caro!  Muitos agregam quase nada e replicam um modelo em série. Shows e festivais de médio grande porte no Brasil são sofríveis – quanto mais em Floripa.

Os castings viraram uma farofa pobre em variação, “porém” instagramáveis.  Sai um, entra outro e nada acrescentam, só requentam a mesma paleta de artistas socada goela abaixo em troca de um mainstream alternativo da vez e um “feat”. Também nem se dão ao trabalho de mudar de local. Tá descarado, gente.

Nós percebemos isso no dia-a-dia, nos circuitos locais, nas cidades e bairros. O caso do Centro-Leste de Florianópolis é um bom exemplo dessa a de pressão. São muitos bares, conveniências e agora distribuidoras de bebidas atuam também na venda direta bastando abrir uma porta.

Há muitas reclamações de proprietários de bares e artistas de que, embora as ruas estejam lotadas, o público já não tem tanto aquele entusiasmo e recurso para pagar para ouvir uma banda, tomar um drink mais elaborado ou um chope artesanal “gold” e bancar a taxa de “serviço” – que é justa.

É a nossa vizinhança que sente a paulada dessa degradação do ambiente do entretenimento. São os bares, as pequenas casas de show e os artistas próximos que mais precisam do público para sobreviverem e também renovar o cenário artístico. A verdadeira experiência está na nossa aldeia.

Onde vamos parar eu não sei, mas já ou da hora de se repensar muitas coisas.

Participe do grupo e receba as principais notícias
da Grande Florianópolis na palma da sua mão.
Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os
termos de uso e privacidade do WhatsApp.
+ Recomendados
+

Marcos Espíndola 5ih1y

BG Florianópolis

Navegando por Aí: Cineclube para a família, Negro Rudhy e o Rap na Lama e musical no CIC 2c182l

A programação cultural da Grande Florianópolis promete agitar as próximas semanas, e quem traz as pr ...

Marcos Espíndola

Festival Lanterna Mágica chega na quinta-feira na Freguesia do Ribeirão da Ilha n234w

A terceira edição do Festival Lanterna Mágica de Cinema retorna ao centrinho do Ribeirão da Ilha com ...

Marcos Espíndola

Série de drag queens rodada em Floripa é a pedida para a quarta no Festival Transforma 1az63

A comédia "A Deslumbrante Vingança de Mara & Lady", série de drag queens produzida em Floripa estrei ...

Marcos Espíndola

Com Mano Brown confirmado na “fita”, Festival ARVO abre venda de ingressos 2k6k3l

O rapper paulistano e fundador dos Racionais MCs, Mano Brown se soma a Liniker, Alcione, Sandra de S ...

Marcos Espíndola

Pioneiros do ska jamaicano, The Skatalites faz show nesta terça na Lagoa da Conceição 17225s

Banda surgida há 60 anos é precursora do ska, gênero que inspirou o rocksteady e o reggae. Pela prim ...