As “40 Estações de Madonna” e a volta do “borogodó” verde-amarelo 653xk

Madonna voltou providencialmente para lembrar ao Brasil o quanto a nossa diversidade e cultura e são essenciais para ela e para o mundo. O "soft power" brasieliro é o borogodó! 2m72t

Tem quatro décadas em que os meus anos não se resumem às quatro estações. Tem o outono, o inverno, a primavera, o verão e a Madonna! Outra certeza: não existe Carnaval fora de época no Rio de Janeiro e nem no Brasil. O que não existe é época datada para uma apoteose nos dois casos.

Esse “match” nós vimos no sábado (04), perante a um público estimado em 1,6 milhão de pessoas que foram à Praia de Copacabana presenciar o histórico show de encerramento da turnê “Celebration Tour” – fora a audiência planetária que acompanhou pela internet e pela televisão.

O que dizer do show? Poderia muito bem se chamar “As 40 Estações de Madonna”. Ao perar todas as fases, hits e obras icônicas da sua carreira, Madonna embalou as revoluções que ela promoveu na cultura pop em um musical espetacular à Broadway.

Madonna reúne cerca de 1,6 milhão de pessoas no RJ – Foto: Pablo Porciuncula/AFPMadonna reúne cerca de 1,6 milhão de pessoas no RJ – Foto: Pablo Porciuncula/AFP

Porque Madonna é isso. Desde a década de 1980, todo ano a gente aguardava a chegada de um álbum, clipe ou nova turnê dela para viver a partir dali uma nova estação de tendências que ditavam da música à moda, ao comportamento, à literatura, cinema, às causas políticas e liberdade sexual. Tinha também o Michael Jackson, que não por acaso foi lembrado pela “loura” em um dos momentos marcantes do show.

Há um cálculo rodando nas redes onde se constata que juntando os públicos das três últimas turnês de Madonna não se chega ao povo que ela levou para Copacabana. Estamos falando de 200 shows e muita gente pagou caro para assisti-los ao redor do globo – e certamente tem sua cota de contribuição para tornar a apresentação de sábado possível.

Madonna empilhou 26 canções, cada qual milimetricamente pensada em seu espaço e tempo, produzidas e coreografadas em um enredo cinebiográfico suntuoso, burlesco, escandaloso, confessional, emotivo e apoteótico. Parecia um filme de Baz Luhrmann.

De ““Nothing Really Matters” a “Bitch I’m Madonna” foram sete atos, figurinos, abre-alas, bateria, samba, funk, disco, suor, lágrimas e orgasmos. Fez a pista e a libido explodirem com “Everybody”, “Holiday”, “Burning Up”, “Isla Bonita”, “Hung Up”, “Like a Prayer”, “Erotica”, “Justify My Love”.

Com “Vogue” levou Anitta para o palco e inseriu “Music” com uma bateria de ritmistas e a cantora Pablo Vittar vestindo as cores verde amarela e retomando a bandeira do Brasil para todos aqueles “brasis” que estavam ali: das mulheres, dos gays, dos LGBTQI+, dos pretos e das pretas, dos pobres e dos ricos.

A nossa dissonante foi a ausência de músicos no palco. Tudo pré-gravado, com raras aparições de instrumentos – apenas Madonna, a filha Mercy James ao piano em “Bad Girl”, o filho David (ao violão em “La isla bonita” e “Don’t tell me”) e a bateria de ritmistas de escola de samba em “Music”). Não ter uma banda ao vivo é uma pena, tira a boa parte energia.

Agora, mais escandalosos que as estripulias sensuais da cantora e do balé são os valores envolvidos nessa empreitada. R$ 60 milhões é pornográfico. Só acontece onde há gente disposta a pagar e o Brasil tem teimado em se dobrar aos caprichos comerciais de estrelas internacionais. É o Brasil e suas indecentes contradições.

Madonna e Brasil é Broadway com o fogo no rabo da Marquês de Sapucaí 4i112s

Madonna voltou providencialmente para lembrar ao Brasil a natureza latente de riqueza e diversidade da sua cultura que inspira a obra da maior artista do mundo. E com isso tomamos de volta a nossa bandeira para o samba, o hip hop, o funk, a disco, o deboche, a purpurina e  para o “bundalelê”. É Broadway com o fogo no rabo da Marquês de Sapucaí.

A última agem de Madonna pelo Brasil foi em 2012, com o nosso país vivendo o auge do “soft power”, que na diplomacia é a capacidade de influenciar e atrair outras nações através da cultura, valores e políticas, sem o uso de coerção ou força militar. Nós brasileiros chamamos isso de “borogodó”.

Sábado nos reencontramos com as nossas cores, a nossa bandeira e avisamos ao mundo que ainda temos “borogodó” e ele é verde e amarelo da alma de todes!

Participe do grupo e receba as principais notícias
da Grande Florianópolis na palma da sua mão.
Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os
termos de uso e privacidade do WhatsApp.
+ Recomendados
+

Marcos Espíndola 5ih1y

BG Florianópolis

Navegando por Aí: Cineclube para a família, Negro Rudhy e o Rap na Lama e musical no CIC 2c182l

A programação cultural da Grande Florianópolis promete agitar as próximas semanas, e quem traz as pr ...

Marcos Espíndola

Festival Lanterna Mágica chega na quinta-feira na Freguesia do Ribeirão da Ilha n234w

A terceira edição do Festival Lanterna Mágica de Cinema retorna ao centrinho do Ribeirão da Ilha com ...

Marcos Espíndola

Série de drag queens rodada em Floripa é a pedida para a quarta no Festival Transforma 1az63

A comédia "A Deslumbrante Vingança de Mara & Lady", série de drag queens produzida em Floripa estrei ...

Marcos Espíndola

Com Mano Brown confirmado na “fita”, Festival ARVO abre venda de ingressos 2k6k3l

O rapper paulistano e fundador dos Racionais MCs, Mano Brown se soma a Liniker, Alcione, Sandra de S ...

Marcos Espíndola

Pioneiros do ska jamaicano, The Skatalites faz show nesta terça na Lagoa da Conceição 17225s

Banda surgida há 60 anos é precursora do ska, gênero que inspirou o rocksteady e o reggae. Pela prim ...