Hello, leitores! Hoje vou contar a trajetória de uma amante de moda, que vive, respira e produz moda e tem um estilo mais do que autêntico, a Camila Fraga! Além dela fomentar o nosso mercado local, o seu trabalho já é conhecido por todo o Brasil. Confira a entrevista cheia de brilho, plumas, tecidos nobres e paetês que vem a seguir.

Cami, quem é você? Qual sua formação, um pouquinho da sua personalidade e se quiser pode falar até o seu signo. De onde você veio e onde tudo começou.
“Meu signo é Peixes e, como uma boa pisciana, sou super sonhadora. Sou uma pessoa muito decidida e segura, oito ou oitenta, amo ou odeio! Isso é uma das coisas que me ajudam muito a tomar decisões para ajudar as minhas clientes a construir o vestido dos sonhos. Comecei a desenhar os vestidos para mim e quando vi já estava fazendo vestidos para as minhas amigas e futuras clientes. Foi tudo muito natural e leve, mas aos poucos, sempre com os pés no chão, sonhando cada vez mais. Nasci em Florianópolis, me formei em Bacharel de Moda e Estilismo pela Udesc e Design de Moda pela Univali, participei de diversos cursos de alta moda no Brasil e no exterior”.
Com quantos anos você fez seu primeiro vestido?
Camila fez seu primeiro vestido quando tinha mais ou menos 13 anos de idade. “Comecei fazendo os meus vestidos de Réveillon. Todo final de ano eu fazia um vestido para mim, comprava tecidos e costurava na máquina de costura que eu herdei da minha mãe. Sem fazer modelagem, apenas visual e por cima do corpo! Eu olhava para algo que curtia e criava essas roupas.”

De onde vem o amor por desenhar vestidos e roupas, e o que isso significa pra ti?
“A vontade de desenhar vestidos e entrar para esse mundo veio desde pequena. Sempre gostei de me vestir bem, mas sempre tive dificuldade de encontrar coisas diferentes. Eu lembro quando tinha mais ou menos uns 13 anos cheguei em uma loja para comprar uma roupa para o meu aniversário e a pessoa que estava comigo falou: “É muito difícil encontrar uma roupa para a Camila, porque a Camila gosta de coisas diferentes…”.
“E isso foi sempre uma coisa que seguiu, sempre gostei de look inovador, de algo que fosse visionário, algo que as pessoas não tinham… Então, desde o começo da faculdade os meus trabalhos eram sobre peças mais elaboradas, eu sempre gostei de algo mais robusto algo que misturasse técnicas, materiais, que saíssem fora da caixa. A maioria dos trabalhos que fiz sempre foram voltados para vestidos, confesso que não sei o porquê disso, mas acredito que tenha um pouco de ligação com a minha cultura e por eu gostar de coisas antigas, sempre tive isso muito presente em minha vida.”
Há quantos anos você é designer de haute couture?
Camila está no mercado de haute couture há 10 anos.

Você desenvolve de acordo com o gosto dos clientes, mas fica aqui minha pergunta, às vezes as escolhas da cliente não cabem bem ao seu corpo, você tenta trazer isso pro seu estilo e alertá-las?
“Hoje, o trabalho que eu faço dentro do ateliê, é realizar o sonho das minhas clientes. Então não é o que a Camila gosta, veste ou sonha e sim é o que a minha cliente busca. Então eu tento entender o que ela está idealizando para aquele momento. A gente, como qualquer pessoa, tem vários momentos então, eu tento captar através de uma conversa de 60 minutos, entender o conceito, o mood, lifestyle dessa cliente para este momento que ela está vivendo e nos procurando. Geralmente, as clientes já trazem referências, tem cliente que já quer alguma referência pronta. Mas a maioria das vezes eu tento sim colocar a personalidade da cliente, tento fazer algumas modificações, para que se adequem ao corpo dela e eu falo de uma forma suave, sutil, de uma maneira delicada, que teriam formas melhores de valorizar ela. Nem sempre elas escutam, muitas vezes elas já vêm com as ideias prontas, que não me dão abertura para isso, mas eu acho que está aí o meu desafio, de tentar mostrar que muitas vezes uma peça que fica boa em uma pessoa, pode não ficar boa na gente e que existe algo que nos valorize mais…”
O seu foco são noivas?
“Há mais ou menos 6 anos abrimos o mercado para noivas. Fazer vestidos de festa e vestidos de noivas, são dois mundos diferentes. Para entender o mundo das noivas, a gente precisa estar um pouco mais madura, mais centrada e, realmente, as noivas têm uma expectativa muito maior do que as que vêm me procurar para fazer um vestido.”
O foco do atelier de Camila hoje é a alta costura, vestidos de festas, tanto para noivas, quanto para qualquer festa ou outro tipo de evento. Ela não pretende trabalhar só com noivas, pois ama fazer vestidos de festas, ela ama tudo que a deixa criar mais, trazer mais elementos fashion que ela curta e que possa trazer a sua identidade.
No entanto, o vestido de noiva é algo mais clássico, então poder realizar os dois a deixa super realizada. Ela está cada vez mais se aperfeiçoando em noivas – o que é natural devido à evolução do ateliê e com o mercado que ela vem atingindo hoje, mas com certeza me contou que nunca irá abandonar as clientes que a procuram para fazer seus vestidos de festa.
Em média, quantas noivas você já fez, e como funciona o processo desde que elas entram no seu ateliê?
“Nesses 6 anos atendendo noivas a gente já vestiu mais de 500 noivas, e o primeiro o é a nossa conversa de mais ou menos 1 hora, onde eu tento entender todo o mundo que elas estão idealizando e sonhando. Em cima disso, eu desenho um croqui, após aprovado ele desce para a produção e aí começamos a execução do vestido”.
“A gente faz de 3 a 5 provas desse vestido, cada prova tem uma etapa muito importante. Todas as provas são feitas por mim e pela minha equipe. Estou sempre presente nas provas, sempre para captar algo, às vezes precisamos fazer algumas mudanças, estou sempre trazendo uma novidade e se eu acho que aquilo não está ficando bom, modificamos. Até o dia do vestido sair do ateliê, eu estou olhando para ele, analisando para ver se tem algo melhor que eu possa fazer por ele. Então, é um processo que demora de 6 meses a 1 ano, é um processo longo e eu gosto de fazer esse processo, essa produção com o tempo.”

Cami, você atende aqui em Floripa apenas?
“Eu e minha equipe atendemos hoje aqui em Florianópolis, temos agenda em São Paulo uma vez ao mês, estávamos atendendo em 2019 em Tangará, e vamos voltar em 2022, uma vez por mês. O que mais está acontecendo agora, por conta da pandemia são os atendimentos online, que é muito bacana, onde a gente faz o atendimento todo via FaceTime”.
“Por dia, atendemos em média umas 3 clientes à distância, e eu adoro, super tem funcionado, a gente já vinha fazendo esse tipo de atendimento antes da pandemia e agora depois de tudo isso, virou uma forma mais prática para as clientes de fora, porque a gente atende hoje 90% de pessoas de fora de Florianópolis e mais ou menos 60% de clientes que moram fora do Estado de Santa Catarina, então com certeza isso se tornou algo mais fácil de globalizar o nosso trabalho.”
Uma pergunta que não poderia faltar aqui dentro do Mundo Maria, qual o seu hobby?
“Uma das coisas que eu mais gosto de fazer hoje, quando eu tenho tempo livre é andar a cavalo. Esse é um hobby que me desestressa, que eu consigo ficar em contato com a natureza, com os animais, pois sou apaixonada por fazenda, por mato, por tudo que tenha a ver com campo.”
Me conta um pouco das collabs que você já fez.
“A história das collabs foi muito bacana! No meio da pandemia junto com uma amiga, a gente sentou, se olhou e falou: ‘Vamos inventar alguma coisa juntas’. Nem estava acontecendo ainda essa febre de collabs, a gente até foi uma das pioneiras e, enfim, juntamos duas pessoas super criativas, duas piscianas que se amam e cada uma entregou um pouco do seu conhecimento e desenvolvemos juntas algumas coleções, de segmentos distintos do ateliê, de roupa praia, etc.. Enfim, foi bem bacana, super agregador. Tivemos um resultado muito legal, começamos a vender para multimarcas pelo Brasil. Foi uma experiência única e muito especial!”

E por fim, qual mensagem você gostaria de deixar para os leitores do Mundo Maria?
“Uma mensagem que eu deixaria aqui para quem está lendo essa entrevista, é que não existe coisa mais importante na vida do que a gente comemorar as nossas conquistas e comemorar momentos importantes da nossa vida. E nada é melhor que estarmos vestindo algo que represente esse momento tão importante. Eu acho que os vestidos de festa, de alta costura, trazem consigo todo amor, toda história do feito à mão, de quem está construindo e jogando essa energia e que faz com que aquela roupa não seja só uma roupa, mas faz ela ser uma experiência. Então, que as pessoas se permitam cada vez mais viverem essa experiência conosco. Estamos aqui de portas abertas sempre prontas para sonhar junto com vocês!”
Para finalizar, teve uma noiva que compartilhou conosco um depoimento logo após receber seu vestido de noiva, e achei super relevante colocar aqui na matéria!
“Camila do céu, eu estou assim.. eu tô em êxtase, eu tô chocada, eu tô em alfa, eu tô em transe, eu tô… não sei, não sei te explicar. Eu não consigo encontrar palavras, foi assim, um sonho, mas um sonho, um sonho!! Sabe um sonho que eu vivi acordada?!…”. Denise Hagobian
