A realização de obras nas margens da área inundável da Lagoa do Jacaré, no bairro Santinho, em Florianópolis, é alvo de novos protestos. Desta vez é questionada a pavimentação e drenagem da servidão Abelardo Paulo da Silva, principal via de o ao parque.

Criada por lei municipal em novembro de 2012, a servidão de 405m corta um trecho entre um condomínio residencial e o Parque Natural Municipal da Lagoa do Jacaré das Dunas do Santinho, Unidade de Conservação instituída em 2016 para proteção da lagoa.
A rua não tem saída e dá o para três propriedades. Também é possível alcançar a praia do Santinho.
Orçada em R$ 721 mil, a pavimentação encontra resistência. Técnicos foram impedidos nesta terça-feira (7) de deixar pedras no local pelos moradores, que fizeram uma corrente humana e acionaram a Polícia Ambiental, segundo apuração da NDTV.

“Avanço de urbanização sobre o parque” 54g2f
O geoprocessamento da Prefeitura de Florianópolis mostra que a rua fica distante do espelho da água da Lagoa do Jacaré, mas próxima à área de inundação do sistema. Como mostrou reportagem do ND+, a maior parte da lagoa está “abaixo” de um grande tapete verde, totalmente integrada.
O ISAS (Instituto Socioambiental da Praia do Santinho) é contrário à pavimentação, e chegou a pedir o cancelamento da rua na época. A entidade ressalta que a rua não tem capacidade para a circulação de carros.
Para o Balanço Geral, o oceanógrafo Mário Luiz Mascagni destacou que a pavimentação representa um “precedente perigoso para o avanço da urbanização sobre o parque”. O local é também parte da área de amortecimento da UC e onde o lençol freático aflora.
Obra não intervém na UC, argumenta prefeitura 3t185x
Segundo a Prefeitura de Florianópolis, a obra realizada “apenas prevê drenagem e pavimentação, sem maiores intervenções na via”. O órgão municipal assegura que ela intervém na Unidade de Conservação.
“Os trabalhos serão realizados apenas na via, e não na área de banhado próxima, que faz parte da UC”, destaca o órgão municipal.
As obras na Servidão Abelardo Paulo da Silveira estão previstas para começar depois do Carnaval, “em virtude desta ser a via de o de veículos até a praia durante a alta temporada. Os materiais que estavam no local foram retirados”, concluiu a nota.
*A reportagem conta com informações da NDTV