Estradas cedendo. Redes elétricas piscando. Deslizamentos e doenças. A mudança climática traz novos perigos tanto para a saúde humana quanto para a infraestrutura que mantém nossas comunidades funcionando.
O destaque é do engenheiro Mikhail Chester, professor da Escola de Engenharia Sustentável e Ambiental da Universidade Estadual do Arizona, nos Estados Unidos.

Um estudo publicado pelo engenheiro como artigo científico na Universidade mostra que enquanto a Europa e grandes áreas dos Estados Unidos lidam com altas temperaturas recordes, chegou a hora de parar de olhar para o calor e as ondas de calor como inconvenientes temporários. A mudança veio, e veio para ficar, segundo Chester.
“Durante séculos, o projeto de infraestrutura concentrou-se no pensamento à prova de falhas, ou seja, projetamos para extremos ambientais específicos e, se for excedida, a falha é esperada, com consequências (por exemplo, morte, interrupção econômica) classificadas como ‘atos de Deus'”, explica.
Demanda maior 154u4s
O profissional explica que a demanda por energia atualmente é maior do que quando os sistemas foram projetados, especialmente os mais antigos. Por isso, ele considera que o sistema elétrico é frágil e não está preparado para um consumo tão alto, como o caso do ar-condicionado, por exemplo.
O engenheiro se baseia ainda em outro estudo feito pelo Instituto de Tecnologia da Geórgia. Os pesquisadores analisaram a cidade de Phoenix, Atlanta e Detroit, e descobriram que apagões nestas cidades seriam capazes de produzir o dobro do número de mortes por calor, que já são registradas por temperaturas recordes no país.
“O que você tem é uma situação em que o ar condicionado nunca desliga – de jeito nenhum”, diz Chester.

Mais eletricidade precisa ser gerada para manter então os aparelhos ligados.
Para entender o fenômeno, Chester estudou as pressões nos sistemas de energia por muitos anos, sugerindo em 2016 que as falhas de rede no Arizona aumentariam 30 vezes para cada aumento de 1°C na temperatura do ar ambiente.
O alerta ao escuro 3k6m51
O engenheiro explica que as cidades podem não ter se preparado para vários dias seguidos de calor extremo, sem mencionar as noites sufocantes.
Na última semana, uma das duas principais concessionárias de Phoenix quebrou o recorde de quantidade de eletricidade fornecida em um dia – três vezes em uma semana. A maioria dos sistemas também possui backups que ultraam fronteiras geográficas, o que ajuda a manter a resiliência das redes e a evitar blecautes.
Se faltar energia no Arizona, por exemplo, a eletricidade pode chegar ao estado via Califórnia, Nevada, México e outras regiões, dando às redes menores uma proteção contra falhas.
“Eles basicamente precisam operar dentro de um conjunto muito mais de condições”, diz Chester.
Se um sistema de energia estiver prestes a quebrar, uma concessionária acionará seus planos de contingência, incluindo a redução da demanda. Eles desligarão os termostatos inteligentes e pedirão aos moradores e empresas que usem menos energia. Eles também têm defesas incorporadas ao sistema, de modo que uma linha de energia tropeça ou um transformador se protege antes de explodir.
Assim, ao longo do tempo, os sistemas podem ficar sobrecarregados e causar um “blackout” nas cidades.