A escritora Conceição Evaristo inaugurou, nesta quinta-feira (20), um novo espaço cultural. A cidade do Rio de Janeiro agora conta com um espaço com todo seu acervo bibliográfico e artístico. Dessa forma, nasceu a Casa Escrevivência, localizada na região portuária da Capital fluminense.

Na noite da quinta-feira, aconteceu uma sessão de autógrafos da escritora.
“É um projeto que eu vinha pensando há tempos. Nasce na medida em que eu vou construindo um acervo de livros e de cartazes, de folders, de menções honrosas, de prêmios. Isso foi tomando um espaço na minha lembrança e na minha memória e em um espaço físico também”, revela em entrevista à Agência Brasil.
A escritora conta que o acervo de livros foi o que mais a impulsionou. Ela diz que sempre se sentiu incomodada em ver todos os livros da estante sem circular em outros locais. “Livro na estante não significa nada. Ser um acervo para barata e cupim comer”.
Inicialmente, ela pensava em fazer uma biblioteca comunitária, mas com o tempo, o pensamento evoluiu. “O sonho foi amadurecendo e pensei nessa Casa Escrevivência. A parte principal seria mesmo essa biblioteca com o acervo de livros, que seria o pilar da Casa e mais um lugar onde guardasse uma série de outras publicações, teses de sensações, revistas de pesquisadores”.
Com essa ideia, a biblioteca e esse centro de documentação, onde a pessoa que quisesse ar ou fazer um estudo crítico da obra de Conceição, estaria na Casa Escrevivência.
Casa Escrevivência de Conceição Evaristo 65295j
O nome do local não foi escolhido à toa. A região é chamada de Pequena África e tem vários pontos simbólicos para a população preta.
Bem perto está o Cais do Valongo, principal local que serviu de desembarque e comércio de pessoas negras escravizadas nas Américas. As estimativas indicam que um milhão de africanos tenham entrado no Brasil por meio do Valongo.

“É muito simbólico. A gente quis muito. Desde o projeto da Casa nós pensamos nesta geografia afetiva que tem a ver com a história negra. Essa região chamada Pequena África. Estar ali é celebrar a nossa lembrança de dor que a gente transforma em uma lembrança de resistência”, aponta.
“O futuro pode ser maior” 3e5q1a
Segundo Evaristo, o lugar atual ainda é pequeno, mas é somente o começo. A ideia é que um dia possa estar sediado em uma casa maior, onde possam ocorrer também exposições e lançamentos de livros.
“O espaço que temos no momento é um espaço que não cabem 15 pessoas dentro, na verdade é uma loja bem pequena”, explica, “hoje é o espaço que nos permite jogar essa ideia na rua” conta.
“Essa visitação e trabalho com o público, escolas, professores, pesquisadores que imaginamos, só vai poder acontecer quando tivermos um espaço físico que caiba essa movimentação”, afirma.
A autora diz ainda que a equipe que trabalha voluntariamente no local vai começar a visitar escolas e realizar eventos em outros espaços.
“A nossa ideia é essa. Como a gente ainda não tem uma sede própria, é fazer parcerias com outras instituições e realizar as nossas atividades em outros espaços”.
Toda a manutenção do projeto tem sido feita com o apoio do Instituto Ibirapitanga, uma organização que se dedica à defesa de liberdades e ao aprofundamento da democracia no Brasil. Futuramente, a autora espera conseguir comprar um imóvel para servir de sede definitiva da Casa, pois atualmente ela fica localizada em um espaço alugado.
“Agora, implantando a Casa e o nome da Casa estando na rua, que é uma maneira também de chamar a atenção de instituições, que queiram nos ajudar, nós vamos começar a colocar um projeto na rua para conseguir fundos para comprar um imóvel”, revela.
A escritora afirma que esse imóvel será uma casa e vai receber pesquisadores residentes e trabalhar com bolsistas de criação e de pesquisa, por esse motivo precisam de uma sede própria.
“Então, a gente precisa de uma casa moradia. Uma casa que ofereça essa possibilidade do projeto de acolher pessoas, que com bolsas fiquem estudando na Casa. O próximo o vai ser isso, pôr o projeto na rua para angariar fundos. Nessa região a gente encontra casas para vender; são imóveis velhos, mas a gente faz uma reforma pensando também em ibilidade”, finaliza.
*Com informações da Agência Brasil.