
Um juiz afastado é alvo de apuração por suposto favorecimento a uma organização criminosa responsável por tomar posse fraudulenta de uma área avaliada em mais de R$ 300 milhões, localizada em Sinop (MT).
A denúncia foi apresentada pelo MPMT (Ministério Público do Estado de Mato Grosso), que protocolou na terça-feira (3) um pedido de apuração no CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
O juiz afastado João Ferreira Filho, desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, já responde por outro processo por envolvimento em esquema de venda de decisões judiciais.
Ministério Público aponta ligação de juiz afastado com esquema de grilagem e identidade falsa 5m631r
A solicitação do MPMT se baseia em um documento que detalha um esquema de fraude com falsificação de documentos, usurpação de terras e atuação de associação criminosa.
Segundo a investigação, cerca de seis mil hectares foram transferidos irregularmente a um grupo criminoso com aval do juiz afastado, mesmo após o magistrado ter ciência de que os envolvidos utilizavam documentos e identidades falsas.

A organização teria criado uma identidade fictícia em nome de “Edison Martins Gomes” para simular a posse da área. Ainda segundo o MPMT, o grupo só conseguiu o domínio das terras, avaliadas em R$ 300 milhões, mediante pagamento ilícito, mesmo após o juiz afastado ser informado da fraude.
João Ferreira Filho foi afastado após a morte do advogado Roberto Zampieri, suposto integrante do grupo criminoso, assassinado em dezembro de 2023. A análise do celular da vítima revelou indícios de envolvimento de magistrados em venda de decisões judiciais.

O pedido de investigação protocolado no CNJ imputa ao juiz afastado crimes como falsidade ideológica, uso de documento falso, fraude processual, corrupção ativa e iva, estelionato judicial e associação criminosa.
A reportagem do NDMais entrou em contato com o TJMT (Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso), buscando um posicionamento sobre o caso, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto.