Ataque brutal a creche de Saudades faz 1 mês; relembre detalhes do crime e da investigação n3m6

Autor da chacina, de 18 anos, está preso; cinco pessoas, entre elas, três bebês, foram mortas na chacina que chocou o país

Na manhã do dia 4 de maio de 2021, a pacata cidade de Saudades, no Oeste de Santa Catarina, viveu momentos de terror e desespero. Um jovem de 18 anos invadiu a escola infantil Pró-Infância Aquarela, no bairro Industrial, armado com duas adagas.

creche vítima de ataque e chacina de jovem em SaudadesAtaque ocorreu na manhã do dia 4 de maio – Foto: Imprensa do Povo/Divulgação ND

Naquele dia, ele chegou a ir para o trabalho, saiu no intervalo, ou em casa, fez um lanche e, de bicicleta, se dirigiu até a creche, onde chegou por volta das 9h50. Era horário de almoço e de descanso das crianças quando ele entrou na escola e foi visto por alguns funcionários.

O jovem, identificado como Fabiano Kipper Mai, adentrou a creche calado, com uma máscara preta, touca e uma mochila nas costas. Conforme relatos de agentes educativas que estavam na creche, ele olhou através da porta de duas salas, uma delas não havia ninguém, e seguiu caminhando.

Até ser abordado, segundo apresentado pelo MPSC (Ministério Público de Santa Catarina), ele teve tempo de explorar a estrutura do local e verificar a disposição das salas.

A agente educativa Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos, então o abordou. Enquanto isso, o rapaz se aproximava da turma onde a agente educativa Mirla Amanda Renner Costa, de 20 anos, organizava o almoço das crianças.

“Foi quando nós acreditamos que ele atacou a Mirla e, em seguida, a Keli. Foi tudo muito confuso e rápido, nós perdemos a noção do tempo e de como tudo aconteceu”, lembrou a agente educativa Jussara Schleicher Lauxen, que estava em outra sala de aula no momento do ataque.

Ao ver Keli no chão, aos gritos, as colegas acreditaram que ela estava tendo uma convulsão. Com o intuito de ajudá-la abriram a porta para ver o que estava acontecendo e foram pegas de surpresas pelo jovem golpeando Keli.

Em desespero, as educadoras correram para as suas salas de aula para segurar as portas e trancar as janelas para proteger as crianças ao mesmo tempo em que gritavam por socorro.

Mirla e Keli foram atacadas e mortas na chacina, Mirla chegou a ser socorrida, mas morreu no hospital.

A procura de vítimas 2oa73

Após atacar as duas primeiras vítimas, o autor, então, seguiu até uma sala onde havia bebês e três educadoras. Ele tentou forçar a porta, mas as profissionais, já cientes do que estava acontecendo, seguraram.

Na sequência, ele tentou forçar a porta de outra sala. “Ele forçou tanto a entrada que chegou a entortar as estruturas da porta. Ele deu chutes em uma vidraça e a perna dele chegou a entrar no recinto”, contou o promotor do MPSC, responsável pelo caso, Douglas Dellazari.

creche de Saudades que foi vítima de ataque e chacinaCrime deixou a comunidade de Saudades perplexa. – Foto: Willian Ricardo/ND

Não conseguindo novamente, o autor dos ataques seguiu em direção a um anexo da creche à procura de possíveis vítimas. Ao chegar nessa estrutura, ele se aproximou de uma janela, quando uma professora, que ouviu os gritos, abriu a janela para ver o que estava acontecendo.

“Ele então, com a faca de 68 centímetros desferiu os golpes contra ela. Ela, no entanto, consegue desviar, mas ele chegou a cortar a máscara de proteção contra a Covid-19 dela. Por sorte, não a feriu gravemente”, pontuou o promotor.

Na sequência, Fabiano seguiu para outra sala e começou a incrementar o que o MP chamou de “tom sádico e debochado” batendo com a faca nos vidros das janelas das salas. Ele então, percebeu que uma outra profissional, que estava na primeira parte da creche, estava fora da sala.

Ao ver o jovem, ela gritou por socorro. Foi quando o autor do crime retornou à sala do maternal 3, encontrou quatro crianças sozinhas e as feriu. A agente educativa da turma havia ido ao banheiro, mas ao ver a cena do assassinato das colegas, correu para pedir ajuda.

Na sala de aula o jovem golpeou de forma violenta as quatro crianças. Duas delas morreram ainda na creche, uma foi socorrida e morreu no hospital e um menino de 1 ano e 8 meses foi levado ao HRO (Hospital Regional do Oeste), em Chapecó.

O bebê teve vários ferimentos pelo corpo e rosto e uma perfuração no pulmão. Ele ou por cirurgia e, após alguns dias de internação, voltou para casa.

As crianças mortas foram identificadas pelo IGP (Instituto Geral de Perícias) como Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses, Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses, e Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses.

O crime parou a cidade de Saudades e calou os quase 10 mil habitantes que, um mês após a tragédia, ainda se questionam sobre os motivos do ataque.

Cinco vítimas do ataque a creche de SaudadesVítimas da chacina em Saudades – Foto: Montagem/ND

Vizinhos ouviram gritos 31x4w

Dando sequência ao massacre, ainda dentro da sala do maternal 3, o autor da chacina ingressou em uma parte onde havia, segundo MP, um banheiro, e ou a distribuir ali artefatos explosivos. “O objetivo dele era criar um clima de ainda mais terror”, explicou promotor de justiça.

Vizinhos e pessoas que estavam próximas a creche escutaram os gritos e entraram no local. Elas então foram até a sala do maternal 3, quando avistaram o suspeito próximo a porta do banheiro.

Em uma reação de defesa, o jovem retornou ao banheiro. Nisso, um homem consegue resgatar duas crianças que haviam sido feridas – uma sobreviveu e a outra morreu no hospital.

Com o som dos artefatos explosivos, as pessoas  deixaram a sala e foram para a rua. Na sequência, o autor foi até a entrada da creche para tentar fugir, mas se deparou com moradores, alguns portando barras de ferro.

Ele então voltou correndo para a sala do maternal 3 e foi seguido. Encurralado, desferiu golpes contra si e caiu próximo a porta. Neste momento ele foi desarmado até a chegada da Polícia Miliar e do Corpo de Bombeiros Militar.

Três ligações foram feitas aos bombeiros 336l6q

“Meu Deus, socorro, tem um maníaco aqui na creche”. Essa foi a primeira frase que o subtenente Lazaro Muller, do Corpo de Bombeiros Militar, ouviu minutos após Fabiano cometer o ataque na creche Pró-Infância Aquarela.

Três chamadas ao 193 foram registradas naquela manhã de 4 de maio: às 10h02, 10h06 e 10h09. Da Central de Atendimento, o bombeiro, que atua há 38 anos na profissão, precisou ter sangue frio para ajudar a mulher desesperada do outro lado da linha.

“Eu pedi para ela ficar calma e me explicar onde estava acontecendo o fato. Ela estava falando baixo e parecia que estava se protegendo. Percebi que era muito grave o que estava acontecendo ali. Nessas horas, com 38 anos de serviço, tem que manter a calma”, relatou o subtenente.

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