Aconteceu mais uma vez. Meses depois de um professor de ville ser alvo de ataques racistas durante um evento online, mais um caso de invasão e racismo no ambiente virtual foi registrado na região Norte de Santa Catarina, desta vez em São Francisco do Sul.

A situação ocorreu na noite de quarta-feira (28), quando o Madef (Movimento Afrodescendente Francisquense) fazia um encontro online por uma plataforma aberta para discutir as ações de valorização à cultura, identidade e memória negras na cidade.
O evento reunia cerca de 15 pessoas quando um usuário ainda não identificado invadiu o evento online e enviou xingamentos e imagens de cunho racista, interrompendo a reunião.
“O hacker fez xingamentos e ameaças ofensivas de cunho extremamente racista. Nas imagens havia marchas da Klu Klux Kan e neonazistas, imagens de Hitler e frases que já conhecemos, como ‘macacos voltem para África'”, conta Soraia Pinheiro, coordenadora-geral do Madef.
Os participantes conseguiram excluir o invasor do evento e recomeçaram a reunião em uma sala virtual fechada. Um boletim de ocorrência foi aberto e, segundo o delegado Weydson da Silva, o caso deve ser analisado ainda nesta quinta.
Apesar de perplexa com a situação, Soraia ressalta que o grupo não está intimidado e as ações continuam. “Estamos entristecidos, mas não nos intimidamos e entendemos que somos uma ameaça pra eles e não eles pra nós. Continuamos com nossa luta, reconhecimento e história”, ressalta.
Soraia Pinheiro fala sobre o ataque racista em evento do Madef – Vídeo: Arquivo pessoal
O escritor Iratan Curvello, membro do Madef, relembrou a história do povo negro brasileiro para ressaltar a indignação com situações como essa, que ocorrem em pleno 2021.
Iratan também estava no evento do Madef – Vídeo: Arquivo pessoal
Invasões online e ataques racistas já aconteceram na região 3q594e
O ataque racista ao evento do Madef não foi o único caso registrado na região Norte do Estado no último ano.
Em Araquari, em novembro de 2020, um seminário do NEABI (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas) do IFC (Instituto Federal Catarinense) também foi invadido
Além disso, em agosto de 2020, o professor universitário Jonathan Prateat foi alvo de ofensas durante um evento online sobre ações realizadas com uma comunidade quilombola de ville.
Em fevereiro deste ano, um adolescente de 15 anos foi identificado como autor dos ataques. Segundo a Polícia Civil, que cumpriu mandados de busca e apreensão em Petrolina e Belém do São Francisco, no interior de Pernambuco, ele confessou o crime.
De acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, Santa Catarina foi o estado com maior número de registros de injúria racial em 2020. Foram 2.865 crimes no ano ado, aumento de 1.048 em relação a 2019.