Humorista foi condenado pela 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo nesta terça-feira (3) – Foto: @leolins/Reprodução/NDO humorista carioca Leo Lins foi condenado nesta terça-feira (3) pela 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo a oito anos e três meses de prisão em regime fechado por declarações de teor discriminatório direcionadas a minorias sociais durante uma de suas apresentações.
As falas, que geraram repercussão, foram divulgadas em vídeo no YouTube em 2022. A condenação foi solicitada pelo Ministério Público Federal. Leo Lins também terá que pagar uma multa em dinheiro, equivalente a 1.170 salários mínimos no valor da época da publicação das imagens.
Leo Lins também deve pagar uma indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos.
Em nota ao site Metrópoles, a defesa do humorista disse que a condenação “trata-se de um triste capítulo para a liberdade de expressão no Brasil, diante de uma condenação equiparada à censura”. Leo Lins ainda pode entrar com recurso contra a sentença.
Mas, afinal, quem é Leo Lins? 6e132g
Leonardo Lins nasceu em 3 de setembro de 1982, no Rio de Janeiro. Ele começou sua trajetória no humor ainda jovem, mas foi a partir dos anos 2000 que ganhou certa notoriedade com apresentações de stand-up comedy, tendo sido um dos pioneiros do formato no país.
Ao longo de sua carreira como comediante, Leo Lins também fez parte do elenco do programa “The Noite com Danilo Gentili” – Foto: @leolins/Reprodução/NDNas redes sociais, Leo Lins é alvo frequente de críticas devido ao conteúdo de suas piadas, que costumam abordar temas considerados sensíveis, como doenças, tragédias e situações de vulnerabilidade social. Seus comentários já geraram polêmicas, processos e até cancelamentos de shows
Em uma de suas apresentações, o humorista chegou a fazer “comédia” com o acidente aéreo envolvendo a delegação da Chapecoense, que matou 71 jogadores de futebol, em 2016, e o comparou ao assassinato do ex-jogador do São Paulo, Daniel, em 2018.
“Pelo menos, ele morreu comendo coisa boa. Não foi como os jogadores da Chapecoense, que comeram comida de avião”, disse.
Outro caso emblemático foi em 2022, quando o humorista causou indignação em muitas pessoas após publicar na internet um vídeo onde tira sarro de crianças com hidrocefalia. A repercussão negativa levou à demissão do comediante do SBT, emissora onde ele trabalhava na época.
“Acho muito legal o Teleton, porque eles ajudam crianças com vários tipos de problema. Vi um vídeo de um garoto no interior do Ceará com hidrocefalia. O lado bom é que o único lugar na cidade onde tem água é a cabeça dele. A família nem mandou tirar, instalou um poço”, disse em cena.
À época, a AACD (Associação de Assistência à Criança com Deficiência) — referência nacional na defesa dos direitos das pessoas com deficiência — repudiou publicamente o vídeo. Em suas redes sociais, Leo Lins costuma reafirmar sua posição de que “fazer piada não é crime”.
Ele, inclusive, defende a liberdade irrestrita do humor, mesmo diante das críticas que recebe. Nesta terça-feira, após a condenação, o comediante realizou uma publicação no Instagram, sobre a estátua da Deusa Têmis localizada no Palácio da justiça no Brasil.
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A divindade é conhecida por personificar a justiça, a leie a ordem. Nos comentários, seguidores e fãs do humorista deixaram palavras de encorajamento a Leo Lins diante da situação. “Obrigado por esticar a corda, a comédia brasileira precisa de você, cara!”, escreveu Cássius Ogro.
“A realidade é inverossímil nesse país. Estamos contigo amigo!”, disse outra seguidora.
A condenação de Leo Lins 58315j
Conforme publicado pelo Metrópoles, o vídeo que gerou a condenação de Leo Lins foi gravado em 2022 durante o show “PERTURBADOR”. O vídeo foi veiculado na internet e já ultraava três milhões de visualizações quando foi suspenso por decisão judicial.
Imagem de divulgação do espetáculo “PERTURBADOR”, de Leo Lins – Foto: Divulgação/NDNele, o humorista fazia declarações contra negros, idosos, pessoas com HIV, a população LGBTQIA+ e outros grupos sociais. A sentença da Justiça Federal destacou que o discurso estimulava a “propagação de violência verbal na sociedade” e fomentava a intolerância.
