Um dos melhores amigos de Jesse Koz em Santa Catarina, Felipe Pires, contou ao ND+ a história da relação dos dois que dura mais de 10 anos e a difícil missão de contar aos familiares sobre o grave acidente e morte de Jesse e seu cão, Shurastey.
O catarinense, de 29 anos, morreu em um grave acidente com outro carro na rodovia US 199, próximo à cidade de Selma, Oregon, nos Estados Unidos, na manhã desta terça-feira (24). Jesse viajava de Fusca com o cachorro Shurastey, que também morreu no trágico acidente.

Jesse e Felipe se conhecem há 10 anos e já chegaram a morar juntos, ele acompanhou o início da relação do catarinense com o cachorro. “Nossa amizade era incrível, eu e o Jesse nos conhecemos desde 2012, através de um grupo de vôlei. Moramos juntos por um tempo na época da faculdade, ele cursando educação física e eu direito, e depois ele adquiriu o Shurastey, o fusca e eu acompanhei essa trajetória”, começa Felipe.
O advogado conta a reação que teve ao ver o Shurastey pela primeira vez, ainda filhote. “A primeira coisa que eu notei quando o vi o Shurastey pela primeira vez foi a pata dele, ele devia ter uns 3 a 4 meses e uma pata gigantesca. Falei: ‘Jesse, meu Deus esse cachorro vai ficar enorme’ e de fato ficou, e ele sempre dizendo que daria um jeito”, relembra.

Em 2017, Jesse decidiu que faria uma vigem pelas américas e que levaria o Shurastey junto. “Ele acompanhava alguns grupos de mochileiros contando as experiências e decidiu ir, reuniu as coisas dele e viajou, isso em 2017. Então de 2012, quando eu conheci ele, até 2017, que foi quando ele viajou, tem muita história que vai ficar pra sempre na memória”.
Amizade de alma gêmea com Shurastey 1w2j11
Nas redes sociais já é perceptível a forte relação e amizade entre o Jesse e o Shurastey, para quem convivia pessoalmente com os dois, a amizade e ligação era ainda mais impressionante.
“Desde sempre foi uma relação de alma gêmea, os dois eram um grude, um não viva sem o outro. O Jesse saia 15 minutos e o Shurastey já ficava mal, chorandinho e sempre muito obediente. Já antes dele viajar o Shurastey já era extremamente obediente, já obedecia todos os comandos do Jesse. Era uma relação de alma gêmea mesmo”, conta.

A história do nome do Shurastey marcou a amizade, Jesse decidiu enquanto cantava com os amigos na praia o sucesso “Should I Stay or Should I Go?”, da banda The Clash, que significa “devo ir ou devo ficar?”
Trajetória intensa 2k3q4l
Para Felipe, a história de Jesse e Shurastey não foi curta, mas intensa. Os dois viveram sonhos que muitas pessoas guardam por uma vida, para o amigo, isso mostra que ambos cumpriram a trajetória aqui na terra.
“Eu não vejo que foi uma trajetória curta, apesar de ser 5 anos, foram 5 anos extremamente intensos. O que ele fez em 5 anos uma pessoa em condições normais demoraria 20, 30 anos para fazer. Foram muitos sonhos realizados, o Jesse estava muito feliz, ele fez muitas coisas que todo mundo queria fazer”, afirma.
As histórias de Jesse estão sempre muito vivas na lembrança do amigo. “Uma vez ele me contou que viu umas torres de captação eólica, que é algo gigante e ele disse que começou a chorar de emoção, ele me disse. ‘Onde que na minha vida eu iria ver isso de perto?'”, relembra o amigo.

“Então cada lugar que ele foi, cada paisagem, em todos os lugares ele foi extremamente feliz, extremamente satisfeito e fez milhares de amigos. Impossível dizer que o Jesse não foi feliz nesses últimos 5 anos” – Felipe Pires, amigo de Jesse
“Ou se morre como herói, ou vive-se o bastante para se tornar vilão” 1q5u6q
A frase na biografia do Instagram de Jesse, “ou se morre como herói, ou vive-se o bastante para se tornar vilão”, foi atualizada há poucos meses, para os amigos, a afirmação emblemática veio como uma lição dura de ser encarada.

“Essa é uma frase do filme do Batman, eu olho pra essa frase e penso ‘que desgraçado que deixou isso aí’, porque ele alterou essa frase faz pouco tempo, algumas pessoas olham pra essa frase e pensam que ele de alguma forma já sabia que a trajetória estava chegando ao fim”, completa.