No rol de meses e suas temáticas, setembro – além de amarelo – também é dedicado à discussão dos desafios da mobilidade urbana no país. Desde o início da década de 2000, são 30 dias por ano voltados a repensar o assunto, tão presente na rotina diária da população.
Na Grande Florianópolis, especificamente em seus quatro maiores municípios (a Capital, São José, Palhoça e Biguaçu), o protagonismo para a solução de gargalos da mobilidade vai para um velho conhecido: o transporte coletivo.

Para Werner Kraus Junior, pesquisador do Observatório de Mobilidade Urbana da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), é impossível buscar uma região mais urbanamente inteligente, sem apostar em melhorias nos serviços de ônibus.
“Hoje as moradias estão longe dos locais de atividades, por isso, quando se fala em mobilidade – as pessoas associam a um transporte público eficiente e de qualidade: elas querem algo barato, claro, mas com velocidade, conforto e segurança pra se locomover”.
O contador Lucas Pedro Luz sabe bem disso: trabalha na Ilha, mas mora em São José. Todos os dias utiliza o transporte intermunicipal para ir e voltar do trabalho. Para ele, a mobilidade urbana da região é muito boa comparada a outros locais do país onde já morou. “Sempre tem algo a melhorar, como corredores exclusivos para ônibus e menos carros nas ruas, mas de maneira geral funciona muito bem, e é uma ótima opção pra quem precisa”, afirma o contador.
Para Vinícius Cofferri, gestor istrativo e financeiro da Metropolis (associação que une as empresas operadoras das linhas intermunicipais da região), apesar do caminho ser longo, muito já foi conquistado. “Nos últimos anos, se investiu muito em tecnologia nesse setor. Todo o sistema de bilhetagem eletrônica e informação permite ao usuário utilizar um aplicativo para acompanhar os horários dos ônibus, além de efetuar recargas via pix, cartão de crédito e até QR code. Isso atrai ainda mais a população à utilização do serviço”, afirma.
Bom exemplo 8606s
Em abril de 2022, a UFSC implantou, junto com a prefeitura de Florianópolis, um corredor exclusivo para circulação de ônibus dentro da Universidade. Localizado na Trindade, o campus fica em uma região de grande concentração de veículos e conta com a circulação diária de mais de 50 mil pessoas.

Antes, a extinta linha “UFSC semidireto” levava quase uma hora para contornar o local em direção ao centro nos picos de engarrafamento. A estimativa é que, com a utilização do corredor exclusivo, o tempo tenha diminuído em pelo menos 15 minutos.
“Todo sistema pra ser atrativo, precisa ter velocidade comercial. Além de melhorar o aproveitamento da própria frota, diminuir o tempo de deslocamento é um ganho de qualidade de vida ao usuário, e consequentemente, mais um motivo pra ele utilizar o ônibus. Com um corredor exclusivo temos isso: a priorização do transporte coletivo dentro da mobilidade urbana de uma região”, destaca Cofferri.
Mais integração 54e2o
Desde 2014, o Plamus (Plano de Mobilidade Urbana da Grande Florianópolis) estuda o assunto e tenta viabilizar maneiras de melhorar o fluxo de trânsito. São quase dez anos de pesquisa, e uma certeza: mobilidade é substantivo coletivo.
“Os municípios mais populosos e conurbados da Grande Florianópolis se constituem como uma única cidade. Não tem como pensar isoladamente, é um núcleo urbano consolidado. E o transporte precisa ser tratado desse mesmo jeito: com integração”, afirma Werner.
Para a Metropolis, o transporte coletivo é um grande condutor da mobilidade urbana “porque faz o transporte de massas, reduzindo o número de carros particulares nas ruas. Mas para ele ser, de fato, eficiente, precisamos de protagonismo, de políticas públicas para sua priorização e integração”, finaliza Cofferri.