Construído no século 18, Forte de Santana guarda histórias da Ilha de Santa Catarina u3aw

Estrutura projetada para proteger a Ilha de invasões em 1763 será restaurada e aberta ao público 3e1e4j

O ano é 1763. Florianópolis era Vila de Nossa Senhora do Desterro e ainda não contava com a grande estrutura que, quase dois séculos depois, se tornaria o principal cartão postal da cidade: a ponte Hercílio Luz.

Foi por volta desse ano, aponta grande parte dos historiadores, que se deu a construção do Forte de Santana do Estreito, localizado na avenida Beira-Mar Norte, em um ponto estratégico da costa Oeste da Ilha de Santa Catarina, no encontro das baías Norte e Sul.

Forte de Santana, na cabeceira insular da ponte Hercílio Luz – Anderson Coelho/NDForte de Santana, na cabeceira insular da ponte Hercílio Luz – Anderson Coelho/ND

Além de fazer parte da história do sistema defensivo, o Forte reserva uma das mais belas paisagens da cidade e um ângulo privilegiado para apreciar o pôr do sol e a ponte Hercílio Luz, construída em 1926 e que está em fase final de restauração.

Reforço na proteção da Ilha de Santa Catarina 6o681u

O Forte de Santana, projetado pelo engenheiro militar José Custódio de Sá e Faria, faz parte de um segundo momento do sistema defensivo da Ilha.

A missão da artilharia, com dez bocas de canhão distribuídas ao longo da plataforma, era proteger a Vila de Desterro das embarcações inimigas, em particular das esquadras espanholas que por aqui navegavam.

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Segundo o arquiteto e urbanista Roberto Tonera, membro da Coordenadoria das Fortalezas da Ilha de Santa Catarina, da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), o primeiro momento do sistema defensivo teve início em 1739, com a construção de três fortalezas – Santa Cruz de Anhatomirim, São José da Ponta Grossa e Santo Antônio de Ratones. As três guardavam a entrada do canal Norte da Ilha.

Além dessas, a fortaleza Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba, posicionada em uma ilhota entre a praia de Naufragados e a praia do Sonho, defendia o extremo Sul da vila de Desterro.

Planta do Forte de Santana do Estreito de 1822 – Reprodução/Acervo Iphan/Fortalezas.org/NDPlanta do Forte de Santana do Estreito de 1822 – Reprodução/Acervo Iphan/Fortalezas.org/ND

Entre 1762 e 1763, por determinação do Marquês de Pombal (1750-77), foi feito um levantamento das defesas da Ilha, erguidas pelo engenheiro militar Brigadeiro José da Silva Paes.

A vistoria concluiu que se as fortalezas da barra Norte fossem vencidas, Desterro estaria desprotegida. Essa foi a razão para a construção do Forte de Santana, na ponta da Ilha mais próxima ao Continente.

Por volta de 1793, a defesa seria reforçada com a construção do Forte de São João do Estreito, no Continente.

De desembarque de Dom Pedro I a ‘socorro’ contra epidemias 23n6

O Forte de Santana teve diversos usos e funções ao longo de sua história, sendo desativado em 1907.

De acordo com Tonera, além do trabalho de defesa, o Forte abrigou a Escola de Aprendizes Marinheiros (1857); a Companhia dos Inválidos (1876), quando ou por reforma e reforços em sua artilharia; o serviço de Polícia do Porto (1880); e uma estação meteorológica do Ministério da Agricultura (1912).

Registro do Forte Santana da ponte Hercílio Luz – Anderson Coelho/NDRegistro do Forte Santana da ponte Hercílio Luz – Anderson Coelho/ND

Tonera comenta ainda que, em 1825, o Forte teria sido usado até mesmo para o desembarque de Dom Pedro I, durante uma visita do imperador ao Sul do Brasil.

Outro episódio marcante foi durante a Revolução Federalista de 1893, ocorrida no governo de Floriano Peixoto, quando a guarnição do Forte Santana trocou tiros com esquadra rebelde.

Na segunda metade do século 19, a Ilha foi assolada por epidemias de cólera e febre amarela, momento em que o Forte foi adaptado para servir como enfermaria militar, abrigando os doentes e impedindo que eles entrassem na Vila.

O arquiteto conta que, nesse período, o controle sanitário dos tripulantes das embarcações que avam pela região era feito por mar, já na Fortaleza de Anhatomirim.

“As pessoas ficavam em observação e quarentena, aguardando a doença se manifestar ou não. Os fortes eram utilizados dessa forma porque ficavam isolados e também por uma questão de segurança militar e saúde pública. As doenças poderiam acabar com a população inteira, tanto militar, como civil”, diz Tonera.

Forte de Santana no século 20 2e1932

De acordo com o engenheiro mecânico aposentado da Casan Átila Alcides Ramos, na primeira década do século 20 foi desenvolvido o projeto do primeiro sistema de saneamento e energia elétrica de Florianópolis.

Em 1910, foi construída a usina de Maruim, em Palhoça, que se destacou pelo abastecimento do primeiro sistema de iluminação pública da cidade.

Vista do Forte de Santana e do canal do Estreito, por volta de 1900 –  Reprodução/Conrado Goeldner/Acervo Antonio Miranda/Fortalezas.org/NDVista do Forte de Santana e do canal do Estreito, por volta de 1900 –  Reprodução/Conrado Goeldner/Acervo Antonio Miranda/Fortalezas.org/ND

Ramos conta que cabos submarinos levavam energia da usina para uma central de distribuição e tratamento de esgoto construído ao lado do Forte de Santana. Esse procedimento foi feito até 1965, quando foi desativado e o esgoto ou a ser lançado nas baías.

O Forte esteve ocupado por construções irregulares até 1969, quando ou a ser restaurado.

Segundo Roberto Tonera, o velho quartel foi a primeira fortificação do Estado a ser restaurada, por meio de uma parceria entre o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e a prefeitura de Florianópolis.

Em 1938, foi tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, abrigando, desde 1975, o Museu de Armas Major Lara Ribas, istrado pela Polícia Militar de Santa Catarina.

De acordo com o coronel do Exército Wilson Soares Junior, da 14ª Brigada de Infantaria Motorizada, o Forte de Santana está sob jurisdição do Exército Brasileiro desde 2 de fevereiro de 1977. Em 1985, o uso da estrutura foi cedido à PM.

Forte de Santana construído por volta de 1763 – Anderson Coelho/NDForte de Santana construído por volta de 1763 – Anderson Coelho/ND

Conforme o tenente-coronel da PM Reginaldo Rocha de Souza, em 2014 foram iniciadas as tratativas para a renovação do termo de cessão de uso, que expirou em outubro de 2016.

Desde a data, o Museu de Armas se encontra fechado por causa de uma pane elétrica na estrutura, segundo o coronel da PM.

No dia 1º de agosto de 2019, o Diário Oficial da União publicou a autorização de concessão do uso da área do Forte de Santana em favor da PM de Santa Catarina.

2019 e o projeto de restauração 1a1y72

Está em andamento a licitação para a restauração do Forte de Santana, com a intervenção de R$ 2,3 milhões no imóvel. Os recursos são provenientes do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Segundo Liliane Nizzola, superintendente do Iphan-SC, será feita uma requalificação do espaço externo com ibilidade, paisagismo e sinalização indicativa.

Liliane Nizzola, superintendente do Iphan/SC – Anderson Coelho/NDLiliane Nizzola, superintendente do Iphan/SC – Anderson Coelho/ND

“Hoje não conseguimos ver nenhuma identificação do forte na avenida Beira-Mar Norte. Vamos ampliar o espaço de entrada e colocar sinalização para que quem a pela avenida possa ver onde fica o Forte de Santana”, diz Nizzola.

Espaço para pessoas 2b1w5y

O projeto prevê, também, a instalação de um café e banheiros. “A ideia é que as pessoas sentem, permaneçam e possam usufruir do espaço, que tem uma vista sensacional da ponte Hercílio Luz e da baía Norte. O café vai trazer mais o público e incrementar o turismo do local”, comenta a superintendente.

O Museu de Armas Lara Ribas, segundo Liliane, também deve ser reaberto em breve pela PM.

O Forte funcionará diariamente, de forma gratuita, e o estacionamento público ará por uma modificação. O plano é que ônibus de turismo fiquem estacionados no píer próximo à fortificação.

Após o término do processo licitatório, o Iphan-SC estima um prazo de 12 meses para a conclusão das obras.

Forte de Santana (visto a partir da Ponte Hercílio Luz) durante as obras de restauração, ocorrida em 1969 – Reprodução/Cyro Corrêa Lyra//Fortalezas.org/NDForte de Santana (visto a partir da Ponte Hercílio Luz) durante as obras de restauração, ocorrida em 1969 – Reprodução/Cyro Corrêa Lyra//Fortalezas.org/ND
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