Beatriz Linhares da Silva, 18, começou a se interessar por ginástica rítmica espiando as acrobacias de uma vizinha da sacada de casa. Hoje, é uma das 10 atletas mais jovens a representar o Brasil na Olimpíada de Tóquio, no Japão.
A ginasta manezinha começou aos nove anos na Adiee (Associação Desportiva do Instituto Estadual de Educação). Com talento nato, foi para a equipe de Florianópolis e, depois, para a seleção brasileira.

“Sempre penso em dar o meu melhor. Treinamos muito, então, estamos muito bem preparadas. Confio muito no nosso trabalho. Eu tento deixar a cabeça o mais calma possível, não buscar a pressão da competição, de fora, e fazer o meu melhor dentro da quadra”, disse a ginasta em entrevista ao programa SC no Ar.
Há três anos, Bia vive em Aracaju, Sergipe, onde treina de oito a dez horas por dia no Centro Nacional de Treinamento de Ginástica Rítmica. Entre as conquistas da jovem atleta, uma medalha de ouro e duas de bronze no Pan-Americano de Lima, no Peru, em 2019.
Depois, a vitória no Pan-Americano de Ginástica no Rio de Janeiro, decidida no detalhe contra as mexicanas, que trouxe a credencial para os Jogos Olímpicos.
“Eu estava sempre presente, não faltei uma competição e sempre a incentivei a ficar no esporte”, conta a mãe, Carolina Linhares de Mesquita, que é de Natal, Rio Grande do Norte.

“Ela está muito feliz e sempre fala: mãe, estou vivendo o meu sonho”, detalha Carolina, que está com o fuso trocado para manter contato com Beatriz no Japão.
“Sempre foi uma menina muito talentosa. Veio com ela esse talento. Uma postura diferenciada, um brilho no olhar diferente e uma vontade enorme de ser uma grande atleta”, lembra a treinadora da Adiee, Maria Helena Kraeski.
Segundo ela, quando Beatriz estava no final da categoria infantil, começou a ser observada pelos dirigentes da seleção e, quando fez 15 anos, fez uma seletiva. Não deu outra! Bia foi chamada e virou titular.
Celeiro de atletas 5e3z58
Oito ginastas da Adiee já fizeram parte da seleção brasileira. Bia é a segunda a ir para a Olimpíada, repetindo o feito de Luisa Matsuo (Pequim 2008).

“É uma satisfação e uma emoção muito grande ver mais uma menina que saiu do projeto e nutriu o sonho de ser uma ginasta de Olimpíada chegar lá. Estamos no caminho certo, conseguindo formar grandes nomes da ginástica brasileira”, diz, com orgulho, Maria Helena.
Atualmente, ela ensina cerca de 300 meninas na Adiee. A prioridade é para alunas do Instituto Estadual, mas as meninas da comunidade podem participar quando sobra vaga. Além da ginástica, tem dança, futebol de salão, basquete, voleibol e handebol, por exemplo.
Na opinião de Maria, a ginástica rítmica está em grande desenvolvimento e o país pode pleitear vaga na final. “O Brasil tem condições de fazer uma apresentação bonita e mostrar sua evolução”, aponta a treinadora.

A equipe brasileira está treinando na cidade de Hamamatsu. As meninas viajam para Tóquio no próximo sábado (31). O país não se classificou para a disputa individual na ginástica rítmica, somente em conjunto. Beatriz e a equipe tentam a vaga para a final no dia 7 de agosto. A disputa por medalha será no dia seguinte.