Um paradigma que a jovem atleta Natália Pereira quebrou há quatro anos, em Florianópolis, agora é regra em todo Brasil. Em 2019, a jovem jogadora, que hoje treina na base feminina do Corinthians, teve a chance de treinar e participar de competições com os meninos do Leão. Foi uma exceção, mas, a partir de agora, outras meninas podem vivenciar o mesmo.

Na quarta-feira (8), a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) regulamentou competições de futebol mistas no Brasil. Com isso, elas podem participar de equipes masculinas e participar de competições antes reservadas para homens. A autorização fica a critério das entidades que organizam os campeonatos, mas a CBF fará campanhas para que a mudança seja efetiva.
A medida vale desde a base até o amador adulto. A exceção é o profissional, que continua como está. O futebol feminino, vale destacar, permanece exclusivo para mulheres.
Visando diminuir, também, a diferença física nos campeonatos mistos, a mudança permite que jogadoras em faixas etárias específicas joguem com garotos menores. Meninas de 17 anos, por exemplo, podem participar de torneios com meninos de até 13 anos.
Observador do Flamengo, Marcelo Pereira, que trabalhou 11 anos nas categorias de base do Avaí, vê a mudança com bons olhos. “Para a inclusão das meninas, acho muito importante, porque elas têm poucas competições e as existentes são de 14 anos para cima”, comentou Pereira.
“Para as maiores, não vejo possibilidade, porque quando o menino se torna pré-adolescente, o nível de força é muito diferente. Mas essa iniciativa oportuniza que as meninas disputem competições de alto nível para que depois sigam no feminino”, completou.
Ainda conforme Pereira, a tendência é que o nível técnico do futebol feminino suba, porque os meninos têm um nível técnico mais alto. “Além disso, hoje, muitas desistem porque só têm incentivo do futebol a partir dos 15 anos. No Flamengo, temos meninos desde os sub-6. No Avaí, desde o sub-8”, afirmou Pereira.

Mãe da atleta Nati Pereira, Karyna Pereira também celebrou a mudança. “O Brasil tem muitas meninas habilidosas, com talento nato, que não têm um time feminino na cidade para jogar. Essas meninas nem sempre têm o apoio dos pais ou condições de ir aos grandes centros para buscar uma oportunidade e jogar numa base”, comentou Karyna.
“Essa oportunidade vai fazer com que muitas tenham condições de jogar e lutar pelo seu espaço, a tal equidade tão falada nos últimos tempos”, completou.