Vivendo a maior crise financeira de sua história centenária, o Figueirense entrou com um pedido de recuperação extrajudicial junto à Vara Regional de Recuperações Judiciais, Falências e Concordatas de Florianópolis.
O documento de 35 páginas, assinado por cinco advogados, alega que o clube corre risco de encerrar suas atividades imediatamente caso não consiga paralisar a execução de suas dívidas.

O objetivo do clube é que haja o impedimento de cobranças por 30 dias para que haja uma “reorganização financeira”. O Furacão pede a aprovação em caráter de urgência. A diretoria do clube confirmou que entrou com a medida em nota oficial divulgada na tarde desta sexta-feira (12).
Redução no orçamento 3625g
O rebaixamento à Série C do Campeonato Brasileiro reduziu para apenas R$ 8 milhões o orçamento anual do clube.
“Após meses de rigorosos estudos, readequações, simulações e projeções financeiras, é com certo dissabor que se constata: o Figueirense, instituição centenária de destaque no desporto brasileiro, não possui condições de continuar a sua operação-futebol sem o auxílio de um procedimento que lhe permita renegociar seu endividamento ado de maneira organizada, global e com proteção dos seus ativos”, diz um trecho do documento.
Outro trecho do documento aponta o valor mensal gasto pelo clube, somando o Figueirense FC e a Figueirense Ltda. O primeiro tem uma folha de pagamento na faixa de R$ 150 mil, enquanto a empresa paga o valor de R$ 60 mensais. No entanto, outros R$ 120 mil a título de tributos também entram na conta final do clube.
Dívida se aproxima dos R$ 200 milhões 692i6q
A dívida total do clube gira na casa do R$ 165 milhões. O pedido de recuperação aponta que deste valor, R$ 100 milhões se referem a dívidas trabalhistas e dívidas com fornecedores, empréstimos e indenizações cíveis.

“O Figueirense não será capaz de continuar a operação-futebol, sendo obrigado a abandonar campeonatos em curso, incidindo em penalidades por parte da Justiça Desportiva local e/ou da Justiça Desportiva de âmbito nacional”, afirma o clube.
“Fator Elephant” 4p3j1e
Entre os fatores que causaram o endividamento do clube, o Furacão cita a gestão da Elephant. A empresa chegou em 2017 para gerir o clube, porém a situação financeira se agravou ainda mais até a saída da mesma em setembro de 2019.
“O fato é que a gestão temerária da Elephant nos anos anteriores e os desafios impostos pela pandemia da Covid-19 acabaram por armar uma ‘bomba relógio’ e, sem pecar pelo excesso, esta bomba é capaz de fazer implodir a estrutura que vem sendo engendrada pelo Figueirense”, diz o documento.
Na gestão da Elephant, houve falta do pagamento de alimentação e transporte para os jogadores da categoria de base, cortes no plano de saúde, além de fornecedores deixando de prestar serviços.
Em agosto de 2019, os atletas da equipe profissional entraram em greve devido aos atrasos salariais e no recolhimento do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).

Após mais uma promessa não cumprida por parte da direção, os jogadores se recusaram a entrar em campo na partida contra o Cuiabá, pela Série B do Campeonato Brasileiro daquele ano. A equipe mato grossense venceu a partida por W.O.
Clube aposta no apoio do torcedor 13136m
Em outro trecho do documento, o clube cita que a tendência ao abrandamento dos efeitos da pandemia (com o retorno do torcedor ao estádio), além da alavancagem do Sócio Torcedor são razões “mais que suficientes para se acreditar que a situação de crise experimentada hoje é momentânea e, principalmente, reversível.
O pedido de recuperação do Figueirense é assinado pelos advogados Luiz Roberto Ayoub, Pedro Teixeira, Filipe Guimarães e Pablo Cerdeira, do Rio de Janeiro, e Ana Paula Barbato, de São Paulo.
A tentativa judicial é feita três meses antes do centenário do clube, que acontece no dia 12 de junho.