Pensando em debater sobre as discriminações e aprender com a diferença, os estudantes da EEB (Escola de Educação Básica) José Maria Cardoso da Veiga, em Palhoça, participaram da Semana da Diversidade — momento aberto para a discussão sobre prevenção a todas as formas de violências e o respeito à pluralidade de pessoas dentro do espaço escolar.

A ação foi organizada pela orientadora educacional Juliana Lamas Souza, com auxílio de estudantes do Ensino Médio e Fundamental, e membros do NEPRE (Núcleo de Educação e Prevenção às Violências na Escola).
“A escola é um espaço muito diverso, no entanto, nem sempre essa diversidade é respeitada. Compreendemos como prioridade o trabalho de prevenção a todas as formas de violências e o respeito à diversidade dentro do espaço escolar. Para isso o foco deve ser as ações discriminatórias que levam aos conflitos, xingamentos, intimidações e humilhações”, explica a orientadora educacional Juliana Lamas Souza.
De acordo com a orientadora, é essencial que a escola trabalhe os tipos de preconceitos que, na maioria das vezes, resultam em ações discriminatórias e ameaçadoras – podendo resultar em violência física ou verbal.
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Para aproximar os estudantes do tema diversidade, as 21 turmas envolvidas no projeto estudaram a fundo o assunto, por meio de debates, mesas redondas e produção de materiais para divulgação na escola e também nas redes sociais.
A ação abordou cinco tipos de preconceitos: étnico racial; religioso; sexual; com PcD’s; e estético. Ao final do evento, todos os estudantes receberam um folder explicativo sobre cada uma das discriminações.
A temática escolhida para o primeiro dia do evento foi o “Preconceito Étnico Racial“, quando os estudantes puderam discutir sobre os tipos de racismo – institucional, estrutural, recreativo, individual, ambiental, religioso etc.
Para a realização do debate em sala de aula foram selecionadas cinco perguntas e citações da filósofa Djamila Ribeiro, diferentes para cada turma. Os alunos debateram ainda a invisibilidade de autores negros e foram levados a identificar atitudes racistas presentes no dia a dia, assim como refletir sobre comportamentos que podem auxiliar no combate ao racismo.
No segundo dia do evento, a temática trabalhada foi o Preconceito Religioso. Cada turma recebeu uma matéria/notícia/reportagem diferente sobre preconceito religioso e mais quatro perguntas para serem debatidas em sala com a sua turma.
Na aula seguinte, momento em que ocorria o debate, o representante de cada turma, além de responder as perguntas conforme a discussão da turma, fazia um breve relato da notícia lida pela turma, dessa forma todos os estudantes tinham o aos materiais.
Os estudantes foram levados a conhecer a diversidade religiosa, identificar intolerância religiosa no dia a dia e refletir sobre a importância do respeito para o fim da discriminação.
“A Semana da Diversidade foi um ótimo momento na escola onde nós tivemos a oportunidade de conversar, debater e aprender sobre os diferentes tipos de preconceito, bem como toda essa gama de diversidade que temos no nosso país e no mundo. É essencial em nossa sociedade que tenhamos o a esse tipo de conhecimento de forma ível, para estarmos evoluindo todo dia e combatendo todo tipo de preconceito”, diz Willian Welter, estudante do terceiro ano do Ensino Médio.

O terceiro dia do evento trouxe a discussão sobre preconceito sexual. Cada turma recebeu cinco perguntas iguais e um depoimento diferente trazendo um relato de LGBTfobia. Além do preconceito relacionado à orientação sexual, os depoimentos também abordaram a discriminação relacionada à identidade de gênero.
A mesa redonda foi importante pois possibilitou uma conversa sobre a relevância da educação sexual no espaço escolar e o tabu sobre o assunto, ainda é muito presente em nossa sociedade. Os alunos foram informados sobre a diferença entre orientação sexual e identidade de gênero e levados também, a identificar comportamentos preconceituosos e considerar mudanças necessárias.
“Foi simplesmente um dos melhores, se não o melhor evento que esta escola nos proporcionou. Foi incrível em todos os detalhes possíveis, seja nos argumentos usados, a forma com que cada um expressou seu modo de pensar, diálogos amistosos, e um ótimo compartilhamento de ideias. Foi maravilhoso fazer parte deste evento”, destaca a aluna Agatha Oliveira (nome social), do 1º ano do Ensino Médio.
Preconceito relacionado a pessoas com deficiência foi a temática debatida no quarto dia do evento. As turmas receberam quatro perguntas e uma reportagem atual que aborda o preconceito com pessoas com deficiência em nossa sociedade para discussão em sala.
Durante a mesa redonda, além de responder as perguntas debatidas em sala, os representantes de turma também comentaram as reportagens recebidas para que as outras turmas também tivessem o às informações.
O debate abordou atitudes e comportamentos capacitistas, assim como as barreiras que dificultam o o às pessoas com deficiência, sejam elas atitudinais, arquitetônicas, comunicacionais, instrumentais ou pedagógicas.
E para encerrar a Semana da Diversidade, no último dia da ação, o debate foi sobre preconceito estético e suas consequências. Para o debate e mesa redonda sobre preconceito estético, os estudantes foram levados a refletir sobre o “padrão de beleza” ao longo da história.
Cada turma recebeu cinco perguntas e um texto diferente abordando como era o “padrão de beleza” de determinado período histórico, levando a reflexão de como esse modelo vem sendo modificado ao longo dos anos.
Na contextualização desse debate foi discutido o papel da mídia e das redes sociais na reprodução desses padrões e como a busca pela estética “perfeita”, muitas vezes inalcançáveis, podem levar a sérios problemas como bulimia, anorexia, vigorexia e transtornos alimentares. Os alunos puderam refletir sobre atitudes individuais e coletivas que podem contribuir para a quebra desses padrões.
“Durante a semana da diversidade, eu percebi o quanto os estudantes e professores tinham questões parecidas com as minhas, e foi incrível participar dessa semana e ver também como alguns alunos realmente pareciam interessados no que tínhamos a dizer, tudo foi muito bom”, conta Ana Beatriz da Silva, aluna do 3º ano do Ensino Médio.
Clique aqui e confira a apresentação completa do projeto sobre a Semana da Diversidade.