Mudar de país e começar a vida em uma nova nação é uma missão que exige coragem e iniciativa, independentemente da razão. Em Navegantes, a chegada dos imigrantes está modificando a forma como a educação é apresentada para aqueles que, muitas vezes, estão conhecendo a Língua Portuguesa e o estilo de vida dos brasileiros.

No caso das irmãs Vicky Wu, 13, e Nicoly Wu, 11, ambas no quarto ano, que vieram da China, a alfabetização está sendo um processo desenvolvido em parceria com a professora Adriana Prestes Furtado e a agente de educação Letícia Jurado no CEM (Centro Educacional Municipal) Professora Maria Regina Gazaniga da Costa. Nascidas em Lages, as duas se mudaram para o país de origem da família durante a infância.
Com o retorno na adolescência, o desafio com o dialeto trouxe para a unidade uma provocação compartilhada, seja com o corpo docente ou com os próprios amigos.
O primeiro contato com o português seguiu o mesmo percurso da alfabetização das crianças: primeiro apresentando as letras, sílabas e palavras.
Mas um recurso foi primordial para potencializar o ensino: a tecnologia. “Temos notebook para trabalhar com elas e o celular. Usamos muito para traduzir, usamos o Google, até descobrir que não é qualquer chinês que elas entendem, é o chinês simplificado”, conta Letícia.
Aos poucos, com auxílio da turma e a proximidade com os amigos, o falar e o escrever foram ficando mais fáceis, habilidades que foram objeto de iração até mesmo pela família. “Foi gratificante ver as provas bimestrais sendo feitas sem tradução, que antes traduzíamos tudo, agora não houve necessidade. Para nós foi maravilhoso”, menciona Adriana.
Mais que decorar as regras ou compreender a ambiguidade de algumas palavras, as novas moradoras também aprenderam a conversar com os brasileiros, desenvolvendo laços que permeiam a rotina escolar.
“As crianças foram conversando, criando amizade. Elas conversam muito bem, então foi muito na conversação, foi no dia a dia que elas foram aprimorando”, declara a agente de educação, que enaltece a facilidade no aprendizado.
Além de compreender o funcionamento das frases e das regras linguísticas e gramaticais, a proximidade com outra cultura também foi utilizada para apresentar aquilo que faz parte dos costumes — seja na música ou nos nomes próprios.
Exemplo disso foi a atividade com a música “Fico assim sem você”, canção de Claudinho & Buchecha, apresentada na voz de uma imigrante chinesa.
No ato de aprender e ensinar, a turma ou a elevar o nível na Matemática e nos desenhos, práticas que Nicoly e Vicky seguem com maestria. Fãs dos cálculos e da Educação Física, as duas também ajudam no aprendizado de quem já estava na unidade.
“A palavra é gratificante. Você se orgulha de estar fazendo a diferença na vida delas, a preocupação foi muito grande, o aprendizado, porque a gente quer sempre ar algo para criança, e chinês é uma coisa que pensei que seria quase impossível”, diz a professora Adriana.
Para quem acompanha o desenvolvimento das meninas e da equipe, fica nítido o poder do ensino. “Esses desafios me encantam. Tenho uma certeza que esse momento é de aprendizagem mais para nós do que para elas. Esse desafio me faz crescer, faz com que eu me ache nesse universo da educação. Quando existem os desafios você cresce, os seus desafios vão sendo superados e você começa a acreditar”, destaca a diretora Lilian Simone Costa de Souza, que acompanha o trabalho feito em sala junto com o supervisor Charles Soares e a orientadora Nayara Beatriz.
Por mais que os desafios façam parte da transformação, os números indicam uma crescente quando o assunto são imigrantes que escolheram o Brasil como destino.
De acordo com dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública, divulgados no projeto “2011-2020: uma década de desafios para a imigração e refúgio no Brasil”, o país contava com 1,3 milhão de imigrantes, com destaque para os venezuelanos, haitianos e colombianos — mudanças políticas, ambientais e sociais são algumas das causas.
Estudantes de todos os Estados e países 6v1b1n
Além de Nicoly e Vicky, outros cinco imigrantes vieram de diferentes países e estão matriculados no CEM Professora Maria Regina Gazaniga da Costa, como Rolandixmar Dines Fernandez Rodriguez (Venezuela), Ginou Jean (Haiti), Dariethxy Alexandra Castillo Salas (Venezuela), Isabela Munoa de Leon (Cuba) e Jhoany Oxley Lima (Uruguai).
As professoras Keyla Silvano Memória Souto Rodrigues, Miozete Zimmermann e Camila Agnes, junto com os agentes de educação Juliana Silva, Pamela Motta Lopes e Emílio Burgo, são os responsáveis pela alfabetização e trabalhos desenvolvidos com as turmas.
Além daqueles dos imigrantes, a unidade também conta com 101 estudantes de outros Estados e 60 alunos de outras cidades de Santa Catarina. No caso da Rede Municipal, existem outros estudantes que estão aprendendo em Navegantes. Confira os dados:
- Cuba: 9
- Paraguai: 4
- Argentina: 8
- Colômbia: 2
- Uruguai: 3
- Venezuela: 58
- Haiti: 31
- EUA: 3
- Costa Rica: 1
- China: 1
- Bolívia: 2
- Peru: 1
- Equador: 1
Imigrantes ou migrantes? 3f2q3s
Por mais que a grafia seja parecida, existem diferenças quando o assunto é o significado. Isso porque os imigrantes são aqueles que mudam de país com a intenção de morar em um novo local, tanto por conta de uma oportunidade de trabalho quanto por mudanças na educação.
Já o migrante é aquele que muda de Estado, mas permanece na mesma nação. Mesmo que as justificativas sejam as mesmas — trabalho, educação, saúde ou família —, a diferença está no local de origem de cada um.
Curiosidades de outros países 61173g
É fato que cada nação tem a sua forma de conviver, pautada nas crenças e nos costumes. Entretanto, é fato que existem curiosidades que permeiam o modo de vida, tornando-se características. Quer saber mais? Então confira algumas curiosidades dos países:
Cuba e os Patrimônios da Humanidade
Localizado na América Central e Caribe, o país possui nove locais declarados como Patrimônios da Humanidade pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura): Centro Histórico de Havana Velha, Centro Histórico de Trinidad, Valle de los Ingenios, Valle de Viñales, Castillo San Pedro de la Roca, Parque Nacional Desembarco del Granma, Parque Nacional Alejandro de Humboldt, Centro Histórico Urbano de Cienfuegos e Centro Histórico da cidade de Camagüey.
Haiti e a língua oficial
Também no Mar do Caribe, na América Central, o país é um dos poucos da América que tem como língua oficial o francês — outro idioma é o crioulo, falado por muitos haitianos.
Antigamente, os nativos eram os taínos, povo que chamava a terra de “Ayti”, termo que deu origem ao nome que conhecemos atualmente. O significado é “Terra de Montanhas”.
Uruguai e a representatividade no futebol
Engana-se quem pensa que o Brasil é a única seleção com história no campo. Quando o assunto é futebol, o Uruguai, nosso vizinho, possui feitos que ficaram marcados na história, incluindo ser a primeira campeã da Copa do Mundo (1930) — o segundo caneco veio em 1950.
Venezuela e sua grande cachoeira
Você já parou para pensar como seria conhecer a maior cachoeira do mundo? O monumento, conhecido como Cachoeira Angel, fica na região Sudoeste da Venezuela.
Descoberta em 1933, a opção chama a atenção pela altura, fazendo parte do Parque Nacional Canaima, que também é um Patrimônio da Humanidade, reconhecido pela UNESCO.
China e sua variedade linguística 1v6128
Conhecida por ser uma língua característica, o chinês conta com diversas variações, dependendo de cada região do país.
Enquanto a Capital, Pequim, dialoga no mandarim, que é considerada a língua oficial, outras partes do país conversam em cantonês ou sichuanês, por exemplo. A variedade mostra o valor linguístico e a forma como cada um prefere se comunicar.