Quando você pensa em um cientista, qual é a imagem que vem à cabeça? Atualmente, a imagem do cientista homem já divide espaço no laboratório com as cientistas mulheres. Conheça as histórias de uma cientista, uma doutora, uma menina que observa asteroides e uma empresária do agronegócio.

A equipe do Já é Mané foi até o Departamento de Química e de Física da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) para conhecer o projeto de extensão Meninas na Ciência. Lá, a doutoranda em Química Thebny Moro estava realizando um experimento. “A gente está fazendo a síntese de nanopartículas paládio que vão ser utilizadas no desenvolvimento da minha tese”, explicou.
“No nosso laboratório, a gente é mais voltado para análise ambiental. A minha tese é direcionada para a análise de resíduos da indústria de óleo e gás, onde a gente procura desenvolver metodologias para ver quais são os contaminantes que possuem ali e poder dar um destino correto para esse resíduo”, disse Thebny. A futura doutora é de Jaraguá do Sul. Em 2013, veio estudar Química. Terminou o curso, fez mestrado e agora doutorado.
A segunda parada da equipe do Já é Mané foi o planetário da UFSC, onde estava a estudante Rosa Maria Miranda. Com apenas 14 anos, ela já descobriu sete asteroides e dá um show de inteligência e simpatia.
“Quando a gente entrou em quarentena, foi muito difícil para todo mundo, mas eu tentei ressignificar tudo aquilo e comecei a me especializar em física. Aí, eu conheci os cursos do professor Alexandre Zabot, aqui da UFSC, e comecei a fazer os cursos dele de astrofísica, astronomia astronáutica, cosmologia e fui gostando cada vez mais do assunto e me envolvendo em seminários, congressos, projetos todos relacionados ao setor aeroespacial”, contou a adolescente.
Rosa Maria é natural de Florianópolis. Interessada por astronomia, ela participou do projeto Caça Asteroides e descobriu sete possíveis asteroides. A adolescente enviou os relatórios para a universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e agora aguarda a confirmação de sua descoberta. “Está ando por uma análise mais detalhada e depois, se tudo der certo, eu posso sugerir um nome pra União Artonômica”, afirmou Rosa Maria.

Ainda na UFSC, a equipe do Já é Mané conversou com a professora e coordenadora do projeto de extensão Meninas na Ciência, Gabriela Kaiana Ferreira. Segundo ela, “o projeto acontece desde 2020 e tem como objetivo combater os estereótipos sobre a presença de mulheres em áreas e carreiras nas ciências exatas, tecnologias e engenharias”.
Além disso, o projeto tem outros grandes objetivos: “Desmistificar a visão do que é um cientista, da imagem de um cientista, do que é a ciência, de como a ciência é feita e, principalmente, incentivar as meninas da educação básica e as mulheres em geral a buscar carreiras na área das exatas”.
O Já é Mané conversou ainda com a CEO da ManejeBem, uma startup do agronegócio liderada por três mulheres, Juliane Blainski. “A ManejeBem é uma startup que desenvolve tecnologias para inteligência de desenvolvimento de comunidades rurais. Através da tecnologia, a gente visa levar assistência técnica, coletar informações sociais, econômicas, ambientais e agronômicas a fim de desenvolver pequenos produtores”, explicou ela.
Para que isso aconteça, a empresa desenvolveu um aplicativo para celulares. A tecnologia cada vez mais presente também para o pequeno produtor. Conforme Juliane, “é um aplicativo chamado ManejeChat que basicamente, para o produtor, é um chat de comunicação entre produtor e técnico. É um técnico agrícola que vai tá a disposição pra uma assistência técnica remota”.
A cientista, a estudante, a doutora e a empresária do agronegócio. Todas destaques em suas áreas, mas que em algum momento sofreram preconceito por estarem em ambientes masculinos.
“O agronegócio ainda é predominantemente liderado pelo sexo masculino, mas a gente tem visto a importância da mulher. Tanto na propriedade auxiliando ou mesmo tocando as terras, para pequenos produtores é muito comum”, ressaltou Juliane.
Gabriela contou que “tem muito preconceito. Eu já sofri vários tipos de preconceito com relação ao fato de ser mulher, à minha idade, à maneira como eu me expunha perante as pessoas falando da minha ciência ou da maneira como eu faço ciência”.
“Isso não define absolutamente nada do que a gente é capaz de desenvolver e fazer aqui dentro [do laboratório] com qualidade”, defendeu Thebny.
Veja a reportagem completa do Balanço Geral Florianópolis!