Pensar nos próximos anos sem levar em consideração as evoluções que devem surgir é quase impossível. Diante de uma sociedade que está acostumada a trocar ferramentas, aparelhos e informações, o futuro é conectado, seja no mundo real ou nos tantos outros que estão sendo criados, como o multiverso. Prova disso é o ChatGPT – mecanismo que promete modificar a produção e construção de textos.

Por mais que a solução tenha sido criada em novembro de 2022, os debates e discussões sobre o assunto estão surtindo efeito em 2023. Seja pelo medo da transformação no mercado de trabalho ou nos impactados na educação, a verdade é que a inteligência artificial já está entre nós há muito tempo — agora é preciso conciliar o real e o virtual!
O que é ChatGPT? 395g3q
Você já pensou como seria criar uma redação em poucos minutos ou ter uma resposta completa sobre determinado assunto apenas com uma pergunta?
Feito a partir da inteligência artificial, o ChatGPT foi criado para facilitar as tarefas, sendo capaz de criar uma conversa com o usuário. A formulação das frases é feita com o auxílio de um banco de linguagens e dados, construindo e entregando algo que ainda não é ofertado por outras plataformas: uma resposta extensa e explicativa, com interações diferentes para cada internauta.
O fato de manter a comunicação com o usuário avaliando a questão que está sendo feita é o diferencial. Enquanto os outros chatbots são programados para responder automaticamente, o ChatGPT armazena a intensão de busca, oferecendo mais do que a resposta objetiva.
“Isso faz com que o ChatGPT entenda perguntas complexas e gere respostas em uma linguagem muito fluida e natural para nós. O que é diferente das ferramentas de busca atuais, que geram listas de links e pequenos resumos. Mesmo os assistentes atuais, como a Alexa e a Siri, tem modelos de linguagem ainda muito limitados”, opina o professor da CESAR School, João Magalhães.
ChatGPT e o futuro da educação 4z1j3l
Se a inovação será capaz de mudar o mercado de trabalho e outras tarefas da rotina, a educação seguirá o mesmo caminho. Isso porque agora os alunos conseguem obter resultados quase que completos para os temas debatidos em sala de aula. Mas como o uso do ChatGPT pode contribuir com o aprendizado?
É fato que professores e estudantes estão acostumados a buscar na internet a solução para alguns dilemas, mas contar com s mais complexos precisa acender um alerta: os plágios e cópias indiscriminadas.
“Estamos engatinhando no que diz respeito ao uso das tecnologias digitais. Quando pensamos no papel da escola enquanto formadora de cidadãos aptos para inteligar com o mundo no qual estão inseridos, temos que falar também em formá-los para utilizarem as ferramentas digitais”, opina a professora integradora de mídias e metodologias (PIMM) da rede municipal de ville, Monica Asquino.
A educadora trabalha com ferramentas digitais no ensino, incluindo um trabalho sobre chatbots que desenvolveu em 2017 com a terceira série do Ensino Médio. O foco era ensinar sobre programação. E mesmo que a inovação tenha chegado para mudar o aprendizado e a comunicação, a profissional enxerga a importância de avaliar as informações.
“Mesmo o ChatGPT prometendo ter ‘todas as respostas’, precisamos ser críticos em relação ao que recebemos. Por isso que eu acho que hoje só o conhecimento não é suficiente. É necessário saber o que fazer com ele, ou seja, devemos sair da posição de consumidores para a posição de ‘prossumidores’: aprender, produzir e divulgar.”
A professora integradora de mídias e metodologias (PIM) Katia Monica Verdim Eggert, da Rede Municipal de ville, também trás para dentro da escola as novas tecnologias. Com o sexto ano do Ensino Fundamental, o chatbot foi uma forma de trabalhar o pensamento computacional. Para ela, o foco é o mesmo de Monica: checagem dos dados.
“Pensando que a ferramenta pode dar respostas aos alunos e que muitas vezes essas respostas podem estar erradas, até pela falta de alguém para verificar a veracidade das informações inseridas nela, penso que pode ser mais um problema que uma solução”, declara Katia.
É fato que o uso ainda deve ser avaliado, levando em consideração alguns limites e qual será a política adotada nas escolas. O primeiro o está na relação com o digital, possibilitando que a turma aprenda com a ferramenta sem ser refém da tecnologia. O pensar precisa ser exercitado.
“A ferramenta pode fazer parte do letramento digital do estudante. Compreender como funciona, aprender a utilizar e entender que nem sempre ela será a ferramenta mais viável faz parte do processo”, afirma a professora Katia.
Se o cenário atual apresenta opções digitais, talvez o futuro amplie as possibilidades, com alternativas que podem incluir assistentes digitais de ensino e de estudo, pelo menos para o professor João Magalhães.
“Ferramentas como o ChatGPT exigem uma elevação no nível de ensino para um pensamento crítico mais apurado, visto que, virtualmente, todas as respostas de conhecimento existentes vão estar ao alcance dos alunos. Torna-se muito mais importante fazer as perguntas que levam ao descobrimento de novas informações e o olhar crítico de avaliação dessas respostas”, expõe o docente.
Chatbots: a ascensão da inteligência artificial 6ch5d
Quando pensamos na definição de chatbot, logo vem à mente aquele robô que é capaz de conversar com humanos. Criados para atender clientes e facilitar a comunicação na hora das compras pela internet, por exemplo, o retorno instantâneo é o resultado da inteligência artificial.
Mas desde quando a humanidade começou a pensar nessa tecnologia? Os primeiros estudos surgiram na década de 40, mas o mecanismo foi aprimorado nos últimos anos, com soluções específicas e algumas opções de chatbots. Confira:
Baseado em regras
O modelo costuma ser usado na triagem de atendimentos, já que as respostas são programadas e a ferramenta é capaz de atender determinadas demandas ou perguntas. Sem um vocabulário extenso, a programação pode ser focada em questionamentos simples, com s pautados em números.
Criado com a inteligência artificial
A opção conta com um diferencial: esse modelo permite que o chatbot possa aprender por meio da interação com os usuários, ampliando a coleta de referências e a performance — é como se o usuário fosse capaz de aprender com o robô e vice-versa.
Vantagens x desvantagens dos chatbots 6j4v4r
É preciso estar atento, afinal, as novas ferramentas não possuem apenas pontos positivos. Assim como tudo na vida, o uso incorreto pode trazer malefícios.
Alguns dos aspectos positivos são que esse tipo de programa facilita atividades e melhora a comunicação entre empresas e clientes, identificando dúvidas. Entretanto, como o software é baseado em um banco de dados, oferece uma comunicação limitada e não é capaz de substituir um funcionário humano.
No caso do ChatGPT, como se trata de uma inteligência artificial com funções específicas e não de atendimento aos consumidores, possui benefícios e pontos negativos diferentes.
Apesar de ser uma automação de tarefas e ter uma maior produtividade — como na tradução de idiomas e na criação de longos textos —, as informações fornecidas pelo chatbot podem conter dados incorretos e tendenciosos.
Além disso, precisam de constante revisão para manter as pesquisas atualizadas, já que não possuem o às referências em tempo real.
ChatGTP pelo mundo: quais são as proibições e liberações em outros países? 3t1c2c
Justamente pelos danos causados na educação, algumas instituições pelo mundo já vem proibindo o uso do chatbot. Estudantes e funcionários vinham usando a ferramenta para trapacear nos estudos e no trabalho.
Universidades na América do Norte e na Europa já se moveram para buscar soluções para combater o uso do software tal qual rever os métodos de ensino em sala de aula. A universidade sa Sciences Po, uma das melhores do país, proibiu o uso dos chatbots baseados em inteligência artificial, evitando cópias e fraudes.
Já nos Estados Unidos, um professor da Universidade de Northern Michigan descobriu o uso da plataforma na construção de uma redação.
Ao analisar o ChatGTP, o docente mudou a abordagem, com mais trabalhos feitos em sala de aula e browsers que restringem o o ao chatbot. Outras instituições também estão priorizando atividades feitas à mão, reduzindo trabalhos em casa, além dos testes orais.
Fora das unidades de ensino, a Amazon alertou seus funcionários sobre a inteligência artificial, mas agora por outro motivo: o compartilhamento de informações confidenciais da empresa.
O que esperar dos chatbots no futuro? 6x6u3r
Segundo artigo publicado pelo Centro de Pesquisa e Consultoria de Mercado Juniper Research, o número de aplicativos com o software saltará de 3.5 bilhões para 9.5 bilhões, de 2022 a 2026. A tendência é que mais empresas adotem o método e otimizem a comunicação com os clientes para marcar presença no mercado atual.
Muitos softwares são recentes e ainda estão em suas versões iniciais. As principais perspectivas das mudanças futuras são a personalização das interações — para diminuir a robotização e ampliar a humanização —; adotar o Processamento de Linguagem Natural (PLN) para aperfeiçoar a adaptação das respostas; expandir as funcionalidades e aumentar a precisão e rapidez das soluções.
O processo de atualização do ChatGPT já está em andamento. Em um anúncio divulgado no dia 30 de janeiro deste ano, a desenvolvedora do programa, OpenAI, assegurou que a nova versão deve cometer menos erros e analisar melhor questões matemáticas, além de identificar textos escritos por inteligências artificiais.
E já existem outras empresas que estão de olho na evolução do mercado. “É o caso do Google, com o lançamento do Bard, uma ferramenta similar ao ChatGPT com a promessa de consumir menos recursos computacionais. Quanto mais empresas de renome fizerem parte dessa corrida, mais rápido poderemos ver a evolução da chamada inteligência artificial generativa”, salienta o desenvolvedor de software e head do Lab 365 do Senai, Henrique Blanck.
Por mais que seja um desafio decretar qual será o futuro, uma coisa é certa: homens e máquinas estarão cada vez mais conectados. “Sempre que nós, humanos, consideramos o futuro da IA, essa pergunta aparece: os robôs vão roubar nosso emprego? A maioria dos especialistas concorda que os humanos ainda serão uma parte necessária da força de trabalho, pelo menos por muito tempo”, completa Henrique.
Presença garantida nas redes sociais 2r3k6t

A ferramenta também está causando discussões nas redes sociais. A influencer Camila Coutinho utilizou o Instagram para fazer uma reflexão das últimas notícias e conteúdos que despertaram a atenção dos internautas.
Temas como a série Black Mirror, a farofa da Gkay, o ChatGPT e as demissões em massa foram questionados pela famosa. O foco foi a evolução da tecnologia e como as ferramentas poderão mudar a vida em sociedade nos próximos anos, seja no relacionamento ou no mercado de trabalho.
Com a possibilidade de ver o trabalho humano sendo substituído por robôs, como ficará a saúde mental? Qual será a fonte de renda da maioria? É possível imaginar um futuro sem profissão? A provocação também instigou alguns internautas que aproveitaram o espaço para debater sobre o limite entre o online e o offline.